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Vegetarianos e veganos se organizam para ampliar opções

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Vegetarianos e veganos se organizam para ampliar opções

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Veganos e vegetarianos

 

O engenheiro civil Carlos Francisco Xavier, 32 anos, era daqueles que não conseguia imaginar um almoço sem que não houvesse carne no prato. Cuiabano, veio de uma família que, até hoje, mantém a tradição de organizar churrasco aos domingos, faça chuva, sol ou frio. As coisas começaram a mudar há três anos, pouco a pouco, depois de, por influência da esposa vegetariana, passar a reduzir o consumo de carne.

“Primeiro foi a segunda-feira sem carne. Depois, a quarta-feira e sexta-feira. Quando fui perceber, em pouco menos de seis meses já não estava mais comendo carne no meu dia a dia”, contou.

Desde então, há dois anos Carlos não sabe mais o que é ingerir um alimento com carne, “incluindo peixe”, e se diz bem com a escolha. “A Débora, minha esposa, sempre falava dos animais. Confesso, porém, que a minha decisão foi tomada por questões de saúde mesmo. Me sinto mais disposto, leve e mais magro. O paladar também mudou, acho que está mais apurado”, detalhou.

O engenheiro talvez não saiba, mas faz parte de um grupo crescente no Brasil: o das pessoas “convertidas” a vegetarianas já na fase adulta.

Dados revelados pelo Ibope em 2012 (levantamento mais recente), indicam que cerca de 16 milhões de pessoas no Brasil são vegetarianas e 6 milhões são veganas – que não ingerem nenhum alimento de origem animal. Do grupo de vegetarianos, aproximadamente 70% pararam de consumir qualquer tipo de carne entre 20 e 30 anos.

Em Cuiabá, capital do estado que possui o maior rebanho bovino do país (por volta de 30 milhões de cabeças, sendo que cerca de 80% é absorvido pelo consumo interno), a comunidade vegetariana e vegana têm se organizado cada vez mais para fazer o movimento se expandir.

Vegnique
Há uma semana, representantes locais da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), entidade que atua desde 2003 promovendo o vegetarianismo como uma opção alimentar ética, saudável e sustentável, organizaram uma reunião no Parque Mãe Bonifácia para o primeiro piquinique vegano, ou vegnique, como preferem chamar. O encontro, organizado pelas redes sociais, é uma forma de os adeptos do estilo de vida se conhecerem, e claro, trocar receitas. 

No cardápio, bolinho de banana com canela, de milho com goiabada, camponata de berinjela e pães de grão (amendoim, gergilim, orégano, chia), patês, risoles de legumes, bolo com cobertura de chocolate e sucos naturais. A intenção é de que os encontros aconteçam com mais frequência. 

“Pelo que estudei para Cuiabá o melhor é ‘adjojar’ [juntar] quem pensa igual. Penso que o ponto forte é divulgar as opções veganas e vegetarianas para que haja inclusão desse pessoal, e para que não-vegetarianos vejam que é possível, saudável e gostoso. Que reconheçam que [o veganismo/ vegetarianismo] é uma posição ética”, afirmou Cecília dos Santos, uma das coordenadoras do núcleo local da SVB.

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Veganos e vegetarianos

 

Ela contou que o grupo, além das reuniões para troca de saberes, está fazendo um mapeamento dos locais da cidade que já oferecem comida vegetariana e vegana, “como também dos que querem oferecer”.

“A Sociedade Vegetariana Brasileira dá assessoria a restaurantes que buscam incluir tais opções no cardápio, desenvolvendo gratuitamente os pratos, junto com o perfil local”, detalhou. “A questão é unir voluntários com o mesmo objetivo e fomentar essa ideia. Queremos ainda oferecer palestras, oficinas, cursos e outras atividades que englobam saúde, culinária, agricultura, sustentabilidade e meio ambiente”, reiterou Cecília.

Todas as iniciativas, como também datas para os próximos encontros, podem ser acompanhadas na página do grupo no Facebook.

A SVB em Cuiabá também possui planos de desenvolver oficinas sobre horta urbana, cursos de preparação de terra e plantio e cultivo de alimentos orgânicos, além, é claro, de mais piquiniques no parque. 

“Pensamos em feijoveg, oficina culinária, enfim, o que pudermos fazer para pensamos sobre nossa alimentação e mobilizar simpatizantes”, concluiu.

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