Secretário Estadual de Cultura na gestão Blairo Maggi, o jornalista e historiador João Carlos Vicente Ferreira lamenta a falta de continuidade de programas governamentais. Em entrevista ao programa O Livre, ele afirma que obras de recuperação do patrimônio histórico e eventos de incentivo ao setor não foram para frente por falta de vontade política e até ciúme.
Ferreira lembra da Literamérica, feira literária realizada em Cuiabá que buscava integrar escritores de todos os países da América Latina. O objetivo era atrair estudantes e formar leitores. Houve duas edições: em 2005 e 2006. Em 2007, relata, o evento foi cancelado sob a justificativa de falta de recurso. “Entendi, alguns anos depois, que aquilo cresceu tanto e foi tão importante que alguns colegas secretários boicotaram e ficaram enciumados”, diz.
Outro ponto levantado pelo ex-secretário é a falta de investimento na recuperação do patrimônio histórico. De acordo com ele, ações de conservação e tombamento de imóveis antigos – inclusive por meio de parcerias com a iniciativa privada – não foram levadas adiante.
A dois anos do aniversário de 300 anos de Cuiabá, o historiador afirma que o planejamento das comemorações deveria ter sido iniciado há 15 ou 20 anos. “Cuiabá tem uma importância para Mato Grosso na questão geográfica e histórica muito maior do que nós mato-grossenses e brasileiros podemos imaginar”, afirma.
“Essa compleição do mapa do Brasil deve-se ao ouro cuiabano. Quando Cuiabá começou a ser ocupada pelos bandeirantes paulistas no século XVIII, tudo isso aqui era [território da] Espanha”, justifica, lembrando a atuação dos portugueses para ocupar regiões do Oeste do país, forçando uma mudança no traçado do Tratado de Tordesilhas.
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