As artes visuais mato-grossenses perderam uma grande expoente na madrugada desta segunda-feira (06). Há alguns anos na luta contra um câncer, Capucine Picicaroli estava na UTI desde a semana passada e faleceu em Cuiabá, deixando família, amigos, admiradores e um legado na arte contemporânea.
“Ela tinha uma alegria enorme de viver, sempre teve”, conta o amigo Willian Gama, um dos primeiros curadores de suas exposições. Talvez pela personalidade alto astral, Capucine encarou o câncer com leveza, tentando não causar preocupações. “Ela tratou a doença de uma maneira bem diferente, não falava absolutamente nada sobre a doença, só se estava melhorando ou não”, conta o curador.
A artista também era integrante ativa da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mato Grosso e mantinha sua galeria no Goiabeiras Shopping desde 2016.
Informações sobre horário e local do velório serão divulgadas em breve.
Obra
Ao longo de todo o período produtivo, Capucine Picicaroli promoveu o diálogo entre os universos erudito e popular, provocando ruptura aos tradicionais valores plásticos. E é essa ludicidade empenhada na experiência estética mimetizada por uma alegria inerente à sua personalidade que têm chamado a atenção de críticos e colecionadores no mundo todo.
Nos últimos anos, a artista protagonizou exposições individuais e integrou coletivas em São Paulo, no Espacio Uruguay, no Rio de Janeiro, na Bella (Bienal no Museu Histórico do Rio de Janeiro), Finlândia, no Museu do Louvre, em Paris (França) e em Nova Iorque (EUA).
Sua obra tem como base os aspectos culturais de diferentes povos. Na série lançada em 2013, “México”, ela se inspira nos cultos religiosos, nas tradições e na cultura mexicana.
Os elementos visuais, como a exuberância das flores coloridas, a dança, a música e as vestimentas ainda muito usadas em festas culturais mexicanas estão muito presentes em suas obras e esse visual exótico serve como base e como inspiração. São as Catrinas, Frida Kahlo, Guadalupe e os mariachis, entre outras.
A classe repercute
A morte de Capucine Picicaroli tem gerado inúmeras manifestações de admiração, tristeza e carinho entre a classe artística mato-grossense, não só no segmento da arte plástica.
“Para honrar a memória de Capucine, é preciso lembrar de sua militância artística. Sempre independente, ela denunciava a política cultural mato-grossense formatada para distribuir migalhas aos artistas que estavam subcontratados por empresas ganhadoras de contratos de gestão. […] Ela fazia questão de lançar e expor outros colegas, outros talentos e, por isso, abria espaço na própria galeria. “É preciso pensar grande”, sempre dizia aos amigos artistas. E porque ela pensava grande é que será eternizada. Palmas, Capu! Pela sua independência, pela sua capacidade, pela sua coragem”, homenageou o escritor e advogado Eduardo Mahon.
“O universo brilhará muito mais com as cores e os pensamentos vibrantes de Capu. Boa viagem, minha linda amiga!”, declarou o historiador, amante da literatura e do cinema, Clóvis Matos.
“Você já me fez rir tanto, nunca imaginei que me faria chorar. Vai em Paz minha amiga”, revelou o ator e comediante André D’Lucca.
“Nada é para sempre. Mas o carinho e o amor que sentimos pelas pessoas permanecem em nós, em nossa memória afetiva. Capucine, que sua viagem rumo ao eterno seja linda, suave e cheia de luz, como sua presença aqui na terra. A Luis, Ayla Nara Picicaroli e Auristela Picicaroli Araujo, meu abraço fraterno e carinhoso neste momento de dor e sofrimento. Deus os abençoem e os amparem em sua misericórdia Divina. A receba em seus braços paternais!”, declarou o produtor de moda, Julio Tavares.
