Até o começo da semana, a cidade de Poconé (104 km de Cuiabá) era tomada pela fumaça apenas durante a noite. Porém, com o aumento das queimadas, a nuvem cinza passou a se fazer presente 24 horas no município, o que levou o governo federal a reconhecer o estado de emergência.
Segundo a secretária Municipal de Meio Ambiente, Danielle Assis, mais de 100 mil hectares foram alvo dos incêndios. Eles estão distribuídos entre área de preservação e também em propriedades particulares.
Um cenário que está deixando os fazendeiros temerosos, tendo em vista que já há relatos de mortes de vários animais silvestres e os focos de fogo estão se alastrando.
Ainda não houve registro de morte de gado. Contudo, devido a força do vento e agressividade das chamas, nem sempre é possível prever o tempo de chegada e nem a direção do fogo, que transformou-se em um risco eminente.
Se comparado ao ano passado, o número de brigadista que estão atuando no fronte teve um acréscimo de 500%. Em 2019, trabalharam na região 12 profissionais. Hoje, estão em ação 80 militares e outros 12, do Instituto Chico Mendes (ICMbio), acabaram de chegar a região. E mais reforços são aguardados.
Além do pessoal, houve acréscimo na estrutura. Uma unidade do Corpo de Bombeiros foi instalada na aeroporto do Sesc Pantanal. Lá, estão 5 aeronaves que diariamente levam água para os lugares de difícil acesso e ainda monitoram o caminho do fogo para alertar fazendeiros e moradores sobre a distância da chamas, contribuindo para uma evacuação de emergencial caso necessário.
Área Urbana
Com o clima seco e a fumaça, o número de casos de doenças respiratórias aumentou de forma exponencial e, conforme Assis, as pessoas estão sendo orientadas a procurar as unidades do Programa Saúde da Família e não o pronto-atendimento, onde estão os pacientes de covid-19.
Pelo fato de os sintomas das doenças respiratórias serem semelhantes aos do novo coronavírus, está acontecendo muita confusão. As pessoas costumam reclamar de febre, falta de ar e dor no corpo, que também são sintomas da covid-19.
Outro problema gerado pelo excesso de queimadas está relacionado com o abastecimento de água da cidade. A estiagem comprometeu as principais fontes de capitação, o Rio Bento Gomes e os poços artesianos.
Paralelo a isso, houve o aumento do consumo pelas famílias, o que fez a companhia responsável pelo serviço iniciar o fornecimento intermitente e não mais contante como era antes.
Estado de emergência
Após o governo federal reconhecer o estado de emergência, a Prefeitura de Poconé teve acesso à ajuda com relação a reforços de brigadistas, o posto do Corpo de Bombeiros e ainda uma pá carregadeira – fruto de apreensão pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
A secretária explica que outros recursos estão sendo almejados e um documento será encaminhado para avaliação da União ainda nesta quinta-feira (13). A cidade, que é uma das portas de acesso ao Pantanal mato-grossense, está revindicando R$ 700 mil.
O valor seria aplicado na contratação de caminhões pipas e esteiras – para se fazer os bloqueios – e ainda combustível, refeições e transporte daqueles que estão na linha de frente contra o fogo.
Para Danielle Assis, o governo federal deve avaliar o pedido até terça-feira.