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Chefe da Casa Militar é preso; coronéis convocam reunião extraordinária

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Chefe da Casa Militar é preso; coronéis convocam reunião extraordinária

Ednilson Aguiar/O Livre

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

Coronel Evandro Lesco, chefe da Casa Militar

O chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, o secretário-adjunto, coronel Ronelson Jorge de Barros, e mais quatro militares foram presos no fim da tarde desta sexta-feira (23) na investigação sobre os grampos ilegais. O Conselho dos Coronéis convocou uma reunião extraordinária para a próxima segunda (26). Em nota, o governo manifestou apoio ao chefe da Casa Militar e ao secretário-adjunto.

Também foram presos o tenente coronel Januário Batista, que esteve por dez anos no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e passou pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), e o cabo Euclides Luiz Toresan. Os presos estão sendo ouvidos na Vara Militar, em audiência de custódia, pelo juiz Marcos Faleiros.

Estão ainda na lista o corregedor-geral da Polícia Militar, Alexandre Mendes, e o diretor de inteligência da PM, Victor Fortes, que foram denunciados pelo governador Pedro Taques por vazar informações sobre as buscas e prisões para a cúpula do governo. No caso deles, trata-se de prisões administrativas militares pelo prazo de 30 dias.

As informações sobre as prisões começaram a circular no início da tarde desta sexta. Em seguida à reportagem do LIVRE, o governador anunciou uma troca no comando da Polícia Militar. 

Inicialmente, informações apuradas pelo LIVRE davam conta de que também havia sido emitido mandado de prisão contra o coronel Airton Siqueira Júnior, secretário de Justiça e Direitos Humanos e ex-chefe da Casa Militar, o que acabou não ocorrendo. Junto com o coronel Lesco, o coronel Siqueira também foi avisado da operação por militares – o vazamento foi comunicado pelo governador Pedro Taques ao Tribunal de Justiça. 

Outros militares
Há exatamente um mês, no dia 23 de maio, foram presos outros dois militares: o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar, e o cabo Gerson Luiz Golveia Júnior.

Em depoimento colhido pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM) no final de maio, a sargento Andrea Pereira de Mouro Cardoso, que foi apontada como um dos três militares que tiveram acesso a escutas ilegais, informou que um escritório no Centro de Cuiabá, equipado com telefones e computadores, teria sido montado a partir de articulações do coronel Siqueira Junior.

Compra de equipamentos
Na denúncia sobre os grampos ilegais feita pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, aparece uma nota fiscal de pouco mais de R$ 20 mil em nome do coronel Lesco. A nota se refere a “módulo gsm” no valor de R$15,7 mil, utilizado para fazer gravações, e um “servidor de aplicação” no valor de R$ 8,5 mil, usado para armazenar escutas.

Embora esteja em nome do militar, o endereço que aparece na nota é “Avenida Historiador Rubens de Mendonça, 6135”, onde está localizado o Comando da Polícia Militar de Mato Grosso. A compra foi feita em uma loja de equipamentos de tecnologia em Cuiabá. Quando a reportagem foi publicada, o LIVRE procurou Lesco, mas ele não quis comentar o documento.

A investigação
O caso de interceptações telefônicas ilegais foi denunciado pelos promotores de Justiça Mauro Zaque e Fábio Galindo enquanto ambos respondiam pela pasta de Segurança Pública, em 2015. Os crimes vieram à tona no dia 11 de maio deste ano, quando uma reportagem do Fantástico esteve em Cuiabá realizando entrevistas sobre o caso.

No mesmo dia, o então secretário-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, deixou o cargo – o telefone de uma mulher apontada como ex-amante dele aparece na lista de números grampeados. O governador diz que a denúncia apresentada por Zaque foi uma fraude.

Segundo a denúncia, uma investigação de tráfico de drogas em Cáceres foi usada para o esquema conhecido como “barriga de aluguel”: foram incluídos nas escutas os telefones de pessoas que não tinham ligação com os crimes. Números da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do jornalista José Marcondes “Muvuca”, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, de médicos e de outros profissionais aparecem na lista.

Um telefone que pertencia a uma policial da inteligência do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também teria sido interceptado ilegalmente: à época, o MP investigava as operações Metástase, Chacal, Seven e Rêmora.

 

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