Agência Câmara
Ságuas Moraes hoje é deputado federal
Três dos políticos excluídos da lista de propina do ex-deputado José Riva disseram que não tinham conhecimento do esquema de mensalão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, apesar de terem ouvido boatos. Otaviano Pivetta (PSB), Ságuas Moraes (PT) e Verinha Araújo (PT) afirmaram ao LIVRE que o papel deles como parlamentares não era investigar ou julgar os colegas. Por isso, se mantiveram distantes de qualquer rumor sobre corrupção.
“Essa conversa paira sobre os parlamentos”, disse Verinha, ao ser questionada sobre rumores de propina. “É cultural no Brasil falar que tem corrupção. Mas nunca chegou para mim qualquer denúncia por escrito, eu nunca vi ninguém assinando recibo, recebendo propina, e ninguém me disse que recebia”, afirmou a ex-deputada.
Ságuas também desconfiava da existência de esquemas, mas preferiu não se envolver na questão. “A gente ouvia muito zum zum zum. Mas, se você não vai atrás dos rumores, não procura saber, acaba ficando distante. A gente ouve isso nos corredores da Câmara Federal também, mas ninguém vê, ninguém sabe exatamente como. Para saber como é, tem que ir atrás, se envolver”, explicou o petista, que hoje é deputado federal.
Otaviano Pivetta também admitiu ter ouvido rumores. “Eu nunca soube de esquema. Mas, na ‘rádio peão’, sempre havia comentários”, relatou. “Quem sou eu para julgar alguém? Não sou delegado, não sou da polícia, não sou da Justiça. Não posso julgar ninguém”, completou.
Desconfiar x denunciar
Os três afirmaram à reportagem do LIVRE que não tinham elementos suficientes para fazer qualquer tipo de denúncia formal sobre as propinas. “Vou denunciar o que, se não chegou nada para mim? Como eu ia denunciar algo [de] que não tinha provas?”, questionou a professora Verinha.
O ex-prefeito de Lucas afirma que chegou a tentar conseguir dados, mas não teve sucesso. “Eu atuava como parlamentar, e como parlamentar fiz os requerimentos necessários para esclarecer isso. Eu não tinha indícios nem provas para levar ao Ministério Público. Eu tentei pegar informações com a Mesa Diretora mas não consegui aprovar os requerimentos”, disse Pivetta.
“Desconfiar é coisa de investigador. O que eu considerava gritante na Assembleia era a falta de transparência. Por isso, fiz inúmeros requerimentos pedindo informações sobre a aplicação dos recursos e lotacionogramas. Como prefeito [de Lucas do Rio Verde], eu sempre prestei contas dos gastos públicos”, completou.
O deputado petista, por sua vez, afirmou que estava focado em seu mandato. “Alguns dizem que eu poderia ter denunciado. Mas eu vou denunciar uma coisa que eu não sei, que eu não tenho provas? Eu não estava lá para investigar meus pares, mas para exercer a atividade para a qual fui eleito. Se o deputado fica na futricagem, procurando coisa, caçando, arrumando encrenca, ele não trabalha. Eu ficava cuidando do meu mandato”, disse Ságuas.
Divulgação
Otaviano Pivetta foi prefeito de Lucas do Rio Verde
A lista de Riva
Na sexta-feira, 31, durante audiência da Operação Imperador, o ex-deputado José Riva entregou um esquema de propina mensal aos deputados estaduais, coordenado por ele, que teria iniciado no governo Dante de Oliveira (PSDB), na década de 90, e se estendido pelo governo Blairo Maggi (então no PR, hoje no PP) até o governo Silval Barbosa (PMDB). Os valores teriam começado em R$ 15 mil e chegado a R$ 25 mil.
Ele denunciou 33 pessoas como beneficiárias do esquema, sendo que oito ainda exercem mandato na Assembleia Legislativa. No depoimento, Riva ainda isentou cinco parlamentares. “No primeiro período, de 2003 a 2007, posso precisar com certeza que Chico Daltro, Zé Carlos do Pátio, Ságuas Moraes e Verinha não receberam”, informou. “Otaviano Pivetta também não recebeu.”
Foram citados por Riva como beneficiários da mesada:
Deputados estaduais
1) Mauro Savi (PSB)
2) Pedro Satélite (PSD)
3) Gilmar Fabris (PSD)
4) Sebastião Rezende (PSC)
5) Wagner Ramos (PSD)
6) Adalto de Freitas (SD)
7) Guilherme Maluf (PSDB)
8) Zé Domingos Fraga (PSD)
Ex-deputados
1) Silval Barbosa (ex-governador)
2) Sérgio Ricardo (conselheiro do TCE afastado do cargo)
3) Carlos Carlão do Nascimento
4) Dilceu Dal Bosco
5) Alencar Soares (ex-conselheiro do TCE)
6) Renê Barbour (falecido)
7) Campos Neto (atualmente conselheiro do TCE)
8) Zeca D’Ávila, empresário do agronegócio
9) Nataniel de Jesus
10) Humberto Bosaipo (ex-conselheiro do TCE)
11) Carlos Brito, secretário-adjunto de Ação Governamental da Casa Civil
12) Eliene Lima, ex-deputado federal
13) João Malheiros
14) José Carlos de Freitas, empresário do agronegócio
15) Chica Nunes, ex-deputada estadual
16) Wallace Guimarães, médico e ex-prefeito de Várzea Grande
17) Percival Muniz, ex-prefeito de Rondonópolis
18) Juarez Costa, ex-prefeito de Sinop
19) Walter Rabello (falecido)
20) Airton Português, assessor do deputado Guilherme Maluf
21) Maksuês Leite, jornalista e empresário
22) Ademir Brunetto
23) Chico Galindo, ex-prefeito de Cuiabá
24) Antônio Brito
25) Nilson Santos, ex-prefeito de Colíder
