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Honestômetro: picolé a R$ 2 e você só paga se quiser

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Honestômetro: picolé a R$ 2 e você só paga se quiser
Ednilson Aguiar/ O Livre

Quanto vale sua honestidade? A pergunta não é fácil de ser respondida, mas um teste realizado desde o início do ano pela Associação dos Auditores da Controladoria Geral do Estado de Mato Grosso (Assae) pode medir – pelo menos em tese – se você está sendo realmente honesto ou não.

Nenhuma câmera, vendedor ou segurança e um freezer recheado de picolés. O preço de cada um é R$ 2. Pagar pelo produto, ou não, é uma decisão de quem se interessa pela oferta.

Ao lado do freezer está a urna onde deve ser depositado o dinheiro. E nem mesmo este recipiente está fechado com cadeado. Levar todo o valor já depositado ali ou simplesmente ignorá-lo também fica a critério do “cliente”.

A sede da Controladoria Geral do Estado (CGE), localizada no Centro Político Administrativo, foi o local escolhido para implantação do “Honestômetro”, nome dado pela Assae. Logo, o freezer deve chegar a novos pontos da Capital.

Desde janeiro, quando a iniciativa foi implantada, até hoje a “perda” variou entre 2% no primeiro mês e 8% no último mês calculado.

Segundo este índice, em uma média de 600 picolés adquiridos mensalmente, 48 unidades não estão sendo pagas, o que aponta que mais de 90% dos “clientes” passaram pelo teste. O índice é considerado satisfatório pelo presidente da Assae, André Luiz Costa Ferreira.

“Existe uma ideia de que a população é desonesta, que se colocar assim, disponível, todo mundo vai roubar e levar sem pagar, o que não é verdade. Isso mostra que 92% das pessoas são confiáveis. E não é porque o picolé custa R$ 2, é porque as pessoas têm consciência”, ele avalia.

E o troco?

Não é raro ver notas de R$ 50 ou R$ 20 dentro da urna de pagamento. André explica que, assim como todo o resto – a decisão de pagar ou não e até de levar o dinheiro já arrecadado embora – o troco fica a critério dos “clientes”. Como a urna é aberta, a pessoa pode pegar seu troco à vontade.

O fato é que no fim do mês, o “Honestômetro” deve – ou deveria – render R$ 1,2 mil, o suficiente para pagar pelo produto – adquirido por R$ 1 direto do fabricante – e a energia elétrica consumida pelo freezer.

Presidente da associação responsável pela ação, André Luiz Costa Ferreira – Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre

“Este é um teste de integridade que demonstra um controle que pode ser exercido pela sociedade, ou seja: a sociedade é capaz de controlar as ações dela. É essa a mensagem que queremos passar”, explicou André.

Mas e o público?

Por se tratar de um órgão do governo, a experiência do “Honestômetro” fica restrita a um tipo de público: servidores estaduais. Por isso, a Assae já pensa em levar o teste para outros lugares da cidade.

Na próxima semana, por exemplo, a experiência será compartilhada durante dois dias em um seminário voltado para alunos dos cursos de Economia e Ciências Contábeis da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

“Nós vamos levar para um lugar onde não tem apenas servidores públicos, mas também estudantes. Mas eu acho que o resultado do teste independe do tipo de público. Os índices de perda que temos aqui na CGE, possivelmente, serão semelhantes aos demais locais”, defendeu o presidente da Assae.

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