Eleições 2018

Mauro e Wellington prometem não tocar em grampos e delações nos debates

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Mauro e Wellington prometem não tocar em grampos e delações nos debates
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para o Governo de Mato Grosso prometem manter, nos próximos debates, o mesmo clima ameno do primeiro confronto, realizado pela TV Vila Real (Record) nesta quinta-feira (30). Por outro lado, os candidatos com menor pontuação devem continuar colocando os adversários contra a parede.

Apesar de criticarem o governador Pedro Taques (PSDB), que concorre à reeleição, todos os candidatos evitaram citar as operações que atingem o atual governo. O único a fazer referência – velada – durante o debate foi Arthur Nogueira (Rede). “No meu governo a Segurança Pública não será usada para coisas escusas e ilegais”, alfinetou durante a transmissão.

Em entrevista depois do debate, ele confirmou que se referiu aos grampos ilegais e disse acreditar que o governador sabia do esquema. “É o chefe do Executivo que coordena tudo. Não podemos, aqui em Mato Grosso, aceitar o que o Lula diz, que não sabe de nada. Se não sabe de nada, o que está fazendo então? O principal alvo da operação foi o primo dele [Paulo Taques], principal secretário e homem de confiança desde o Senado”, disparou.

“Como se sentem as milhares de pessoas que foram ouvidas ilegalmente em sua intimidade pelo atual governo? Como se sentem os coronéis e delegados depois do esfacelamento da cúpula da Segurança Pública no Estado? Isso tem que ser esclarecido. Vai ter que ser reconstruída a moral da Segurança Pública, que é essencial para o estado democrático de direito. Ninguém vai respeitar uma Segurança que se utiliza desses meios escusos. Alguém tem que ser responsabilizado e penalizado, seja ele quem for”, cobrou o candidato da Rede.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Fugindo de operações

Em entrevista ao final da transmissão, Mauro Mendes (DEM) e Wellington Fagundes (PR) disseram que continuarão evitando abordar os escândalos do governo do adversário Pedro Taques, que foi alvo de duas delações premiadas nas últimas semanas e é investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o caso no dos grampos ilegais.

“Um debate é um confronto de ideias, de pensamentos. É salutar falar dos problemas de Mato Grosso. Eu não posso resolver o problema dos grampos nem de corrupção, pois cabe ao Ministério Público e à Justiça. Nós falaremos aquilo que podemos resolver. Não pretendo fazer essa abordagem, porque entendo que ela está sendo devidamente abordada pelos órgãos responsáveis e a imprensa tem dado divulgação adequada”, disse Mauro Mendes à imprensa.

Wellington também tratou os casos como questões pertencentes à esfera judicial. “O Ministério Público está tratando disso. Temos instituições funcionando plenamente. Eles é que têm que dar respostas à população. Não vou aproveitar do momento de crise que vive o governo para ampliar a crise. Temos que ter responsabilidade”, afirmou aos jornalistas.

O tucano, por sua vez, promete continuar criticando propostas dos adversários, sem partir para ataques pessoas. “A democracia se faz com debates e propostas como fizemos. Não nos cabe atacar pessoalmente quem quer que seja. Nos cabe falar a verdade, mostrar o que fizemos e não ficar com promessas vazias, porque precisamos saber o que e como será feito. Quem vai pagar a conta?”, questionou Taques.

Ele cobrou novamente que Mauro Mendes explique como fará o corte do número de servidores comissionados e quais secretarias pretende extinguir em seu eventual governo. Taques abordou o tema durante o debate, mas Mendes não informou as pastas que seriam alvo da reforma administrativa.

“Ele fica escondendo. Vai acabar com qual secretaria? De cultura? De agricultura familiar? Precisa falar. Falar depois que o jogo terminar não adianta, porque vai enganar as pessoas que podem, inclusive, perder o emprego. Acho que é uma forma de mascarar o que será feito. Apontar o dedo e falar que está ruim é muito fácil. Quero ver fazer sem dinheiro”, disse. “Cortamos 26% dos cargos comissionados. Hoje quase 80% dos cargos são dos servidores de carreira. Vai cortar benefício dos servidores?”

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Atacados

O governador Pedro Taques disse que foi o principal alvo no debate, mas não se abalou com isso. “Eu só fui atacado. Mas agi com total tranquilidade. Não me cabe atacar quem quer que seja. Quero propostas, informação e é isso que nós fizemos”, disse.

Mauro, por sua vez, também se considerou no foco dos adversários e disse que as ofensivas são naturais por causa da sua colocação nas pesquisas. “Eu não vi nenhum tipo de ataque, vi como natural. Não vi nada fora do padrão de normalidade”, disse. “Até gosto. Queria que fizesse mais perguntas para mim. Me sinto com confiança e mais vontade. É natural que quem esteja na frente nas pesquisas seja alvo de mais perguntas e eventuais ataques”, completou.

Wellington disse não ter problemas em ser alvo de adversários. “Na democracia, é importante que as pessoas saibam ouvir as sugestões, as críticas. Quero juntar todas as pedras para construir um mundo melhor. Como político, não posso me ofender se um eleitor ou concorrente mostrar a sua revolta. Tem que ter paciência, ouvir e construir”, afirmou.

O senador, que demonstrou nervosismo e se atrapalhou durante uma pergunta a Mauro Mendes, atribuiu a falha a um “entrevero com a apresentação com relação ao tempo”.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Mais ataques

Arthur Nogueira, que foi o mais incisivo no debate, prometeu manter a linha adotada nesta quinta-feira, e pode até mesmo elevar o tom nos próximos confrontos.

“Muitas explicações deixaram de ser oferecidas a quem estava acompanhando o debate, porque eles estão coligados com políticos envolvidos em esquemas e que administram mal Mato Grosso há mais de década. Então como o candidato vai falar de alguém que está ao lado dele? Há falta de respeito ao eleitor quando não se responde, se foge do debate, se foge de pergunta”, disse.

Ele classificou os adversários como pertencentes ao mesmo grupo político. “Todos farinha do mesmo saco. Contribuem para grupos políticos e econômicos. Estavam juntos, se separaram e agora dizem que são opções diferenciadas. Não, eles são opções iguais”, afirmou.

Moisés Franz (Psol) também foi enfático ao criticar os candidatos mais bem colocados e sinalizou que esse será o tom da sua campanha. Porém, ele foi embora sem dar entrevista ao final da transmissão.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

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