Judiciário

MPE investiga pagamentos de R$ 42 milhões; secretário fala em operação eleitoreira

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MPE investiga pagamentos de R$ 42 milhões; secretário fala em operação eleitoreira
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A empresa 20/20 Serviços Médicos S/S recebeu um total de R$ 42,7 milhões da Secretaria de Saúde de Mato Grosso, nos últimos três anos, segundo dados do portal Mira Cidadão. Responsável pelos procedimentos oftalmológicos da Caravana da Transformação, a empresa foi alvo da Operação Catarata, do Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, nesta segunda-feira (3).

Segundo o Mira Cidadão, a 20/20 recebeu do governo R$ 5,4 milhões em 2016, quando foram realizadas três caravanas. Em 2017, foram R$ 22,1 milhões e oito caravanas. Em 2018, o valor foi de R$ 15,1 milhões até o momento, com duas caravanas. Ao acatar o pedido do Ministério Público Estadual (MPE), a juíza Célia Vidotti suspendeu o contrato e novos pagamentos à empresa.

Motivação eleitoral

O secretário de Saúde, Luiz Soares, viu motivação eleitoreira na operação. O governador Pedro Taques (PSDB) é candidato à reeleição e a Caravana é o principal programa do seu governo. O Núcleo de Defesa do Patrimônio Público é coordenado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança Pública no governo de Taques e autor da denúncia dos grampos ilegais.

“É um contrato antigo, de 2016, que rodou esse tempo todo sem nenhuma visão de denúncia. Em época de eleição, há todo tipo de denúncia. Acho que deve mesmo ser investigado”, declarou Luiz Soares à imprensa. “Mais de 70 mil pessoas foram atendidas em todo o Estado, gente que estava perdendo a visão e com certeza estão muito gratas”, disse.

O assessor especial da Secretaria de Saúde, Wagner Simplício, também viu motivação eleitoreira. “Sem dúvida, não somos crianças para não imaginar que tem fundo eleitoral muito forte. Mas independentemente do momento eleitoral, estamos à disposição dos órgãos de controle”, afirmou. “O papel da secretaria é oferecer livre acesso a todos os documentos. Estamos aqui para ajudar na garantia da transparência”, disse.

Questionado pela imprensa, Simplício negou possibilidade de o governo ter pagado por “cirurgias fantasmas”. Ele disse que são gerados protocolos para todos os pacientes, que passam também pela regulação.

“A Secretaria fez controle da vigilância sanitária e inspeções em toda a documentação de todos os pacientes, para que não houvesse nenhuma cirurgia fantasma ou cirurgia que não justificasse. É dinheiro público e temos que ter cuidado. Foram mais de 50 mil cirurgias só de catarata, e vai chegar a mais de 200 mil papéis para eles investigarem”, disse, acrescentando que forneceria toda a documentação ao Gaeco.

Operação Catarata

A assessoria do MPE informou que foram cumpridos mandados em Cuiabá e Ribeirão Preto (SP), onde fica a sede da empresa 20/20.  O promotor Mauro Zaque informou que o objetivo da operação é apurar “fatos graves na execução do contrato da Caravana da Transformação no tocante aos serviços de oftalmologia”.

A juíza Célia Vidotti determinou também a suspensão do contrato e o pagamento de quaisquer valores à empresa, e decretou também o bloqueio de bens do secretário Luiz Soares e do proprietário da empresa.

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