O isolamento social necessário ao controle da pandemia de Covid-19 foi extremamente prejudicial à economia em todo o mundo. No caso do Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um tombo de quase 10% no produto interno bruto (PIB) devido ao fenômeno.
Na prática, isso significou que todas as empresas se viram a necessidade de se reinventar para sobreviver à adversidade. Em alguns casos, isso significou a renegociação de contratos de trabalho, incluindo a redução de jornada e salário, ou mesmo a demissão de trabalhadores. Ainda que o auxílio emergencial tenha sido criado, não havia segurança sobre a sua continuidade, e o valor a ser pago foi alvo de intensos embates políticos. Essa incerteza, por sua vez, fez com que as famílias tendessem a reduzir os gastos, tanto os supérfluos quanto os básicos.
No caso dos segmentos econômicos cuja compra dos produtos envolve um compromisso financeiro de longo prazo, como os automóveis, o prejuízo foi ainda maior. Afinal, um pessoa que teme por seu emprego e renda dificilmente buscará financiamento de veículos. Isso trouxe uma queda importante nas vendas do setor, que só agora observa um novo crescimento na procura por seus produtos.
Mercado automotivo começa a se recuperar
À medida que a pandemia arrefece e as atividades econômicas começam a ser retomadas, diversos setores experimentam um aumento nas vendas. É o caso dos automotores: se, durante a pandemia o aumento do delivery levou a uma busca intensa por motocicletas, a gradual recuperação da confiança faz com que os carros voltem a ser atraentes.
Segundo especialistas, esse aumento na procura se dá principalmente devido à demanda que ficou represada durante o ápice da pandemia. Ou seja: à medida que as pessoas ganham confiança no curso da economia e em sua própria segurança financeira, elas passam a buscar produtos de maior valor, como carros. Ainda assim, a procura deve demorar para voltar aos níveis pré-pandemia.
Alta do dólar deve empurrar preços para cima
Ainda que a tendência seja a recuperação do mercado, comerciantes que atuam no setor apontam que os preços subirão uma vez que os estoques pré-pandemia se esgote. O motivo por trás disso é a desvalorização do real frente ao dólar: a instabilidade da economia global, aliada ao difícil contexto doméstico brasileiro, fizeram com que o real perdesse 28% do seu valor frente à moeda americana desde dezembro de 2019. Foi a divisa que mais se enfraqueceu frente à moeda global.
Como o mercado automotivo é muito internacionalizado e boa parte das peças dos carros é comprada em dólar, tudo aquilo adquirido depois do aumento da cotação da moeda será mais caro. Portanto, quem pensa em adquirir um veículo zero quilômetro deve se apressar: especialistas estimam que o aumento de preço já foi de 10%, e deve se intensificar.
Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que, no longo prazo, tanto peças quando os custos de manutenção tendem a aumentar, ainda devido à valorização da moeda americana. Portanto, antes de comprar, é preciso fazer as contas com cuidado.
Usados são boa alternativa
Dada a tendência de alta nos veículos zero quilômetro, o mercado de usados pode ser uma alternativa para quem quer trocar de carro ou mesmo adquirir o primeiro automóvel sem comprometer em demasia o orçamento.
Apesar disso, é preciso ter em mente que quem faz essa opção deve tomar alguns cuidados. Entre eles, está o cuidado com o vendedor, a análise atenta do estado de conservação do veículo – principalmente em busca de sinais de batidas -, a verificação dos custos de manutenção, documentação do veículo e o valor do seguro. Se possível, é importante também fazer um test drive.
Taxa de juros ajuda quem precisa financiar veículo
Uma alternativa para quem pode se comprometer financeiramente é o financiamento do automóvel. Dependendo das condições oferecidas por cada financeira, é possível adquirir o carro dos sonhos pagando uma pequena entrada e parcelas suaves, que cabem no orçamento, especialmente com a atual tendência de queda nas taxas de juros.
Vale destacar que, ainda assim, é fundamental pesquisar e negociar as melhores taxas para garantir um bom negócio. Na atual conjuntura, pessoas que tendem a apresentar uma maior estabilidade financeira, como servidores públicos, aposentados e pensionistas, costumam contar com condições mais favoráveis para a retirada de empréstimos.
Da mesma maneira, é essencial procurar saber sobre a reputação das instituições. Na dúvida, vale a pena conversar com clientes e até mesmo buscar no site do Banco Central, de modo a saber se a instituição opera legalmente e se tem algum histórico de práticas abusivas, como cobranças indevidas.
Além de saber se o valor da entrada e das parcelas cabem no orçamento, há outros custos que devem ser colocados na ponta do lápis. Entre eles, está o valor do seguro, impostos, combustível e até mesmo a desvalorização pela qual o automóvel passa ao longo do tempo.