Em 2015, quando Ana Luisa tinha apenas um ano, o hoje soldado da Polícia Militar Erick Hans Sampaio Bohrer, 30 anos, precisou se separar da mãe de sua filha. A guarda da menina ficou com ele.

A surpresa, que poderia assustar muitos homens, transformou a vida de Erick, mas ele garante: para muito melhor.

A história parece a de muitas famílias brasileiras, só que ao contrário. A mãe de Ana Luísa precisava trabalhar e estudar e, por isso, pediu que o pai ficasse com a guarda da menina.

Erick enfrentou o desafio de coração aberto, colocando Ana Luísa em primeiro lugar em tudo. Nada mais nada menos do que um grande pai faria.

Após quatro anos morando com o pai e vendo a mãe uma vez por semana, Ana não titubeia ao dizer: “ele é meu herói”. Hoje, a menina pensa em seguir os passos dele e se tornar policial, embora o “plano A” ainda seja ser juíza quando crescer.

Por enquanto, Erick aposta nas redes sociais para mostras as habilidades de “digital influencer” da pequena. Tudo dentro de um certo limite, ele destaca.

Pai policial

Aos poucos a rotina rígida de policial se transformou e Erick precisou entrar de cabeça “mundo cor de rosas” para criar a filha. Coisas como arrumar o cabelo, que muitas mães fazem “com uma mão nas costas”, foram difíceis de aprender.

Ele também teve que moderar a linguagem, sempre alertado pela sua mãe – avó de Ana Luísa – que agora estava lidando com uma “mocinha”.

Só uma coisa obriga Erick a pedir ajuda da família: os plantões da Polícia Militar que o obrigam a passar 24 horas fora de casa.

“Plano A” de Ana Luísa é ser juíza. Mas o pai já sonha em vê-la um dia como policial militar (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Mas ele garante que quando Ana Luísa era menor, ele queria tomar conta de tudo: banho, trocar de roupa, mamadeira e colocar para dormir.

Hoje, os dias de folga de Erick são totalmente voltados à criação da filha. Nos plantões, o celular ajuda a manter o contato. E o amor pela menina, mantém o policial ainda mais atento aos riscos da profissão.

“Quando entro de serviço, penso que tenho que voltar porque tenho ela, pequena ainda. Esse é meu maior medo. Chego à pensar mesmo”, disse ao LIVRE.

Ana Luisa retribui o carinho. Sustenta que não tem do que reclamar de morar só com o pai. Ou melhor, quase nada. Ela sente falta dele nos dias de plantão na Polícia Militar de Mato Grosso.

Outro exemplo de soldado é a relação que mantém com a ex-companheira. Segundo ele, a convivência é boa e a menina já se adaptou a ver a mãe só uma vez na semana.

“Achei que ela iria sofrer um pouco mais, mas ela se adaptou. Temos uma relação boa,  bem compartilhada. Não temos problemas que outros casais têm quando se separam”.

Fatos chocantes

Na rotina de policial militar, Erick lida diariamente com histórias chocantes. Ele diz ser impossível não se sensibilizar, principalmente se o caso envolver uma criança com os traços da sua filha.

“Uma vez vi uma criança parecida com a minha filha dormindo no chão. Perguntei à mãe por que não tinha colchão para criança e ela falou que não tinha condições de comprar. Reuni os colegas de batalhão, compramos o colchão e alimento e levamos lá”, ele conta.

“Eu não consegui dormir. Fui pra casa e fiquei pensando: ‘minha filha tem todo conforto do mundo e aquela criança dormindo no carpete’. Depois da doação, dormi mais tranquilo”, ele lembra.

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

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