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Bispo dom Pedro Casaldáliga cobra punição dos autores do crime

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Bispo dom Pedro Casaldáliga cobra punição dos autores do crime

 

Wilson Dias/Agência Brasil

casaldáliga

 

 

O bispo emérito dom Pedro Casaldáliga e o bispo dom Adriano Ciocca Vasino, de São Félix do Araguaia, cobram punição para os autores da chacina que matou cinco pessoas na Gleba Taquaruçu do Norte, no que fica no distrito de Guariba, em Colniza (1.065 km de Cuiabá). A prelazia de São Felix emitiu nota manifestando indignação com os assassinatos.

“A conseqüente impunidade no campo, fruto da omissão dos órgãos públicos, perpetua a violência”, diz trecho da nota. A chacina foi relatada na manhã de quinta-feira, 19. A identidade das vítimas ainda não foi confirmada. Segundo relatos, um dos mortos seria um pastor. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) negou os rumores de que haveria crianças entre as vítimas.

A chacina ocorreu em local de difícil acesso e marcada por conflitos agrários. Casaldáliga, que sempre teve forte atuação junto à Comissão Pastoral da Terra, movimento social de trabalhadores rurais ligado à igreja católica, acompanha os conflitos agrários na região. Os religiosos afirmam que as famílias de agricultores que moram no local são alvo de violência de 2004.

“Neste período, em decisão judicial, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt ganha reintegração de posse concedida pelo juiz de Direito da Comarca de Colniza, como anunciada na Nota da Comissão Pastoral da Terra, de 20 de abril deste ano. Em 2007, ao menos 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados”, afirmam os bispos na nota.

Eles lembram que Colniza já ocupou o posto de cidade mais violenta do país, e que há diversos outros conflitos agrários na região, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde o ano de 2004. “A população teme que outros massacres possam acontecer”, alertam.

Confira a nota na íntegra:

EM MATO GROSSO O CAMPO JORRA SANGUE 

A Prelazia de São Félix do Araguaia, em reunião com suas/seus agentes de pastoral, seu bispo dom Adriano Ciocca Vasino e o bispo emérito dom Pedro Casaldáliga, na cidade de São Félix do Araguaia – MT, manifesta sua dor, indignação e solidariedade com as famílias assassinadas na Gleba Taquaruçu, município de Colniza – MT, no dia 20 de abril.

Este massacre acontece num momento histórico de usurpação do poder político através de um golpe institucional, com avanços tão graves na perda de direitos fundamentais para o povo brasileiro que coloca o governo do atual presidente Temer numa posição de guerra contra os pobres, isso refletido de forma concreta nos projetos, como as Medidas Provisórias 215 e 759, que violam direitos dos povos do campo e comunidades tradicionais, como também no acirramento do cenário de violações contra as/os defensores de direitos humanos. Diversos políticos expõem abertamente seus discursos de ódio e incitação à violência contra as comunidades que lutam pelos seus direitos. Vivemos um clima de “Terra sem lei”, uma verdadeira guerra civil em nosso país.

Como consequência, o ano de 2016 foi o mais violento dos últimos 13 anos, apontando para uma perspectiva desoladora no campo. E esta situação de Colniza, onde assassinaram inclusive crianças, nos expõe diante dos objetivos de ruralistas que não temem nada para conseguir as terras que buscam.

As famílias de agricultores da Gleba Taquaruçu vêm sofrendo violência desde o ano de 2004. Neste período, em decisão judicial, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt ganha reintegração de posse concedida pelo juiz de Direito da Comarca de Colniza, como anunciada na Nota da Comissão Pastoral da Terra, de 20 de abril deste ano. Em 2007, ao menos 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados.

Como estão, neste momento, as famílias que vivem em Colniza? O município já foi considerado o mais violento do país. Sabemos que na região existem outros conflitos de extrema gravidade, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde o ano de 2004. A população teme que outros massacres possam acontecer.

Clamamos justiça e que os autores desses crimes sejam processados e punidos. A conseqüente impunidade no campo, fruto da omissão dos órgãos públicos, perpetua a violência.

Na semana em que lamentamos o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1997, que vitimou 19 lutadoras e lutadores do povo, somos surpreendidos por outro massacre no campo, que quer amedrontar, calar as vozes e submeter a dignidade do povo brasileiro.

Temos a certeza que o massacre ocorrido jamais roubará os sonhos e as esperanças do povo.  E jamais calará a voz das comunidades que lutam. 

O sangue dos mártires será sempre semente de JUSTIÇA e VIDA!

São Félix do Araguaia, 21 de abril de 2017.

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