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Justiça mandou prender ex-secretários por envolvimento com grampos

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Justiça mandou prender ex-secretários por envolvimento com grampos

O caso dos grampos telefônicos apareceu no noticiário em maio e desde então foi presença constante em 2017. Ao menos quatro ex-secretários teriam atuado no esquema, de acordo com as investigações da Polícia Judiciária Civil. Em 23 de junho, o desembargador Orlando Perri determinou a prisão de dois deles, os coronéis Evandro Ferraz Lesco e Airton Benedito Siqueira. Mais tarde, em setembro, a Operação Esdras ainda prenderia os ex-secretários Paulo Taques e Rogers Jarbas, além dos dois primeiros.

Veja a matéria completa:

BARRIGA DE ALUGUEL
Justiça manda prender dois secretários do governo por suspeita de grampos ilegais
Coroneis Evandro Lesco e Airton Siqueira Júnior são, atualmente, o chefe da Casa Militar e o secretário de Justiça e Direitos Humanos

Ednilson Aguiar/O Livre

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

O desembargador Orlando Perri determinou a prisão dos coroneis Evandro Lesco e Airton Siqueira Júnior na ação que apura suspeitas de grampos ilegais no âmbito do governo do Estado. Os dois militares são, atualmente, o chefe da Casa Militar e o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso. Também foram autorizadas buscas nas secretarias e nas casas dos coroneis.

Procurado, o Gabinete de Comunicação informou que não foi comunicado sobre nenhum pedido de prisão envolvendo integrantes do governo. 

Siqueira Júnior foi chefe da Casa Militar até janeiro deste ano, quando foi nomeado para a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). No lugar dele, assumiu Lesco, que até então era secretário-ajunto da Casa Militar.

Há informações de que outros dois coroneis da Polícia Militar souberam dos mandados de prisão e comunicaram a cúpula do governo. Ao saber do vazamento ilegal, o governador Pedro Taques teria comunicado o Tribunal de Justiça.

Outros militares 
Há exatamente um mês, no dia 23 de maio, foram presos outros dois militares: o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar, e o cabo Gerson Luiz Golveia Júnior. 

Em depoimento colhido pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM) no final de maio, a sargento Andrea Pereira de Mouro Cardoso, que foi apontada como um dos três militares que tiveram acesso a escutas ilegais, informou que um escritório no Centro de Cuiabá, equipado com telefones e computadores, teria sido montado a partir de articulações do coronel Siqueira Junior.

Compra de equipamentos
Na denúncia sobre os grampos ilegais feita pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, aparece uma nota fiscal de pouco mais de R$ 20 mil em nome do coronel Lesco. A nota se refere a “módulo gsm” no valor de R$15,7 mil, utilizado para fazer gravações, e um “servidor de aplicação” no valor de R$ 8,5 mil, usado para armazenar escutas.

Embora esteja em nome do militar, o endereço que aparece na nota é “Avenida Historiador Rubens de Mendonça, 6135”, onde está localizado o Comando da Polícia Militar de Mato Grosso. A compra foi feita em uma loja de equipamentos de tecnologia em Cuiabá. Quando a reportagem foi publicada, o LIVRE procurou Lesco, mas ele não quis comentar o documento.

A investigação
O caso de interceptações telefônicas ilegais foi denunciado pelos promotores de Justiça Mauro Zaque e Fábio Galindo enquanto ambos respondiam pela pasta de Segurança Pública, em 2015. Os crimes vieram à tona no dia 11 de maio deste ano, quando uma reportagem do Fantástico esteve em Cuiabá realizando entrevistas sobre o caso.

No mesmo dia, o então secretário-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, deixou o cargo – o telefone de uma mulher apontada como ex-amante dele aparece na lista de números grampeados. O governador diz que a denúncia apresentada por Zaque foi uma fraude.

Segundo a denúncia, uma investigação de tráfico de drogas em Cáceres foi usada para o esquema conhecido como “barriga de aluguel”: foram incluídos nas escutas os telefones de pessoas que não tinham ligação com os crimes. Números da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do jornalista José Marcondes “Muvuca”, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, de médicos e de outros profissionais aparecem na lista.

Um telefone que pertencia a uma policial da inteligência do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também teria sido interceptado ilegalmente: à época, o MP investigava as operações Metástase, Chacal, Seven e Rêmora.

 

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