O ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, disse que o presidente Jair Bolsonaro cometeu um erro estratégico em seu governo ao adotar um “discurso relaxado” para as pautas ambientais. Segundo ele, a equipe de Bolsonaro se perdeu ao confrontar o mercado e as ONGs nos assuntos que integram negócios e debates climáticos.
Ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo disse que não vê nenhuma mudança na legislação ambiental do país que pudesse acender o sinal para o mercado internacional e outros países sobre ações tomadas pelo agronegócio. Contudo, o governo federal, por escolha própria, deixou de participar dos “acordos”.
“Não houve mudança de legislação que pudesse aguçar mais atenção externa para as coisas que aconteciam internamente. Houve um relaxamento [do governo brasileiro], um discurso diferente. Quando eu estava no governo de [Michel] Temer (MDB), nós tínhamos um discurso muito ligado ao setor agrícola. Quando trocou o governo, eles fizeram um confronto com o mercado internacional, com as ONGs e se perdeu esses acordos, conversas, de participação”, disse ele em entrevista Brazil Journal.
Blairo sugeriu que a falha do governo federal aconteceu em nível político. A troca de estratégia teria afetado a relação do agronegócio com seus clientes. Ele afirmou que, ao longo dos últimos governos, o agronegócio “aprendeu” a antecipar as crises que poderiam afetar o setor. E a acomodação dos negócios às exigências da pauta climática teria sido um desses pontos “controlados”.
“O maior erro do governo Bolsonaro, e aí prejudicou muito o setor agrícola, foi a questão ambiental. A forma como eles se posicionaram, como eles falaram para fora do governo. No governo Temer, nós sabíamos o que o mundo queria e nós tentávamos nos posicionar, com o setor agrícola, dentro das necessidades ambientais. Quando se trocou governo, mudou a forma”, complementou.
Os assuntos vinculados ao meio ambiente têm sido os mais debatidos entre o governo de Mato Grosso e a próxima gestão. A estratégia do governo é abrir espaço para a discussão sobre expansão do agronegócio e controle da ilegalidade ambiental.