Ednilson Aguiar/ O LIVRE
Depois de quatro horas prestando depoimento na sede da Polícia Judiciária Civil (PJC), o coronel Evandro Lesco deixou o local rumo ao 3º Batalhão da Polícia Militar onde segue preso.
Na ocasião, o advogado Stalyn Paniago que patrocina a defesa de Lesco e da sua esposa, Helen Christy, afirmou que ambos “assumiram suas responsabilidades”.
À imprensa, Paniago destacou que as investigações são sigilosas e que apenas as autoridades policiais podem dar maiores esclarecimentos. Mas, adiantou que na tarde desta terça-feira, 10, os clientes revelaram novos fatos aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Henrique Stringueta.
“Apenas assumiram a responsabilidade daquilo que eles têm conhecimento e envolvimento”, disse ao sair do Complexo na Miranda Reis.
Minutos depois de Lesco, a personal trainer Helen Christy deixou o prédio do Complexo com a cabeça coberta por um pano. Com roupas diferentes das que trajava quando chegou para depor, Helen deu a volta pelos fundos do prédio para entrar na viatura e voltar ao presídio Ana Maria do Couto.
O caso
As defesas do coronel e de sua esposa solicitaram a nova oitiva, contudo, não adiantaram à polícia as informações que seriam reveladas. Até então, ambos negavam participação nos crimes.
De acordo com o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o militar seria um dos financiadores do escritório montado para realização das interceptações telefônicas ilegais.
Por meio de sua esposa, Lesco ainda teria atuado para obstruir as investigações. A Operação Esdras da PJC mostrou que o grupo envolvido nos grampos teria cooptado o tenente-coronel José Henrique Costa Soares para gravar Perri em seu gabinete, com o objetivo de lançar dúvidas sobre a imparcialidade do magistrado. Soares teria sido coagido a participar depois de ser ameaçado com a divulgação de informações sobre uma dependência química e uma sociedade empresarial incompatível com a função militar. Ainda teria sido oferecida uma promoção ao tenente-coronel para convencê-lo a gravar o desembargador.
Durante a operação também foram presos os ex-secretários Paulo Taques, Rogers Elizandro Jarbas e Airton Benedito Siqueira. Além deles, o sargento João Ricardo Soler, o major Michel Ferronato, e o empresário José Marilson da Silva também foram presos – Marilson foi libertado depois de colaborar com as investigações.