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Quanto custa morrer em Cuiabá? Pacote “pós-morte” pode ultrapassar R$ 30 mil

Há caixões a partir de R$ 1.947,00. Mas se a família preferir um modelo luxuoso, esse valor pode ultrapassar R$ 15 mil.

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Quanto custa morrer em Cuiabá? Pacote “pós-morte” pode ultrapassar R$ 30 mil
(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Dá para falar em “morrer em paz”? Além dos custos com funeral e sepultamento, quem parte desta para melhor deve levar em consideração que há também a taxa anual de manutenção do cemitério, paga pela vaga que vai ocupar por toda eternidade.

Se a sua intenção é deixar o dinheiro “reservado”, saiba que para garantir um funeral básico terá que desembolsar no mínimo R$ 1.947,00. No valor estão incluídos os custos com caixão, decoração e transporte até o cemitério. O aluguel da sala para velório custa a partir de R$ 1950,00 nas capelas e funerárias mais bem localizadas.

Já, para apenas abrir a sepultura, é preciso pagar R$ 334,08, de acordo com a nova tabela de serviços funerários divulgada pela Prefeitura de Cuiabá, neste mês.

Caso você queira adquirir um jazigo para a família, terá que escolher, inicialmente, entre duas possibilidades: se vai ser do tipo gaveta ou no gramado. Para comprar uma sepultura na parede, na quinta ordem, ou seja, próximo ao solo, é necessário desembolsar a quantia de R$ 4.990,04. Este é o valor mínimo.

Mas se você preferir um lugar no bloco especial, em localização privilegiada, próximo à entrada e à administração do Cemitério Parque Bom Jesus de Cuiabá – o único particular que atualmente tem espaço -, pode pagar até R$ 9.695,00 no jazigo de melhor visualização, o de segunda ordem.

No gramado, local bastante procurado pelas famílias, cada sepultura pode comportar um corpo mais sete restos mortais. Para comprar uma no Setor F (Flores), o mais barato, jazigo horizontal, sai por R$ 8.103,66. Enquanto isso, na área nobre, em setor próximo à administração, o valor chega a R$ 30.129,56.

Visualizando quatro situações, de funerais e sepultamentos de valores mínimos, ao mais luxuosos, calculamos o valor que seria pago em cada uma delas.

Do mais simples ao mais caro

Setores do cemitério definem o valor a ser pago: quanto mais perto da administração, mais caro fica (Ednilson Aguiar)

O cálculo se dá a partir do valor mínimo pago à funerária, de R$ 1947,00, somado também ao valor do aluguel da sala onde o corpo será velado: R$ 1.950,00.

No primeiro deles, somado à taxa de abertura de sepultura, ao valor mais em conta do jazigo em bloco simples, o pacote pós-morte ficaria em R$ 9.221,12. Na sequência, com vaga em bloco vertical especial, tudo sairia por R$ 13.962,08.

Se fosse adquirido jazigo no setor mais simples, funeral e sepultamento custariam R$ 12.334,74. Podendo chegar a R$ 34.360,64 na área nobre.

E sim, vale ressaltar, não há como fugir do tal “IPTU” pós-morte. A taxa anual de manutenção e limpeza do cemitério está custando R$ 300,67.

Funerárias

Os preços referentes aos serviços prestados pelas funerária Santa Rita foram baseados pelo gerente João Avelino. Além desta, têm autorização para atuar em Cuiabá, a Dom Bosco e Santa Terezinha. Quando chega o horário do plantão, elas se revezam no atendimento à população.

Segundo João, o caixão pode onerar o valor do funeral. No caso da Santa Rita, há caixões a partir de R$ 1.947,00. Mas se a família preferir um modelo luxuoso, esse valor pode ultrapassar R$ 15 mil.

Ao comprar o caixão mais básico, explica, está incluída, além da urna mortuária, um carro com dois funcionários para fazer o serviço de remoção do local do falecimento à funerária. Lá, será feita apenas a higienização do corpo, caso não seja solicitada a tanatopraxia (que visa conservação do corpo, contenção de líquidos e redução de odor).

Depois de vestido, o corpo recebe ornamentação com flores naturais e véu. A cerimônia será baseada na crença religiosa da família. Concluído o rito, um carro com dois funcionários vai até o local escolhido – residência, centro comunitário ou capela, por exemplo – e conduz o corpo para o cemitério, rumo ao sepultamento.

Capela precisa ser alugada

Vale ressaltar, este serviço particular previsto pelo valor mínimo de R$ 1.947,00 não inclui o aluguel da capela, como já foi dito. Dependendo das acomodações da sala, esse valor pode chegar a R$ 2.700,00.

Capelas da Pax Nacional possuem valores mais em conta, mas estão distantes das regiões centrais de Cuiabá e Várzea Grande. Essa contratação é feita na funerária. Quando há superlotação nas funerárias da cidade, há uma chance de que o velório seja realizado na capela do cemitério, mais barata.

Quanto à cerimônia, no caso da Santa Rita, dá para solicitar também, homenagem com instrumentista – violino ou saxofone – pois são bônus do pacote.

No caso de a família considerar a compra de um caixão mais caro, de R$ 15 mil, por exemplo, se o cliente tiver o plano Pax Prever, pode conseguir desconto e esse valor, deve cair, de acordo com o benefício contratado.

Caixão sustentável e atendimento humanizado

Na funerária que passa por uma grande revitalização de sua infraestrutura e que a cada dia investe mais na humanização do atendimento à população, é possível encontrar também versões sustentáveis. “Como o caixão de madeira de reflorestamento, forro 100% orgânico que não tem verniz e não polui”.

“Estamos empenhados em oferecer os melhores serviços aos clientes. Afinal, estamos trabalhando para atender pessoas que passam por um momento difícil e merecem um atendimento acolhedor”.

O serviço das funerárias se estende também a quem não tem condições de arcar com os custos de funeral e sepultamento. Em uma contrapartida da concessão, elas atendem a pedidos de famílias hipossuficientes.

“Na Central Funerária Cristiano Garcia é feita regulação. A família declara que não tem como arcar com os custos do enterro e de posse de uma certificação vem até nós para solicitar funeral e enterro sem custo”, explica.

Caixões para famílias hipossuficientes são mais simples, mas cumprem seu papel (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Além de pessoas carentes estão incluídos na categoria “Bem-Estar Social Gratuito” indígenas e doadores de córneas.

“Neste caso a família pode escolher entre três modelos de urnas e tudo acima listado no serviço particular, está incluído, exceto a ornamentação com flores naturais”, ressalta.

Facilidades com o plano funerário

Há caixões de todos os estilos na Santa Rita: o básico previsto pelo plano Pax é a partir de R$ 4.414,00 (Ednilson Aguiar)

A escolha do plano de assistência funerária torna as coisas menos tortuosas nestes momentos. Questões burocráticas são resolvidas mais facilmente. O serviço funeral completo inclui serviço de orientação do cartório, remoção, higienização, vestimenta, ornamentação da sala de velório, paramentação, transporte, kit café e cortejo.

O gerente da Santa Rita, João Avelino destaca que ao aderir ao plano de assistência funerária, pagando R$ 39,90 por mês, se precisar usar depois de três meses que é o tempo de carência, terá pago R$ 109,90. “E já vale o investimento levando em consideração o gasto médio do funeral e enterro”.

“E há outros benefícios, como uma urna melhor. Afinal, o caixão básico previsto pelo plano é a partir de R$ 4.414,00 e a tanopraxia, que no particular não sai por menos de R$ 1.500,00, por exemplo, sai de graça. E também há economia na capela, pois elas custam a partir de R$ 1.950,00 e a locação tem desconto quando prevista no plano”.

Plano de assistência funerária

A diretoria da Pax Nacional reitera os benefícios do plano de assistência funerária. Cerca de 47% da população cuiabana já possui um plano Pax.

“Além de Cuiabá ter um dos preços mais baratos de funeral e enterro em todo o Brasil, o poder público ainda garante velório e sepultamento gratuitos, com hora marcada”.

A empresa agora investe também na saúde dos clientes. O Sistema Prever criou a CliniPrev, ofertando atendimento médico. “Para que nossos segurados possam viver mais e com mais qualidade. Não estamos ganhando com saúde, mas facilitando a vida de nosso assegurado”.

O plano atende a família do titular, incluindo cônjuge, pai e mãe, além de filhos solteiros de até 30 anos. Vale ressaltar, a Pax Nacional mantém a ala Prever no Cemitério Parque Bom Jesus Cuiabá. Nessas condições, quem é enterrado neste setor, depois de três anos terá os restos mortais removidos. A partir daí, a família deve efetuar a compra de jazigo no Parque Bom Jesus ou pagar novo aluguel.

Funeral e sepultamento sem custo

Assim como ocorre com as funerárias, há uma contrapartida para cemitérios particulares. O Parque Bom Jesus Cuiabá, único em funcionamento, precisa reservar 5% de sua área para os hipossuficientes. Devendo ser ampliada a área em caso de tragédia.

Segundo o José Carlos da Silva do Carmo, da administração da Central Funerária, há outros cemitérios na cidade, porém, por superpopulação não há mais lugar disponível, exceto para as famílias que já têm jazigos nestes lugares.

No Parque Bom Jesus Cuiabá há um prazo mínimo para sepultamento dos restos mortais dos hipossuficientes, que é de três anos. Depois deste período a família precisa fazer a remoção para outro jazigo, comprar um, ou destinar os restos mortais a um ossário comunitário.

Vale ressaltar depois que uma pessoa morre, a primeira coisa a se fazer é ir à Central Funerária para fazer a liberação do corpo e emitir a certidão de óbito gratuita.

Cremação

A cremação é uma alternativa para que o cliente não precise pagar a taxa de manutenção (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Se você quer se livrar da taxa anual de manutenção e limpeza, o melhor mesmo é investir na cremação. O valor mais em conta, com uma urna padrão de madeira, para acondicionar as cinzas, é de R$ 3.983,00. Quanto mais elaborado é o material e mais paramentada é a urna, mais caro vai ficando, assim como no caso do caixão.

Com base nos números de cremação já realizadas, um dos proprietários do Cemitério e do Crematório Bom Jesus, Marcelo Rosa Borges, avalia que o cuiabano ainda tem resistência. “Mas acreditamos que tende a crescer muito, especialmente entre os mais jovens que declaram à família que gostariam de ser cremados”.

Desde que começou a funcionar, há um ano e meio, mais de 100 pessoas já foram cremadas. Semanalmente, de dois a três corpos são cremados.

Marcelo explica que além de ser mais barato, é mais sustentável. “As cinzas não poluem e todo o processo da cremação segue regras ambientais. Somos muito rigorosos. O forno polui menos que uma moto”. Ele conta que a queima é realizada com mais de um corpo, sendo assim, pode levar até 15 dias para a família receber as cinzas.

“É feito o funeral no tempo que os familiares acharem conveniente e então, o corpo é mantido por 48 horas em uma câmara fria para o caso de ele ser requisitado judicialmente.

35 dias de trabalho para pagar seu enterro

De acordo com um levantamento do site Bons Investimentos, para garantir somente a primeira fase, do seu enterro, o brasileiro com renda média de R$ 1.937,00 precisa trabalhar 39 dias de sua vida para arcar com os custos do próprio funeral: R$ 2.500,00 é a média brasileira.

O dado curioso foi apresentado em outubro de 2019 quando o site investigou quanto tempo o brasileiro leva para pagar seu enterro, a partir do cruzamento de dados de rendimentos médios divulgado pela PNAD de outubro de 2019 referentes a 2018 e referenciais de valores divulgados em 2019 pela Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário. Os valores sugeridos para 2020 constam no Manual do Diretor Funerário divulgado em 10 de janeiro.

Os mato-grossenses com renda média de R$ 2.168,00 precisariam então, trabalhar 35 dias de sua vida para morrer tranquilos. Ou seja, estamos em uma posição melhor que a média nacional, mas no fim das contas, seria confortante?

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