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Cuiabá: 35% dos alunos do 9º ano não foram ao dentista no intervalo de 12 meses

Especialista aponta que visita periódica é importante para evitar problemas bucais

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Cuiabá: 35% dos alunos do 9º ano não foram ao dentista no intervalo de 12 meses
(Foto: Cedric Fauntleroy / Pexels)

Em Cuiabá, 35% dos alunos do 9º ano, com idades entre 13 e 17 anos, não foram ao dentista nenhuma vez nos últimos 12 meses. A falta de cuidado com a saúde bucal pode acarretar problemas que colocarão em risco todo o organismo.

O apontamento foi feito pelo estudo experimental da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que comparou dados da década de 2009 a 2019. Não há especificação em números absolutos, contudo, conforme os dados, essa média foi praticamente uma constante, se repetindo em 2012, caindo para 29% em 2015 e voltando para 35% no último ano analisado.

A pesquisa identificou ainda que 18% dos adolescentes entrevistados relataram ter tido dor nos dentes seis meses antes da pesquisa.

“Esse cenário poderia ser melhor. A recomendação que fazemos é para que a visita ocorra ao menos uma vez ao ano, mas seria ótimo se pudesse ser feita a cada 6 meses. Mas o ideal seria ir conforme a realidade e necessidade de cada indivíduo, pois há aqueles que precisam de uma periodicidade maior”, pontua Luiz Evaristo Volpato, professor do curso de Odontologia da Unic.

Por outro lado, há um outro dado que representa um aspecto positivo: 65% dos adolescentes apontaram que a frequência diária de escovação dos dentes é igual ou superior a três vezes.

“É um dado curioso. Enquanto um terço não foi ao dentista em um ano, dois terços disseram que escovam de forma adequada”, analisa Volpato.

Luiz Evaristo Volpato reforça que a visita ao dentista é importante para evitar problemas futuros (Foto: Acervo pessoal)

O especialista comenta ainda que essa realidade não fica restrita às crianças, mas os adultos também visitam pouco o dentista. “Hoje há mais acesso ao dentista do que anos atrás, mas ainda há quem pense que é um luxo”, comenta.

As primeiras visitas

Afinal, quando é necessário iniciar as visitas ao dentista? Especialista em odonto-pediatria, Volpato explica que a recomendação é para que assim que a mulher engravida, busque um profissional para acompanhá-la e orientá-la para quando o bebê nascer e iniciar a amamentação, o processo seja realizado corretamente.

O especialista destaca que há estudos que já apontam, inclusive, que quando a gestante tem problema de saúde bucal, há riscos de partos prematuros e de o bebê nascer com baixo peso.

“O aleitamento materno é importante tanto quanto a nutrição, mas também no cuidado afetivo com o bebê e para o desenvolvimento ósseo e muscular da face de forma harmônica”, explica Volpato.

Um novo retorno é indicado para quando a criança completar seis meses de vida, época em que começam a nascer os dentinhos. “A orientação dependerá da realidade dessa família, se o bebê ainda está amamentando só no peito ou se já faz uso da mamadeira. Para cada caso há uma indicação”, diz o especialista.

Quais problemas podem surgir?

A falta de uma higiene bucal adequada pode resultar no aparecimento de cáries, mesmo nos dentes de leite, e isso pode causar uma infecção. Outro problema que pode aparecer é a gengivite, que é a inflamação das gengivas, informa Volpato.

(Foto: Cottonbro / Pexels)

Essas inflamações podem, inclusive, se espalhar pelo corpo, se a bactéria cair na corrente sanguínea. Um dos problemas que podem surgir por isso é a endocardite bacteriana, que é uma inflamação do tecido muscular do coração.

“Os principais problemas são as cáries, doenças gengivais, mau posicionamento dos dentes, fissura labiopalatina e até o câncer de boca. Esse último é mais frequente nos adultos, que podem sofrer ainda com perdas dentárias, as quais necessitam de tratamentos mais complexos, como a colocação de próteses”, indica o especialista.

Por isso, é importante estar atento e fazer da escovação e do uso do fio dental como hábitos diários e também realizar as visitas ao dentista, para evitar problemas futuros.

Educar e conscientizar

Volpato comenta que está ocorrendo um maior investimento na saúde bucal, por parte do poder público, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para a conscientização do público, no sentido de compreender que é preciso cuidar para evitar maiores problemas futuros.

Aliado a isso, é preciso melhorar também o acesso ao acompanhamento periódico da saúde bucal, e aos tratamentos quando necessário.

“É preciso investir também, principalmente, na educação, afinal, os países mais desenvolvidos são aqueles que investem nessa área. Isso acarreta em uma melhoria em todos os aspectos da vida do ser humano, como na saúde como um todo”, finaliza.

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