Política

Nem fede e nem cheira: MT pode ter recorde de eleitores sem voto e sem candidato

Votos nulos ou em branco podem ter nova variação e se somam ao contingente de eleitores de fora do processo de escolha

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Nem fede e nem cheira: MT pode ter recorde de eleitores sem voto e sem candidato
(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Mato Grosso poderá bater recorde em outubro no número de eleitores sem voto. A soma de eleitores restritos pela Justiça Eleitoral e daqueles que devem votar branco ou nulo poderá se aproximar de 1 milhão. 

A avaliação é feita com base números das últimas duas eleições presidenciais e no cálculo de títulos cancelados no estado, disponibilizados até o momento pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). 

Em 2018, os votos nulos ou em branco somaram 700 mil. O contingente representou 31% do total de eleitores. Nas eleições gerais de 2014, o tamanho do grupo ficou em 556.522, representando 25,4% do total de eleitores. 

“O índice de votos brancos ou nulos varia, historicamente, em média de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. Mas, a previsão para este ano é que essa variação passe para três pontos, com a tendência maior de as pessoas não votarem em algum candidato”, diz o cientista político João Edisom. 

Conforme essa margem, os votos em branco ou nulos devem ficar entre 28% e 34% do eleitorado de Mato Grosso. Ou seja, o grupo poderá subir para próximo de 765 mil pessoas aptas a votar que têm candidatos, conforme a população eleitoral 2.248.137 divulgada em fevereiro pelo TRE-MT. 

Esse número deverá ser somado ao público mínimo de 191 mil eleitores com título cancelado que não têm mais condições de se regularizar para votar em outubro, em todo o estado. O total desses eleitores atualmente é de 298.230, porém 107 mil tiveram prazo, até o dia 4, para atualizar dados. 

São eleitores em cidades cujo processo de biocadastramento foi interrompido pela pandemia do novo coronavírus e tiveram nova chance pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

A Justiça Eleitoral em Mato Grosso ainda não tem dados atualizados dos cadastros, com pessoas que regularizaram o título e do registro de novos eleitores. O número do eleitorado poder ter incremento. 

Recuo político dos eleitores 

O cientista político João Edisom diz que a média de votos em branco ou nulos e o de pessoas irregulares em Mato grosso não foge da variação brasileira. Mas, acende um alerta pela tendência de crescimento de pessoas que se afastam do processo eleitoral por algum motivo. 

“Não é um problema de agora. A desconfiança dos brasileiros com a política aumentou 13, 14 anos atrás e vem no processo de consolidação, digamos assim que pode ser demonstrado com número pessoas que vão lá registrar voto, mas não vota em ninguém”, comenta. 

Outro comportamento que aparece nos números de eleitores é a diminuição da intenção das pessoas em regular-se na Justiça Eleitoral para votar. Conforme o TRE-MT, Cuiabá e Várzea Grande ficaram de fora da suspensão do cancelamento de títulos porque o processo de cadastramento encerrou em 2018. 

Na época, havia 171 mil irregulares e nas eleições deste ano o número ficará acima de 100 mil.  

“Se continuar essa tendência, daqui trinta anos, o voto dos brasileiros está restrito a 60% dos eleitores. Isso mostra que o estado nós temos não está funcionando, não mais efeito: existe polarização e as opções são ruins. Como se entrássemos em jogo já para perder”, diz o cientista. 

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