Mais de cem anos de história dos primórdios da cidade podem ser acessados na contemporaneidade, graças ao trabalho de pesquisadores mato-grossenses que conseguiram recuperar e reproduzir documentos históricos de 1719 a 1830, na obra Annaes do Sennado da Camara do Cuyabá.

Os registros do período, foram realizados por escrivães ou vereadores, desde o tempo em que a cidade que conhecemos hoje era chamada Minas do Cuyabá.

Múltiplas informações oficiais revelam as ocorrências cotidianas do lugar. Os vereadores passaram a registrar essa história desde 1786, quando a hoje Capital mato-grossense já havia sido elevada ao posto de Villa Real do Senhor Bom Jesus do Cuyabá. Fatos como este, estão relatados no livro. Nesse tempo, eles não só desempenhavam as funções do cargo, como forneciam matéria para muitas memórias do presente.

Produzir os Annaes do Senado da Camara era uma imposição do governo colonial às Câmaras Municipais, tidas como a menor unidade administrativa, judiciária, fazendária e de polícia existentes, atendendo a preceitos da Real Provisao, de 20 de julho de 1782.

Interesses coloniais fazia-se representar nas câmaras, compostas por restrita parcela da população: homens, brancos, livres, possuidores de significativo patrimônio. Eles estavam ali para representar as elites locais. E por isso, é possível encontrar também, que era tênue a fronteira entre a religião e a política.

Possessão

Diversos registros relatam crimes que ocorriam na Capital. Um dos casos mais curiosos, que revelam como as autoridades políticas tinham poder de polícia e resolviam assuntos de todo tipo, é o de uma suposta “possessão demoníaca”, no ano de 1778.

Uma mulher teria sido instrumento do diabo. “Inimigo de Jezus Christo, não perde tempo em solicitar os meios possíveis de haver pella humana fragilidade aquela vingança, que apetece”, diz trecho original do documento.

O texto narra que uma mulher negra, natural do Rio de Janeiro, chamada Maria Eugenia, estava presa na cadeia porque teria cometido um ato que controverso ainda nos dias atuais, imagine àquela época. Ela teria zombado de figuras sagradas da igreja, como a imagem de Jesus Cristo e de Santa Maria.

O narra que ela também havia queimado um crucifixo e uma imagem da Virgem Maria. Por conta disso, as autoridades da época resolveram sequestrar seus bens e ela morreu miserável, na cadeia, no ano de 1782, como consta nos anais.

Muitos outros casos de práticas religiosas da época e também de assassinatos, constam no livro. O Annaes do Sennado da Camara de Cuyabá 1719-1830, foi organizado por Yumiko Takamoto Suzuki e publicado pela editora Entrelinhas no ano de 2007.

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