“Voa Tuiuiu, estica seu pescoço, pra morar em Mato Grosso que beleza é Cuiabá. São Benedito, o festeiro da cidade, jura que a felicidade hoje em dia mora lá…”

Sá e Guarabira  

Cuiabá tem um jeito diferente de receber os que aqui chegam pelos mais diversos motivos. Muitos vêm em busca de novas oportunidades e passam a fazer parte da cidade. Há uma certeza, porém: os chegantes são recebidos de tal forma que seu coração é imediatamente dominado por um sentimento de sentir-se cuiabano. Os paus rodados que por aqui aportaram em definitivo passam, não só pela maneira única de serem abraçados carinhosamente pelo jeito cuiabano de ser que, quase imediatamente, sentem-se como se da terra fossem filhos.

 

O calor, principal característica da cidade, não é apenas uma condição climática. É um jeito especial de abraçar a alma dos chegantes como se daqui fizessem parte desde o nascimento. O sorriso franco e aberto, faz-nos viver uma realidade longe de ser alcançada tão rapidamente em outros lugares do país.

 

Aqui tudo é diferente: o modo de falar, a culinária maravilhosa, a expressão cultural única,  a religiosidade e, principalmente, um jeito de abraçar cada um fazendo-o sentir-se como um filho da terra com os mesmo sonhos e desejos daqueles que por serem “de chapa e cruz” não diferenciam, estabelecendo barreiras que possam criar um distanciamento capaz de formar grupos isolados na sociedade que tem por vocação natural fazer naturalmente que cada um se sinta parte integrante de um todo, deixando rapidamente de lado a vontade de retornar ao seu local de origem.

 

Cuiabá exerce naqueles que aqui aportam por quais quer razões um fascínio que enfeitiça. De repente, não mais que de repente o chegante se sente parte do grupo Flor Ribeirinha da comunidade São Gonçalo do Beira Rio, nascido há 24 anos e que em 2017, em evento na Turquia, presenteou-nos com o título de melhor grupo folclórico do mundo, mostrando o nosso Siriri e Cururu e ganhando, a partir daí, a oportunidade de mostrar ao mundo, sob a liderança de Dona Domingas Leonor da Silva, que aqui, no centro geodésico da América do Sul, há muito a oferecer como exemplo de tradições culturais.

 

O Instituto Flauta Mágica, que há vinte anos ensina balé, canto e flauta doce a crianças com vulnerabilidade social, cuja orquestra Coral e Balé Flauta mágica, exemplo de projeto do Criança Esperança, sob a batuta do maestro Gilberto Mendes, um verdadeiro sacerdote pela dedicação a essas crianças, também encanta o mundo e já realizou concertos em grandes centros culturais no Brasil e no exterior.

 

Na Europa, deixaram extasiados os participantes do festival XX ORCHESTRADES UNIVERSELLES realizado na França, em 2004. Em 2014, o Flauta Mágica viajou para Alemanha, Áustria e Suíça, levando na mala a música popular brasileira para tocar na casa de Mozart, com direito a um DVD gravado ao vivo naquele teatro, durante o show no Welt Museum, local destinado a grandes espetáculos internacionais.

 

Essa é a Cuiabá que todos amamos. A Cuiabá que apesar dos seus problemas com administrações que deixaram muito a desejar, não conseguiram abalar a fé, a esperança e o amor que palpita dentro do nosso peito.

 

O que falar então dessa culinária maravilhosa, que vai da mujica de pintado, ventrecha de pacu, farofa de banana ao cozido cuiabano que mesmo após estarmos enfastiados resta sempre aquele sentimento de quero mais.

 

Os trajes coloridos usados na dança do Siriri e Cururu ficam marcados indelevelmente na nossa memória marcados pelo som único da Viola de Cocho que encanta a todos os que têm a oportunidade de ouvi-lo desde os primeiros acordes.

 

A religiosidade cuiabana, marcada por incontáveis igrejas. Algumas são paradas obrigatórias como a Igreja do Bom Despacho, conhecida como ‘Notre Dame Cuiabana’, em estilo gótico. A Capela de São Benedito é a única barroca de Cuiabá, fundada por escravos no ano de 1764, sem contar igrejas de outras religiões, como o Grande Templo, que traduzem a fé do povo que aqui vive.

 

Portal de entrada do Pantanal, Cuiabá tem uma das maiores vocações turísticas do pais. Pena que os governantes ainda não atentaram que isso precisa ser explorado como um Projeto de Estado que, se efetivado, vai fazer uma verdadeira revolução na nossa economia com geração de emprego e renda jamais imaginados. O turismo pode transformar Mato Grosso, passando por Cuiabá em um dos principais destinos do planeta.

 

Essa, enfim, é a Cuiabá que eu amo e que comemora 300 anos. Muito mais poderia falar do que nos enche de orgulho. O ponto principal a destacar é que nós não podemos escolher o lugar de nascer, mas podemos, sim, escolher onde viver. Ieda e eu escolhemos Cuiabá. Acreditamos, como tantos outros paus rodados que para cá vieram, ter sido a escolha perfeita. Parabéns, Cuiabá e muito obrigado aos de chapa e cruz por nos fazerem parte dessa terra.

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*Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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