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Um dia com o Exército: vivemos a experiência de ser soldado brasileiro

Em comemoração ao Dia do Soldado, e em homenagem a todos que dedicam suas vidas a servir, o LIVRE passou um dia com o Exército

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Um dia com o Exército: vivemos a experiência de ser soldado brasileiro

No dia 25 de agosto de 1803, nascia Luís Alves de Lima e Silva, que um dia se tornaria Duque de Caxias, o patrono do Exército Brasileiro. Em homenagem ao militar que ficou conhecido como “O Pacificador” – visto que tentava sempre evitar as guerras – no Brasil o 25 de agosto se tornou o Dia do Soldado.

Em comemoração à data e em homenagem a todos que dedicam suas vidas a servir, o LIVRE passou um dia no 44º Batalhão de Infantaria Motorizado, o Laguna, para mostrar um pouco do trabalho e da dedicação dos nossos nobres soldados.

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Brasil – um país de paz

Fomos recebidos no 44º BIM pelo coronel Nilberti Viana Gramosa, o comandante da unidade. Filho de militar, ele, que já possui 27 anos no Exército, sempre quis seguir carreira. Nascido no Paraná, morou em vários lugares do Brasil acompanhando o pai por onde ele servia. Entrou na carreira do Exército em Campinas (SP), na Escola Preparatórias de Cadetes, e depois na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).

Oficial de Infantaria por escolha, serviu em diversas organizações militares. Veio para Cuiabá pela primeira vez em 2003, onde atuou no 44º Batalhão por três anos, comandando uma subunidade. Em 2016, depois de realizar o concurso e o Curso de Estado Maior, foi nomeado comandante do Batalhão Laguna durante o biênio 2017 e 2018.

Um dia com o Exército
(Foto: Ednilson Aguiar / O Livre)

O Comandante Gramosa disse que, embora o Brasil seja um país de paz, o Exército tem várias missões constitucionais, sendo a principal delas a defesa da Pátria. Para isso, os militares precisam estar sempre prontos para apoiar os órgãos de segurança.

Então, mesmo que o país não esteja em guerra, o Exército está sempre preparado para servir caso haja a necessidade. E, enquanto não há, são empregados em missões constitucionais de apoio à segurança e “garantia da lei e da ordem”, à exemplo a greve dos caminhoneiros, em maio deste ano, em que a Polícia do Exército foi acionada.

O Exército Brasileiro também age na faixa de fronteira, em conjunto com os órgãos de segurança pública, para coibir delitos fronteiriços.

“Então, apesar de nós não estarmos em guerra, a defesa necessita que a gente se mantenha preparado. Porque para a gente formar um soldado, ensinar ele a realizar o seu trabalho como elemento de defesa constituinte do próprio Exército Brasileiro, que é uma missão específica, a gente precisa de tempo”, disse o coronel Gramosa.

Ser militar – um dom e um pendor

Para o comandante Nilberti Viana Gramosa, ser militar é um dom que exige muita aptidão e amor por servir.

“Acredito que é um pendor, as pessoas têm de gostar de um aspecto que é muito importante e muito caro ao ser humano, que é a servidão. A pessoa precisa querer ter a vontade de se doar. Dizem que a servidão é um dos bens mais caros do ser humano, por isso que eu acho que além de dom, o militar precisa ter uma aptidão, precisa gostar daquilo que está fazendo”, disse o coronel.

Um dia com o Exército
(Foto: Ednilson Aguiar / O Livre)

Ao completar 18 anos, todo jovem brasileiro do sexo masculino precisa se alistar e, até hoje, muitos ainda temem o alistamento obrigatório. Para Gramosa, isso é o medo do desconhecido.

“Se algum jovem tem medo ao se alistar, ou mesmo a iniciar o serviço militar, é só o medo do desconhecido. Aqueles que já conhecem um quartel do serviço militar, ou descobrem como ele é prazeroso, perdem esse medo ao longo do tempo”, afirmou.

Segundo o comandante, 100% do efetivo do 44º Batalhão – formado por 641 militares – é voluntários. E, atualmente, o número de jovem que querem servir chega a exceder a capacidade da unidade.

O Laguna ainda possui um Núcleo de Oficiais de Reserva, uma unidade formadora de oficiais temporários que servem todo o Comando Militar de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esses oficiais temporários podem permanecer no Exército por até oito anos.

Os militares que quiserem permanecer mais do que oito anos e seguir carreira, precisam prestar concurso, que pode ser para sargento combatente, logístico, ou de áreas específicas, como engenharia, saúde, direito e psicologia.

História do 44º Batalhão de Infantaria Motorizado

A história do Batalhão Laguna se confunde com a de Mato Grosso. Ela teve início em 1842, com a criação do Batalhão de Caçadores Provisório, que tinha a missão de guarnecer a Província de São Paulo e, mais tarde, também de Minas Gerais.

Foi durante a guerra entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), que ele veio para Mato Grosso pela primeira vez, para defender o Estado contra a invasão paraguaia, em 1864. A unidade chamava 21º Batalhão de Infantaria.

Na tentativa de avançar sob o território paraguaio, o major José Thomas Gonçalves, primeiro comandante do Batalhão – que possui até um busto na unidade – vai até a Fazenda Laguna, do ditador Solano Lopes, onde acreditava ter alimentos e que também seria uma conquista muito importante para a Tríplice Aliança.

“Mas tendo em visto um erro de avaliação e não existir mais alimentos – os animais que alimentavam a tropa -, eles decidem retornar dessa Fazenda Laguna. Aí surge uma epopeia chamada Retirada da Laguna, que dá o nome histórico à nossa unidade”, contou o comandante Gramosa.

Um dia com o Exército
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Essa sucessão de eventos durante a saída dos brasileiros do território paraguaio, trouxe-os de volta para Mato Grosso. As dificuldades enfrentadas ao retornarem para proteger os materiais e o povo brasileiro, fizeram com que o então imperador Dom Pedro II ressaltasse o heroísmo desses militares, os colocando como uma tropa aguerrida.

“Isso fez com que a nossa unidade ganhasse um título dado pelo imperador Dom Pedro II, que é ‘constância e valor’. Inclusive ele instituiu uma medalha chamada ‘constância e valor’ após essa guerra da Tríplice Aliança. E nessa unidade até hoje a gente tem que manter esse mesmo espírito”, disse o comandante.

Depois do avanço da Tríplice Aliança, o Batalhão retornou a Cuiabá, em 1869, para proteger Mato Grosso de uma possível invasão. Em 1908, foi transferido para Corumbá, onde recebeu a nominação de 13º Regimento de Infantaria, quando Mato Grosso ainda não havia sido dividido.

Em 1920, a unidade retorna a Cuiabá – onde atualmente é o Sesc Arsenal – e se torna o 16º Batalhão de Caçadores, o 16º BC, carinhosamente chamado por todos de Batalhão dos Cuiabanos. E, em 1942, a sede atual, no Bairro Duque de Caxias, foi inaugurada, com a presença do então presidente Getúlio Vargas.

Um dia com o Exército
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Ele continuou por muito tempo com o nome de 16º BC, mudando para 44º Batalhão de Infantaria Motorizado em 78, depois da divisão do Estado. E, por ser “herdeiro” da unidade que participou da Batalha Laguna, seguiu com o apelido.

“Então realmente não tem como dissociar a história de Mato Grosso e dessa unidade, que foi uma das primeiras a vir aqui para defender a então província de Mato Grosso”, disse o comandante Gramosa.

Uma homenagem do LIVRE a todos aqueles que dedicam suas vidas a servir ao Brasil.

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