Uma construção centenária em meio a uma área abandonada. Esta é a situação da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte hoje. Ela está no centro da Praça Antônio Correa, em Cuiabá, e tem seu esplendor ofuscado pelo mato, árvores sem poda e até do esgoto, que mina em uma das calçadas diuturnamente.
O empresário Jorge Filho, 64 anos, tem uma ótica nas imediações e diz que a situação é preocupante pelo fato de o local ser um dos pontos históricos da cidade.
Bancos estão quebrados, fizeram a interdição do estacionamento como blocos de concreto, o mato toma conta dos canteiros e até mesmo a fonte – antigamente, um atrativo – não resistiu e acabou soterrada.
“É uma vergonha para a população. Estamos em uma área tombada, com tudo quebrado e bagunçado”, afirma.
O vazamento do esgoto, segundo o empresário, deixa um odor fétido no ar. Os resíduos correm 24 horas por dia. Ele relata que a empresa de saneamento chegou a ir ao local, porém apenas jogou terra sobre o ponto, o que não resolveu.
“Quando tem feira aqui, os agricultores nem conseguem ficar muito tempo, por conta do cheiro”.
De onde veem as rachaduras
O historiador Suelme Fernandes é um estudioso da igreja e sempre está envolvidos com a comunidade em busca de melhorias. Ele conta que as rachaduras vistas no piso e nos arredores da construção foram causada por um estacionamento, acompanhado de lava-jato clandestino, que estava instalado na frente da Igreja.
Ele conta que depois de conversas com a Prefeitura de Cuiabá e com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos (SMTU), a comunidade conseguiu um bloqueio paliativo, com blocos de concreto.
Havia a intenção de se fazer uma cerca ou algo parecido, porém, por ser uma área tombada, qualquer construção segue ritos burocráticos que demandam tempo, o que não havia por conta da situação.
Nas tratativas com a prefeitura, relata Suelme, também tinha se estabelecido a limpeza da área, com a poda das árvores – tanto na copa como na raiz -, já que elas estão comprometendo os calçamentos e ameaçam a igreja.
Ainda ficou estabelecido que haveria um nova iluminação, por conta da segurança pública, o que não foi feito. Vale lembrar que as tratativas foram em meados do ano passado.
Situação interna do prédio
O padre Edimilton Motta assegura que o prédio, em si, apresenta uma boa condição estrutural, porém requer uma manutenção urgente do telhado, que apresenta goteiras.
Com relação as árvores, ele afirma que já entrou em contato com a prefeitura e um dos problemas é que as raízes procuram por água, então elas seguem em direção ao banheiro e demais partes do sistema hidráulico da igreja.
No que diz respeito às plantas, que nascem nas paredes, o padre relata que o Corpo de Bombeiros é sempre acionada para retirá-las, mas com o tempo, elas retornam.
Problemas da modernidade
Trânsito, barulho, aglomeração de pessoas e demais situações trazidas pela urbanidade têm comprometido as construções históricas. Não é apenas a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte que foi afetada pelo trânsito intenso, a Igreja Nossa Senhora dos Passos também.
No caso dela, a situação é ainda mais grave, tendo em vista que fica localizada às margens de uma via de grande fluxo, a rua Voluntários da Pátria.
Por dentro da igreja, é possível ver uma espécie de “barriga” na parede que faz lateral com a rua. Em outros pontos, existem rachaduras que preocupam a comunidade.
Contudo, no local, as tratativas para a tão sonhada reforma estão em andamento, em parceria com a Prefeitura. O padre Deusdédit Monge explica que foram realizados estudos de solo e um projeto já está em elaboração.
Ele conta ainda que existem projetos para a área, com a criação de um museu de arte sacra, o que traria mais movimento de pessoas para igreja. Por enquanto, não existe uma definição das datas, mas a realização do estudo é um começo.
O que diz a Prefeitura?
A Prefeitura de Cuiabá informou, por meio de nota oficial, que, com relação ao esgoto no entorno da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, o Município tem trabalhado para universalizar e resolver, de forma definitiva, a demanda de saneamento básico de toda a cidade.
No caso específico da localidade, um técnico vai até o local para averiguar que medida paliativa pode ser adotada para minimizar o transtorno, até que um rede coletora seja construída.
Quanto à construção da Igreja da Boa Morte, a Prefeitura afirma que ela é tombada pelo Governo de Mato Grosso, portanto, cabe a ele a avaliação das condições estruturais do imóvel e devidas providências.
Já as demandas relativas à praça, a nota diz que, caso seja comprovada a necessidade de poda ou de retirada de alguma árvore do local, o município a realizará prontamente, mediante solicitação, que deve ser encaminhada para a Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb), contato pelos telefones (65) 3645-5500 e (65) 9 9299-6710.