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“Aconteceu com o VLT tudo o que eu avisei”, diz Carlos Brito

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“Aconteceu com o VLT tudo o que eu avisei”, diz Carlos Brito

Assessoria

Carlos Brito

Carlos Brito protagonizou um bate-boca público com Eder Moraes por causa do VLT

Principal opositor do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) dentro da extinta Agecopa, o ex-diretor de Infraestrutura, Carlos Brito, hoje assiste, de dentro do governo, à tentativa de retomar a obra, paralisada há cerca de dois anos e meio. Atualmente na Casa Civil, como secretário adjunto de Ação Governamental do governo Pedro Taques (PSDB), Brito não participa das tratativas para retomar o VLT. Mas destaca que, antes da mudança de modal, alertou para os problemas que de fato acabaram ocorrendo na obra.

“Aconteceu tudo o que eu avisei que aconteceria”, afirmou. “Os valores foram maiores do que o que foi dito que custaria. O VLT não ficou pronto para o evento da Copa do Mundo. E a obra está paralisada até hoje”, observou. Porém, ele preferiu não comentar as chances atuais do VLT, alegando que não está acompanhando a tentativa de retomar a obra.

Brito afirma que defendia a manutenção do projeto do Bus Rapid Transit (BRT) com base em estudos técnicos. O modelo de corredor de ônibus havia sido escolhido pelo ex-governador Blairo Maggi (PP) para a Copa em Cuiabá, e foi alterado pelo seu sucessor, Silval Barbosa (PMDB), que preferiu o VLT. A mudança foi autorizada pelo Ministério das Cidades, e o financiamento feito para o BRT foi reaproveitado.

“Eu só defendi estudos técnicos que diziam que o BRT era a solução para Cuiabá no período de 25 a 30 anos. Não havia justificativa para o VLT. Eu não me furtei de me posicionar, e fui contra grande parte da opinião pública”, afirma.

Brito não foi o único na Agecopa a defender o BRT. Os dois primeiros diretores que ocuparam a presidência da agência, Adilton Sachetti (PSB) e Yênes Magalhães, também eram defensores do corredor de ônibus. Mas nenhum deles chegou ao ponto de Carlos Brito que, para defender o BRT, protagonizou embates públicos com o então presidente Eder Moraes, favorável à mudança para o VLT.

“O presidente chegou a baixar uma portaria proibindo os diretores da Agecopa de dar declarações. Por isso, na audiência pública que avalizou a mudança do modelo de transporte, eu pedi para falar como cidadão, e não como diretor”, lembra Brito. Na ocasião, em setembro de 2011, os dois trocaram ofensas em um bate-boca diante de uma plateia lotada e transmitido ao vivo pela TV Assembleia.

Ascensão e queda de Eder

A briga entre Brito e Eder deflagrou a crise que levou ao fim da agência, extinta pelo então governador Silval Barbosa semanas depois. No lugar da autarquia, que funcionava em regime colegiado com seis diretores, Silval criou uma Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e nomeou Eder como secretário. Desse modo, Eder não precisou mais dividir o poder e as decisões com o resto da diretoria.

Na gestão de Eder Moraes, a mudança de modelo de transporte foi consolidada e a licitação teve início. Porém, seu reinado não durou o suficiente para que ele começasse a obra. Em abril de 2012, semanas antes da licitação, Eder caiu, acusado de ter plantado notícias de que o conselheiro Sérgio Ricardo teria comprado sua cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Na tentativa de aplacar a crise política gerada por Eder, Silval Barbosa o exonerou da Secopa. Menos de um ano depois, ele retornou ao staff, em um cargo de terceiro escalão – chefe do escritório de representação de Mato Grosso em Brasília. 

A suspeita exposta por Eder na ocasião também foi investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE) e resultou no afastamento de Sérgio Ricardo do TCE, em janeiro deste ano. Ele é acusado de comprar a cadeira do ex-conselheiro Alencar Soares pelo valor de R$ 12 milhões.

Custos

O BRT custaria cerca de R$ 500 milhões, segundo estimativas divulgadas pela Agecopa, enquanto o VLT era estimado em R$ 1,1 bilhão, quando houve a mudança. O financiamento de R$ 423 milhões feito junto à Caixa Econômica Federal para o corredor de ônibus foi aproveitado para o VLT.

Além disso, o modelo sobre trilhos recebeu recursos também do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), totalizando R$ 1,15 bilhão emprestados. Para concluir a obra, o governo Pedro Taques (PSDB) agora tenta conseguir mais R$ 600 milhões na Caixa.

O VLT foi licitado pelo valor de R$ 1,47 bilhão e as obras tiveram início em 2012, dois anos antes da Copa do Mundo, realizada em julho de 2014. Nenhum trecho ficou pronto para a Copa, e os trens foram colocados em funcionamento por apenas alguns metros, para testes.  

Em dezembro de 2014, a obra foi paralisada, e segue inacabada. Para retomar a construção, o atual governo e o consórcio VLT Cuiabá fecharam acordo de que a obra custaria R$ 1,9 bilhão. O acordo ainda precisa do aval da Justiça Federal. 

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