Ednilson Aguiar/O Livre
La Chocolê
Depois de três anos mantendo uma loja de roupas em um shopping de Cuiabá, as proprietárias do espaço, as irmãs Nikaele e Taliane Duarte, viram o negócio ser engolido pela crise. Fecharam o estabelecimento em fevereiro do ano passado, ficaram sem fonte de renda e com dívidas a pagar.
Religiosas, começaram a produzir e a vender bolos em pequenas porções, como uma espécie de propósito de fé, e perceberam que a iniciativa tinha boa aceitação entre os amigos da igreja.
Não tardou para, por meio de um grupo de whatsapp do condomínio em que Nikaele mora, os vizinhos também provarem a iniciativa. “Em 15 dias vendemos por volta de 500 bolos”, contou Taliane, 25 anos.
Animadas com os números e pelo estímulo da família, continuaram. Incrementaram a produção, passando a investir em recheios e diferentes sabores. Em julho, criaram um conta no Instagram, batizando-a de La Chocolê Doceria.
As fotos e vídeos que elas mesmo fazem dos bolos que produzem, aliados à qualidade do produto, fizeram o negócio deslanchar. “Atualmente, vendemos uma média de mil a 1,5 mil bolos por mês”, relatou Nikaele, 31 anos. Cada pote varia de R$ 10 a R$ 12.
“A demanda está bem alta, a cozinha daqui de casa já não está sendo o suficiente, em breve devemos nos mudar para um espaço mais adequado, maior. O sistema, contudo, continuará a funcionar como delivery”, informou.
Em pouco mais de um ano, a La Chocolê possui no Instagram mais de 42 mil seguidores. Já a página da doceria no Facebook conta com mais de 5,8 mil curtidas.
Na rede social, os vídeos já chegaram a ser repercutidos por páginas de entretenimento internacionais, como a 9Gag. Um dos vídeos das irmãs, contabilizou mais de 6,2 milhões de visualizações. “Nos disseram que foi um dos mais vistos da página dos últimos tempos”, diverte-se Taliane.
“Já chegaram ofertas de Dubai, Amsterdam e Paris para abrirmos filiais da doceria nesses países, mas temos o pé no chão. Uma coisa de cada vez, né?”, diz a irmã.
Informalidade
A iniciativa das irmãs ilustra uma situação evidenciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada, que é o aumento dos empregos informais.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados na última quinta-feira (31), revelaram que a taxa de desemprego do país caiu 0,8 ponto percentual, em relação ao trimestre encerrado em abril e fechou o período de maio a julho deste ano em 12,8%.
Conforme o IBGE, a maioria dos 721 mil brasileiros que deixaram a fila do desemprego no trimestre encerrado em julho o fizeram via informalidade.
“O aumento aconteceu, principalmente, entre os empregados sem carteira assinada, contingente que respondeu por mais 468 mil novos empregos, e entre os trabalhadores por conta própria, que responderam pelo ingresso de mais 351 mil pessoas no mercado”, enfatizou o instituto, em nota.
O desemprego no Brasil afeta ainda, contudo, 13,3 milhões pessoas.
Inovação
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Barbearia do Mestre
Percebendo que a clientela diminuía e que, ao mesmo tempo, crescia a procura pelos food trucks (trailers ou caminhões adaptados que vendem comida), o barbeiro cuiabano David de Almeida Júnior, 27 anos, decidiu inovar.
Trocou o seu veículo Civic, avaliado em R$ 40 mil mil em um ônibus, para transformá-lo em um salão móvel. Pouco mais de um ano depois, no processo de personalização do novo espaço, surgiu a Barbearia do Mestre, em 2016, no município de Americana, em São Paulo, onde o rapaz vivia com a esposa.
Após o casamento chegar ao fim, David voltou para Cuiabá neste ano com o seu salão-barbearia. Depois de uma temporada na Arena Food Park, situada na Arena Pantanal, estacionou o seu negócio na Avenida das Palmeiras, no bairro Jardim Imperial. Lá, atende das 8h às 21h de segunda a sábado, e, aos domingos, das 8h ao meio-dia.
“Se eu não buscasse uma inovação, certamente teria ficado para trás ou estagnado. E se tem algo que me incomoda é em ficar parado no tempo, desatualizado”, afirmou o barbeiro, que possui mais de dez especializações sobre diferentes cortes, além de 11 anos de experiência no ramo.
Para personalizar o ônibus, David contou com a ajuda da clientela que atendia no antigo salão. “Não contratei ninguém de fora. Todas as informações que utilizei para adaptar o ônibus tirei da própria cadeira, em conversas com os clientes. O que mais gosto em ser barbeiro é isso, da oportunidade de se fazer amizades, de se criar vínculos”, afirmou.
O ônibus-barbearia possui visual retrô e rústico. Por dentro, é todo de madeira, a poltrona de espera é feita de pallets e o painel que fica entre os espelhos e o teto é inspirado nos negativos de películas de cinema.
Discos de vinil pelas paredes ainda compõem o visual. O espaço é climatizado por três aparelhos de ar-condicionados e conta com um refrigerador com sucos, refrigerantes e cervejas, além de som ambiente.
David tem dois funcionários e até três clientes podem ser atendidos ao mesmo tempo. O corte de cabelo custa R$ 30 e quem quiser pode ainda fazer a barba, ou pigmentá-la.
Ednilson Aguiar/O Livre
Barbearia do Mestre