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Terapia em grupo: projeto tem como foco estudantes que saíram de casa

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Terapia em grupo: projeto tem como foco estudantes que saíram de casa
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Sair do conforto e comodidade da casa dos pais, da terra natal, de uma paisagem familiar para adentrar o desconhecido em busca do estudo é a realidade de grande parte dos estudantes universitários. Somente no campus de Várzea Grande, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), 48% dos alunos são de cidades do interior ou de fora do Estado.

Observando o incômodo psicológico e as dificuldades de muitos desses estudantes em lidar com os desafios dessa nova fase, Heloisa Lima de Carvalho, que trabalha na Pró-reitoria de Assistência Estudantil, foi uma das primeiras pessoas a pensar que algo deveria ser feito. Atualmente, ela é coordenadora do projeto de extensão “Aconchega”, criado justamente para servir de suporte emocional aos que precisam.

A Terapia Comunitária Integrativa, como é chamado o método adotado pelo Aconchega, tem como finalidade promover a saúde, prevenção do adoecimento, fomentação da cidadania e o fortalecimento da identidade cultural da comunidade. Com isso, desenvolver autonomia, equilíbrio pessoal e social.

“Embora o nome possa ser parecido, terapia grupal é diferente de terapia comunitária. Na grupal, há um acordo de sigilo, tudo o que for dito ali, permanece ali. Já na comunitária, não temos essa garantia”, esclarece Helena.

Nesse sistema comunitário, duas pessoas costumam conduzir as reuniões, podendo ser até três, dependendo do tamanho do grupo. Os responsáveis também não precisam ser psicólogos, por não se tratar de psicoterapia. Para se tornar um terapeuta comunitário, basta fazer um curso específico e ter muita boa vontade em ajudar o próximo.

“Nós sempre temos dois terapeutas: Um faz a abertura e o outro dirige a reunião. Nós temos algumas regras: não pode dar conselhos ao próximo, não pode julgar e se deve falar apenas de si mesmo”.

Essas regras se dão porque a ideia da terapia comunitária é que cada indivíduo seja o seu próprio terapeuta, escutando as histórias do grupo e assumindo a responsabilidade de buscar soluções para os próprios desafios do cotidiano.

A UFMT oferece para a comunidade o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), mas a demanda é muito grande. Então, o Aconchega também serve como opção para os que não querem esperar na fila.

Adriane Souza é estudante de Publicidade e Propaganda e conheceu o Aconchega através de amigos. Quando ela chegou ao projeto de extensão, esperava criar mais vínculos dentro do ambiente universitário, já que veio do interior do Estado para a Capital, estudar na UFMT.

“O que me incomodava era ficar muito tempo no ócio, sozinha, muitas vezes ansiosa com o trabalhos da faculdade. O Aconchega era um momento onde eu podia conversar sobre como era meu dia a dia e ouvir os outros também” conta a estudante.

Segundo Heloísa, temas como depressão e suicídio são frequentemente abordados nas reuniões do projeto. Com o tempo, os familiares de alguns estudantes têm aparecido e participado também, o que garante a diversidade do ambiente.

A coordenadora do projeto ainda conta que, muitos dos que frequentam o Aconchega levam o projeto muito sério. Pelos depoimentos das pessoas que comparecem semana após semana, é possível perceber uma melhora em quem luta contra o vazio.

É o caso de Adriana, que hoje não participa mais do Aconchega. Durante o período em que esteve nas reuniões, ela conseguiu entender muito melhor a si mesma.

“Ouvir o outro acho que foi melhor do que falar dos meus problemas. Isso me ajudava a entender que não era a única a passar por momentos de transição e a ter dificuldades”.

O Aconchega acontece todas as quinta-feiras, às 16h às 17h30, na sede da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat). É aberto para estudantes, comunidade acadêmica e comunidade externa. Não é preciso fazer nenhum tipo de inscrição. Mais informações através do e-mail aconchegaufmt@hotmail.com.

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