TJMT
Desembargador foi citado por coronel Airton Siqueira
O desembargador Orlando Perri afirmou que vem recebendo ameaças veladas por conta da investigação sobre o escândalo dos grampos ilegais e que estão tentando tirá-lo do caso. “Há mais de 20 dias já vinha recebendo ameaças veladas. Não tendo me intimidado, concretizaram as ameaças”, afirmou Perri à reportagem do LIVRE.
Responsável pela investigação no âmbito do Tribunal de Justiça (TJ), o magistrado foi apontado pelo coronel Airton Benedito de Siqueira como autor de grampos contra outros desembargadores durante a investigação do Escândalo da Maçonaria, quando era corregedor-geral de Justiça.
Siqueira, que é secretário de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e tem como advogado o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Zamar Taques, registrou em cartório um termo de declaração falando sobre escutas dentro do TJ. No documento, ele diz que Perri quebrou o sigilo telefônico do então desembargador José Ferreira Leite e de quatro juízes, para investigar o desvio de recursos do Judiciário para uma cooperativa de crédito ligada à maçonaria.
“Jamais houve interceptação de qualquer desembargador. Tratam-se de inverdades lançadas para me afastar da frente das investigações”
Além de Ferreira, teriam sido interceptados os juízes Marcelo Barros, Antônio Horácio, Irênio Lima Fernandes e Marcos Aurélio Ferreira. Todos os citados foram condenados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) à aposentadoria compulsória por desvio de recursos para beneficiar a Loja Maçônica Grande Oriente.
“Tudo foi realizado nos estritos termos da lei, com acompanhamento, inclusive, do Ministério Público”, afirmou Perri ao LIVRE. “E mais: jamais houve interceptação de qualquer desembargador. Tratam-se de inverdades, lançadas para me afastar da frente das investigações”, completou.
Grampolândia pantaneira
Orlando Perri comentou o caso também na sessão plenária do TJ, na tarde desta quinta-feira (6). “Não vou me afastar das investigações que tenho conduzido a respeito da chamada grampolândia pantaneira”, declarou ele em plenário. “Não me acovardarei diante de qualquer ameaça, velada ou explícita.”
Ele afirma que continua à frente do processo e que não vê situação que o faça levar o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Querem me afastar do processo. Quando não, levar esse processo para instância superior. Porque lá todos sabem que as investigações podem não ter a mesma eficiência daqui pela proximidade com o calor dos fatos”, disse.
“Continuarei à frente do caso pelo menos até que o STJ avoque o processo. Querem tirar a investigação das minhas mãos a fórceps.” O desembargador disse, ainda, que as “inverdades” ditas por Siqueira têm como objetivo “denegrir a imagem do relator que está conduzindo as investigações”.