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Cowgirl já ganhou dez motos e R$ 500 mil em dinheiro

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Cowgirl já ganhou dez motos e R$ 500 mil em dinheiro

Ela tem longos cabelos loiros, 1,80m de altura, 55 kg e se considera uma mulher muito vaidosa. Poderia ser modelo, mas a catarinense radicada em Mato Grosso desde os dez anos de idade Edna Antonowiski é conhecida como a “campeã das campeãs” quando o assunto é rodeio feminino. 

Para a surpresa de alguns, Edna – assim como dezenas de outras mulheres – optou pela modalidade “Bareback”, o estilo mais radical na montaria em cavalos. A montaria é feita “no pelo”, ou seja, sem sela, onde o competidor deve segurar em uma alça feita de couro ficando totalmente solto em cima do cavalo. 

Para quem dúvida das suas façanhas, ela não consegue lembrar de cabeça quantas vezes esteve no lugar mais alto do podium. Quando faz as contas lembra de ter ganhado dez motos e pelo menos R$ 500 mil em dinheiro. “Não tenho o número de vitórias de cabeça, mas sou a cowgirl mais premiada dos rodeios femininos”, disse.

Edna Rodeio Feminino

 Conhecida como campeã das campeãs, ela não descuida do visual 

Edna montou pela primeira vez aos 15 anos, em um touro Nelore na fazenda da família em Alta Floresta. Muito arrisco, o resultado foi desastroso. Ela caiu e machucou o ombro. Meses depois, conversando com peões da cidade, ficou sabendo que já existia uma companhia de rodeio para mulheres. Na festa de peão da cidade, a irmã e uma amiga da cowgirl começaram a montar. Enquanto isso, Edna se recuperava do tombo.

Passado o susto, no mesmo ano, ela seguiu para Rondônia onde participaria do primeiro rodeio profissional. “Foi difícil convencer meus pais, mas eles acabaram assinando a autorização”, conta. No caminho para o estado vizinho, pegou dengue. “Estava doente. Mas na hora que eu montei foi uma realização. Parecia que eu tinha me achado. Eu nasci para fazer isso, pensei”.

Na extinta TV Manchete passava a novela “Ana Raio e Zé Trovão” e os episódios da ficção inspiravam a jovem na vida real. “Daí a paixão surgiu quase instantaneamente. Sabe quando você está com vontade de comer alguma coisa e não sabe o que é? Era mais ou menos esse o sentimento até me encontrar no rodeio”, revelou.

Ao lado da irmã mais velha a decisão de continuar nos rodeios estava tomada. Dificuldades, dores e preconceito começaram a fazer parte do dia a dia da cowgirl, mas em momento algum pensou em desistir. “Você não escolhe o rodeio; é o rodeio te escolhe”.

Na 53ª Expoagro de Cuiabá, Edna foi uma das atrações durante os quatro dias de rodeio. Ao final das provas, ela somou 387 pontos, média de 76,25 pontos por noite e foi a campeã. Mais uma vitória para a conta. É Edna também quem lidera as meninas da Horse Jumping Team, considerada a única companhia de rodeio feminino do mundo.

Ednilson Aguiar/O Livre

Rodeio Feminino

Edna lidera a equipe Horse Jumping Team, considerada a única companhia de rodeio feminino do mundo

Preparação
Com a agenda lotada de provas, Edna revela que não gosta de treinar. “Meu treinamento é mais mental. Você tem que estar com a cabeça boa para montar”. Mas a moça não descuida da balança. “Eu não posso ganhar peso, pois se ganho peso sinto que dificulta para mim”.

Vaidosa, ela não descuida do visual em momento algum. Com lábios pintados, unhas feitas e detalhes em cor de rosa no uniforme, a cowgirl defende que as mulheres façam o mesmo. “Não é porque você está fazendo um esporte aparentemente masculino que você vai se vestir como homem”, explica.

Para as demais meninas da equipe, Edna disse destacar sempre o lema que carrega por onde passa: “acima de tudo mulher”. Para a competidora, é desnecessário que uma jovem mude seu visual ou estilo por conta do rodeio. “Pelo contrário, ela tem que ficar ainda mais vaidosa para que as pessoas a vejam como mulher. Não estamos falando de opção sexual. Respeitamos as escolhas de cada uma”.

Ednilson Aguiar/O Livre

Rodeio Feminino

Para a campeã, o preconceito existe, mas garante que o lugar da mulher é onde ela quiser

 

Rivalidade
“A rivalidade sempre existe”, afirma a campeã que, além de competir, organiza toda a logística para a equipe, desde as viagens das meninas, até o deslocamento da tropa de animais que pode chegar a 20 cavalos. “Quanto mais duras elas forem, melhor para mim, melhor para a nossa equipe”. Ela conta que fica de olho das meninas da companhia, aconselha e dá dicas. “Ganhar todo mundo quer, porque afinal tem uma premiação, é dinheiro que está em jogo. Mas uma tem que ajudar a outra”, defendeu.

Preconceito
Para a campeã o preconceito é algo que continua existindo e lamenta a postura de alguns homens que pensam que o lugar da mulher não é em uma arena de rodeio. “Lugar de mulher é onde ela quiser”, destacou.

Edna conta que já viu “companheiros” de profissão ficarem com dó ao ver mulheres montar e chegou a ouvir que “mulher não foi feita pra isso”. “É uma profissão como outra qualquer. Pra mim não há diferença. Eu escolhi essa profissão”.

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