Crônicas Policiais

Latrocínio: veja o que concluiu a Polícia sobre a morte de Rosimeire Soares

Os dois homens presos dias após o crime foram indiciados por latrocínio e ocultação de cadáver. Suas histórias à polícia eram mentirosas

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Latrocínio: veja o que concluiu a Polícia sobre a morte de Rosimeire Soares
(Foto: Reprodução)

A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu o inquérito sobre a morte da comerciante Rosemeire Soares Perin, de 52 anos. Ela foi assassinada em Várzea Grande no dia 16 de fevereiro. Duas pessoas foram indiciadas pelo crime.

O inquérito da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP) foi remetido ao Poder Judiciário.

O delegado Caio Fernando Albuquerque indiciou Jefferson Rodrigues da Silva, de 33 anos, pelos crimes de roubo seguido de morte (latrocínio) e ocultação de cadáver. O outro envolvido, Pedro Paulo de Arruda, de 29 anos, foi indiciado nos crimes de ocultação de cadáver, resistência à prisão e tráfico de drogas.

A investigação sobre a morte da comerciante contou com a colaboração das equipes dos delegados Fausto Freitas e Marcel Oliveira.

Rosemeire Perin desapareceu após sair de casa para entregar mercadorias em Várzea Grande. Ela morava no bairro Dr. Fábio, em Cuiabá. O corpo foi localizado dois dias depois na estrada da Guarita, enrolado em lençóis e numa lona plástica.

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Responsável pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, o delegado Fausto Freitas informou que a equipe da delegacia trabalhou a partir do registro da ocorrência de desaparecimento. A intenção era esclarecer o que havia ocorrido desde o momento em que ela saiu de casa para trabalhar em seu veículo, um HB20.

Os policiais ouviram familiares e levantaram informações. Na quinta-feira (18 de fevereiro) à tarde, a delegacia recebeu a informação de que o corpo da comerciante estava próximo a um barranco, na estrada da Guarita, em Várzea Grande.

Morte

Rosemeire trabalhava há mais de 10 anos com a venda de produtos e embalagens para festas, máquina de sorvetes e outros equipamentos. No dia em que sumiu, ela foi até Várzea Grande entregar produtos ao um dos autores do crime – Jefferson Rodriguese também cobrar uma dívida.

A vítima já tinha uma relação de trabalho com Jefferson, cuja família trabalhava há 10 anos com a venda de sorvetes.

Em março de 2020, ele comprou uma máquina de sorvete de Rosemeire no valor de R$ 7 mil. O equipamento apresentou problemas a manutenção foi a própria empresa de Rosimeire que realizou.

Do valor do serviço, ele ficou devendo uma parte. Depois comprou mais um equipamento: um batedor de milk shake, além de embalagens.

No dia do crime, Jefferson, no entanto, não gostou de ser cobrado. Ele deu um golpe que deixou Rosemeire desacordada. Depois ele a amarrou com fita adesiva e a amordaçou.

Passado um tempo, ela despertou e, segundo relato do próprio Jefferson à polícia, ele pegou uma faca de cozinha e golpeou o pescoço dela.

Depois de cometer o crime dentro do quarto, conforme apontou levantamento da Perícia Oficial, Jefferson procurou um parente e pediu ajuda, mas não conseguiu.

Ocultação do corpo

O autor confesso do crime, ele procurou então a ajuda de outra pessoa, com quem já havia trabalhado em um lava-jato, Pedro Paulo de Arruda. Sua intenção era ocultar o corpo de Rosemeire.

Por volta das 22h da terça-feira, 16 de fevereiro, eles voltaram à quitinete, enrolaram o corpo em um lençol, uma lona e um edredom e, depois, seguiram até a região da estrada da Guarita, onde jogaram o cadáver em um barranco.

Em diligências realizadas na quinta-feira seguinte, uma equipe do Batalhão da Rotam abordou o veículo que era conduzido pelo suspeito e, com ele, foi encontrada a carteira de habilitação da vítima.

Conduzido à DHPP, em um primeiro depoimento Jefferson deu informações contraditórias e negou o crime. Depois, acabou confessando o que acreditou que seria um “crime perfeito” e informou que recebeu ajuda de uma segunda pessoa.

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Pedro Paulo de Arruda, que deu apoio no transporte e ocultação do corpo de Rosimeire, foi detido ainda na quinta-feira, também por uma equipe da Rotam.

Na delegacia, ele negou que tivesse cometido o crime, inclusive o tráfico de drogas pelo qual foi detido também em flagrante. Ele ainda sustentou que não teve qualquer participação na ocultação do cadáver.

Contradições e provas

A investigação, baseada em inúmeras evidências, exames periciais e oitiva de testemunhas, concluiu que Jefferson decidiu matar Rosimeire não apenas por ter “perdido a cabeça” com a cobrança da dívida, como afirmou em depoimento.

O conjunto de informações reunidas no inquérito aponta que ele, estava decidido a roubar o carro dela e, percebendo o momento oportuno, não teve dúvidas em agir.

Além disso, a apuração constatou que a alegação dele, de que havia um vínculo de intimidade com a vítima, não se confirmou.

“Só que, para tanto, e até mesmo para não sofrer consequências criminais, o que confirmou em interrogatório, a matou em sua quitinete, com requintes de crueldade. Após, preparou todo o cenário para a ‘segura’ ocultação do cadáver, o que contou com apoio do outro investigado”, explicou o delegado Caio Albuquerque.

A investigação apurou também que Jefferson mentiu quando disse que Rosimeire esteve em um lava jato após entregar as mercadorias que ele havia comprado e que permaneceu lá, aguardando a lavagem de seu veículo. Segundo ele, só depois é que ambos foram à quitinete dele para fazer a testagem do batedor de milk shake, momento em que Rosemeire foi morta.

Testemunhas ouvidas pela DHPP negaram que Rosemeire tenha estado no lava jato no dia em que morreu. Inclusive, uma delas informou à Polícia Civil que o autor do crime foi ao lava jato por três dias consecutivos para lavar o veículo, do qual se apossou após cometer o crime.

“O que constatamos e está nos autos, de forma coerente e objetiva, é a situação de uma mulher que, deslocando-se para a entrega de um maquinário e mercadoria, acabou caindo em uma verdadeira cilada, tendo seu veículo subtraído, seguido de sua morte e ocultação do cadáver”, concluiu o delegado.

(Com Assessoria)

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