Ednilson Aguiar/O Livre
Botelho disse que substituiu Janaina apenas porque ela viajou e ficará fora por alguns dias
O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), dissolveu a Comissão de Ética por causa da delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O delator afirmou à Procuradoria Geral da República (PGR) que pagou propina a diversos deputados, entre eles, alguns membros da comissão. Botelho informou que já assinou, na noite desta terça-feira (19), o ato nomeando os novos membros.
Ele nomeou uma nova comissão sem nenhum integrante delatado e retirou também a deputada Janaina Riva (PMDB). “Foi mudado todos os nomes e agora só tem deputados não citados na delação”, disse à imprensa. Durante a entrevista coletiva ele não explicou, porém, o motivo da troca da deputada, que não foi alvo da delação do ex-governador.
Ao LIVRE, Botelho disse que substituiu Janaina apenas porque ela viajou e ficará fora por alguns dias, de modo que ela não estará em Cuiabá se for realizada nesta semana a votação sobre a continuidade da prisão do deputado Gilmar Fabris (PSD). O presidente negou qualquer constrangimento pelo fato de ela ser filha do ex-deputado José Riva, que também estaria negociando uma delação premiada.
Os novos membros da Comissão de Ética são Leonardo Albuquerque (PSD), que assume a presidência, Wancley Carvalho (PV), Saturnino Masson (PSDB), Adriano Silva (PSB) e Allan Kardec (PT). O petista entrou no lugar de Janaina, pois a comissão segue a proporção dos blocos na Assembleia. Como os dois pertencem ao bloco de oposição, que tem direito a apenas uma cadeira em cada uma das comissões permanentes da Casa, Kardec acabou ficando com a vaga que era da deputada.
Delatados e investigados
Dos titulares da comissão dissolvida hoje foram delatados Pedro Satélite (PSD), Oscar Bezerra (PSB) e Silvano Amaral (PMDB). Apenas Janaina e Saturnino Masson ficaram de fora da delação, que foi apelidada por Fux como “monstruosa”. Dos membros suplentes destituídos, os alvos de Silval foram Ondanir Bortoloni, o “Nininho” (PSD), Guilherme Maluf (PSDB) e Romoaldo Junior (PMDB).
A colaboração de Silval foi feita no bojo da Operação Ararath, e desencadeou a Operação Malebolge (12ª fase da Ararath) na semana passada, que resultou em buscas e apreensões nas casas e gabinetes de diversos parlamentares, além da prisão do deputado Gilmar Fabris (PSD), suspeito de ocultar provas.
Botelho justificou a inclusão de Wancley na comissão sob o argumento de que ele não foi delatado por Silval – o parlamentar, porém, é investigado por peculato pela Procuradoria Geral da República (PGR) na Operação Ararath. “É sobre suprimento de fundos. Não tem a ver com a delação do Silval. Então ele pode ficar na comissão”, justificou o presidente à imprensa.
Eduardo Botelho é alvo do mesmo inquérito que Wancley, ao lado dos deputados estaduais Zeca Viana (PDT) e Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD), do ex-deputado e atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB) e do deputado federal Ezequiel Fonseca (PP-MT).
Início dos trabalhos
O novo presidente da comissão, Leonardo Albuquerque, afirmou ao LIVRE que quer reunir o grupo já nesta quarta-feira (20), para dar início ao trabalho de acompanhamento dos processos e operações envolvendo deputados estaduais, entre eles a prisão do deputado Gilmar Fabris. A comissão deve emitir um parecer opinando se a prisão de Fabris deve ou não ser mantida, para ser votado em plenário.
“Vamos enviar uma petição ao Supremo pedindo informações sobre o processo e a prisão do deputado Gilmar Fabris. Além disso, vamos acompanhar todos esses processos. Quero estar próximo ao Ministério Público e acompanhar pari passu toda essa situação envolvendo os deputados”, disse. Na semana passada, no dia que foi deflagrada a Operação Malebolge, antes da prisão de Fabris, Leonardo já havia cobrado a nomeação de uma nova Comissão de Ética.