Cuiabá

Caminhões-pipa e transtornos: condomínios de Cuiabá sofrem com a falta de água há uma semana

O desabastecimento de água chegou a vários pontos da Capital e os condomínios verticais têm sido os mais afetados

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Caminhões-pipa e transtornos: condomínios de Cuiabá sofrem com a falta de água há uma semana
(Agência Brasil)

Roupas sujas amontoadas, brigas em grupos de condomínios, síndicos em desespero, publicações em redes sociais… O abastecimento de água em Cuiabá nesta semana causou alvoço na população, principalmente em habitações verticais, que estão com maior dificuldade de retomar o fornecimento normal.

Segundo a Águas Cuiabá, o problema começou no domingo da semana passada, 17 de março, quando o sistema de abastecimento atendido pela Estação de Tratamento (ETA) Central precisou passar por uma manutenção emergencial de equipamentos eletromecânicos.

A partir disso, houve uma reação em cadeia, na tentativa de solucionar os problemas deixados pela manutenção. “Ao longo da semana, o sistema passou por pressurização – procedimento técnico e mecânico, dentro da dinâmica do saneamento – que consiste no retorno gradativo da água pelas tubulações, conforme volume e pressão”, afirmou a Águas Cuiabá em nota.

A concessionária afirma estar com equipes mobilizadas em diversos bairros da Capital, monitorando o sistema de abastecimento. Mas, até o momento, uma semana depois no início do desabastecimento, muitos cuiabanos ainda estão sofrendo com a falta de água.

Água fraca

A advogada Silvia Salviano, 35 anos, que é síndica do condomínio Parque Chapada das Dunas, localizado no Bairro Coophema, em Cuiabá, tem vivido uma luta diária em busca de uma solução para os 276 apartamentos que representa.

Ao LIVRE, ela contou que, no Chapada das Dunas, o desabastecimento começou a ser notado na terça-feira (19), quando a bomba de água começou a ligar e desligar sozinha.

“Imediatamente chamamos o técnico e soubemos que a água da rua estava vindo muito fraca, sendo impossível acionar o sensor de nível de água da torre, até mesmo porque a torre já estava vazia. Então, deduzimos que essa situação de água vir fraca da rua já se encontrava há dias”, disse Silvia.

Já na terça-feira à tarde, Silvia precisou começar a busca por caminhões-pipas. Porém, como toda a cidade já vinha sofrendo com o desabastecimento, os preços estavam muito mais altos e, mesmo aceitando o valor, não havia mais empresas com disposição para atender o condomínio.

Silvia abriu o primeiro chamado na Águas Cuiabá e foi informada que estava ocorrendo uma “manutenção na rede”. Foi dado um prazo de 24 horas para envio de um técnico.

A partir desse momento, a síndica precisou controlar a saída de água da torre e iniciar uma campanha nos grupos do condomínio, pedindo que os moradores economizassem água. Ainda assim, a habitação ficou totalmente desabastecida.

Na quarta-feira (20), Silvia conseguiu o primeiro caminhão-pipa. A procura estava tão grande, que ela precisou pagar R$ 900 por 30 mil litros. A quantidade não foi suficiente, pois somente a torre do condomínio comporta 120 mil litros.

Até hoje (23), Silvia já precisou contratar caminhões-pipa 4 vezes e registrou mais de 5 protocolos de atendimento na Águas Cuiabá, solicitando técnicos.

Eu e a subsíndica não nos conformamos com a situação, e fui pessoalmente até a Águas na tarde da quinta-feira. Conversei com o setor de grandes consumidores, registrei outro protocolo de solicitação de técnico, caminhão-pipa e verificação da nossa rede. Mas, até o momento, nem sinal de nada”, lamentou Silvia.

A Águas Cuiabá esteve no condomínio na manhã de ontem (22) e encontrou uma obstrução no cavalete que poderia estar causando o desabastecimento. Porém, a desobstrução não solucionou o problema.

“O técnico que faz manutenção nas bombas já me informou que toda essa irregularidade de água prejudica as bombas”, disse a síndica.

desabastecimento de água
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

Sem água na cidade toda

O síndico profissional Max Leander Martins Costa, 30 anos, administra 10 condomínios de grande porte em Cuiabá e Várzea Grande, e afirmou que ao menos 5 sofreram com a falta de água nesta semana: Chapada dos Lírios, Chapada das Borboletas, Chapada Raviera, Residencial Glória e Residencial Pantanal.

“Já foram pelo menos 5 condomínios com problemas de falta de água, onde, infelizmente, a Águas Cuiabá não consegue atender a demanda de abastecimento de caminhão-pipa, ficando a cargo do condomínio correr atrás de diversos contatos, na tentativa de conseguir um agendamento para que os moradores não fiquem totalmente sem água”, disse Max.

Ele conta que tem conseguido suprir a demanda dos condomínios em que atua como síndico antes que a água acabe totalmente, porém, tem precisado contar com a ajuda dos moradores.

“Estou contando sempre com a consciência dos moradores, no sentido de economizar água, evitando serviços que tenham grande consumo nesse período. Sabemos que existe a possibilidade de reembolso desses valores (dos caminhões-pipa) pela Águas Cuiaba, através de um processo administrativo que demora entre 30 a 60 dias. Mas, e enquanto isso, os condomínios que não possuem recursos em caixa para tal despesa?”, questionou o síndico.

Assim como Silvia, ele criticou o fato de algumas empresas estarem aproveitando o momento para aumentar o valor cobrado pela água.

“Sem contar que, nessas situações, o valor cobrado por caminhão-pipa pode subir até 300% do valor convencional, principalmente se o pedido acontecer no período noturno”, disse.

O que disse a Águas Cuiabá?

O LIVRE questionou a Águas Cuiabá quanto à previsão para que o abastecimento de água da Capital seja totalmente restabelecido, por que o problema segue sem ser resolvido, e sobre o processo para que os condomínios (e também moradores de casas comuns) consigam o ressarcimento dos valores gastos com caminhões-pipa durante este período.

Porém, a concessionária não deu um prazo para solução do desabastecimento de água na Capital, apenas disse que segue com equipes mobilizadas em alguns bairros, agindo conforme há registros de instabilidades no processo de restabelecimento.

Por fim, a Águas Cuiabá afirmou que, “até que o fornecimento de água seja regularizado, em sua totalidade, a empresa reforçou a frota de caminhões-pipas para atendimentos do moradores que necessitarem. As solicitações devem ser feitas pelos canais de atendimento: Call Center 0800 646 6115 (ligação gratuita) e WhatsApp (65) 9 9276-6008”.

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