As ruas já começam a ser ocupadas e o interesse pelas eleições aumenta a cada dia. No plano nacional, o caldeirão começou a ferver antes mesmo do início da propaganda eleitoral gratuita, que só tem início no próximo sábado.

Fora os debates já realizados, as entrevistas com os 4 principais candidatos a presidente, nos seus 27 minutos de Jornal Nacional, dão aos mesmos uma exposição que é mais do que o dobro da audiência de todos os debates e entrevistas realizados até agora. Ciro gaguejou. Teve um resultado ruim por não conseguir, entre outras coisas, explicar as declarações de devolver o Judiciário e o MP à caixinha, como se estivessem agindo fora do seu papel constitucional, algo que soou como desapoio à Lava Jato, orgulho da maioria dos brasileiros. Pior ficou quando reafirmou fé cega no presidente do seu partido, o PDT, Carlos Lupi, garantindo-lhe, se eleito, qualquer cargo que ele queira na República, por ser probo e honesto. Assustou-se quando lhe foi apresentada, ao vivo, a ficha corrida do indivíduo, que ele alegava desconhecer. Foi mal. Salvou-se ao final quando pode discorrer sobre ações de governo que implantaria, se eleito. Entre elas o SPCiro.

Na noite de ontem (28), Bolsonaro foi a estrela. Para a grande maioria dos que achavam que ele seria triturado pela bancada do Jornal Nacional, foi frustrante. Ainda não foi dessa vez. Ele não só enquadrou quem o entrevistava, mas também, mais uma vez, colocou saia-justa na Rede Globo, ao relembrar o apoio de Roberto Marinho à Revolução de 1964. Foi necessário, ao fim do Jornal Nacional, a divulgação de um editorial justificando erros que o grupo teria cometido no passado, assim como ocorrera na entrevista ao canal Globo News. O ataque que sofreu de Renata Vasconcelos não o fez perder votos, pelo contrário, pois seu eleitorado cativo e outros indecisos adoraram a sua reação contra os entrevistadores.

[featured_paragraph]Todos analistas políticos não contestam mais a cristalização de seus votos, na faixa de 22%. É o voto declarado de um sentimento que bate forte na população que deseja que valores deixados de lado nos governos da esquerda voltem a ser praticados novamente: respeito à família, respeito à autoridade, inconformismo com a proteção a bandidos, a chamada “ideologia de gênero”, que representa o conceito que sustenta a identidade de gênero.[/featured_paragraph]

Durante a entrevista, Bolsonaro tentou mostrar a publicação do chamado “Kit Gay”, material de cunho supostamente educacional para crianças e que teria sido distribuído em escolas e bibliotecas do país durante o governo petista de Dilma Rousseff. Foi impedido, mas atingiu seu objetivo: hoje está estampado em todos os jornais e sites.

Direita e esquerda

Bolsonaro, mesmo não ganhando a eleição, representa a volta do pensamento da direita que a esquerda passou a ocupar, majoritariamente, em uma aliança PT/PSDB, cada dia mais clara, a ponto de FHC defender uma união entre esses partidos para impedir que o Capitão chegue à vitória em um eventual enfrentamento no segundo turno. Hoje já está bem claro na cabeça da população que PT e PSDB se completam.

Nesse cenário, surge um nome novo. João Amoêdo, do Partido Novo, que é conhecido apenas pela parcela mais escolarizada da população. É o candidato com forte atuação nas redes sociais e que mais cresce nas buscas do Google. Amoêdo vai perder ganhando, pois é a iniciativa liberal de maior sucesso nas ultimas décadas. Nas pesquisas já divulgadas começa a aparecer e já está empatado, tecnicamente, na modalidade espontânea, com candidatos como Ciro, Alckmin e Marina, à frente de Haddad. É o que mostra pesquisa recente feita pela consultoria XP Investimentos.

Nesta terra do cuiabano Manoel Wenceslau Leite de Barros, reconhecido como um dos grandes poetas brasileiros, o pano eleitoral, com o início da campanha pra valer, começa a cair. Os entendimentos feitos às escuras surgem e confirmam que tudo é um jogo onde todos estão dentro do mesmo balaio. Cada um para si e o demônio para todos.

A juíza aposentada Selma Arruda apresenta-se como a salvadora da moral e da ética, mas não consegue explicar uma campanha que faz sem os partidos e candidatos de sua aliança – chegou a pedir voto para o Procurador Mauro, do PSOL -, mas quer, ainda que através da justiça, um tempo de TV igual ao de Nilson Leitão, algo que pelo seu comportamento na campanha não faz por merecer, além de ter que explicar a acusação do cabo Gerson na “Grampolândia Pantaneira”, de que ela sabia do esquema e chegou, inclusive, a participar.

Taques, governador candidato à reeleição, ainda empunhando a bandeira da moralidade, acusa seus adversários de estarem sendo apoiados por Silval Barbosa. Agora chegou a sua vez. Começa a ter de explicar delações homologadas de Alan Malouf, seu coordenador financeiro de campanha, que afirma ter doado 10 milhões em caixa 2 para sua eleição, e de seu ex-secretário Permínio Pinto afirmando que ele conhecia o sistema corrupto que corria dentro da SEDUC, além do já citado cabo Gerson que o acusa de ser, com seu primo, o dono das escutas ilegais.

Wellington, de olho nos votos e na busca de melhorar nas pesquisas, parte para o ataque a Mauro Mendes, acusando-o de ser corresponsável pela gestão desastrosa de seu antigo aliado e que os dois representam as mesmas ideias. A vitória de qualquer um dos dois em nada mudará o estado atual de coisas. Em resposta, ouviu de Mauro Mendes que, olhando por esse lado, Wellington seria o responsável pela roubalheira do governo Silval Barbosa por ter, além de tê-lo apoiado na eleição, participado ativamente do governo, com a indicação da maioria dos cargos. É por essas e outras que o eleitor não quer votar em mais ninguém. Está cheio das baixarias, enquanto que soluções concretas e realizáveis para tirar Mato Grosso da UTI em que se encontra não são apresentadas. É tudo mais do mesmo.

A partir do próximo sábado começa a guerra no rádio e na TV. A partir daí é que poderemos avaliar, de fato, se conseguirão tirar o eleitor do desânimo, da descrença e motivá-lo para ir às urnas em 7 de outubro.

*Ricarte de Freitas
Advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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