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Segundo a denúncia, três policiais da Casa Militar tinham acesso às escutas

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Segundo a denúncia, três policiais da Casa Militar tinham acesso às escutas

 

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 Cerimônia em que o governador Pedro Taques promoveu Lesco a coronel, em abril de 2016

Outros detalhes contidos na denúncia do promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, podem complicar ainda mais a situação do governo estadual. O LIVRE teve acesso ao documento que deu origem à reportagem veiculada neste domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no qual aparece também a assinatura do ex-promotor Fábio Galindo, ex-secretário-executivo de Segurança Pública.

Zaque afirma que mostrou os papéis pessoalmente a Pedro Taques. O governador nega. O esquema começou nas eleições de 2014, quando Silval Barbosa era governador e Taques disputava as eleições. Em 2015, novos nomes foram incluídos nas escutas. 

Segundo a denúncia, o esquema de escuta teria o envolvimento direto de pelo menos três policiais militares: os cabos Gerson Luiz Ferreira e Clayton Dorileo Rosa de Barros, e a sargento Andrea Pereira de Moura Cardoso. De acordo com informações publicadas no Diário Oficial do Estado, eles foram nomeados para a Casa Militar entre julho e outubro de 2016, cerca de um ano depois que Mauro Zaque disse ter conversado com o governador sobre o esquema. O governador admitiu as conversas e pediu para que Mauro Zaque colocasse as denúncias num papel, protocolando o documento com o secretário de Gabinete do Governo, José Arlindo de Oliveira Silva.

Reprodução

Documentos Denuncia Mauro Zaque

 

O promotor afirma que eram eles quem tinham acesso aos dados cadastrais dos telefones interceptados, dos interlocutores (pessoas que eram pegas nos grampos aos ligarem para os interceptados) e aos extratos das ligações nos terminais. Conforme consta no documento, foi Gerson Luiz quem pediu à Justiça a autorização para a interceptação dos telefones de uma suposta quadrilha de tráfico de drogas. No entanto, além dos possíveis traficantes, também foram incluídos números de políticos, jornalistas, médicos e de um desembargador, em uma manobra denominada “barriga de aluguel”.

Gerson Luiz foi nomeado em julho de 2016 para um cargo comissionado e é agente de proteção de dignitários na Casa Militar. Ele também já atuou no Grupo de Operações Especiais na mesma época em que o atual chefe da Casa Militar, o coronel da PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco, era diretor de Inteligência e Operações do Gaeco.

Tanto Gerson como Clayton e Andrea estão atualmente subordinados ao coronel Evandro Lesco – que é amigo do governador Pedro Taques – na Casa Militar.

A Casa Militar funciona dentro do Palácio Paiaguás, no qual está localizado o gabinete do governador. Lesco é casado com a personal trainer, Helen Chrysti, amiga de Samira Martins, ex-mulher de Pedro Taques. Ambas são de Alto Araguaia e cresceram juntas. O casal tinha livre acesso à casa de Taques e trabalhou para o tucano na última eleição. Nas redes sociais é possível ver fotos da ex-primeira-dama do Estado em diversos eventos ao lado da esposa do coronel. A reportagem procurou Lesco, mas ele se recusou a falar sobre o tema. “Não estou acompanhando, meu amor”, concluiu, antes de desligar o telefone.

Além de Gerson Luiz, o cabo Clayton Dorileo e a sargento Andrea Pereira também receberam cargos na Casa Militar. Eles estão lotados como agentes de proteção de dignitários, nível de DGA-10. Somados os salários e comissões, cada um recebe cerca de R$ 6 mil por mês.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com o secretário de Comunicação do Estado, Kleber Lima. Ele voltou a negar que Pedro Taques tivesse conhecimento das denúncias. “Nós não tivemos acesso à denúncia, pois ela não existiu. O número de procotolo que Mauro Zaque disse ter feito foi fraudado e corresponde a obras de infraestrutura para a região de Juara”, afirmou. Kleber relata ainda que o governador tomou conhecimento do caso quando foi procurado pela reportagem do Fantástico.

Quanto às nomeações na Casa Militar dos policias que tinham livre acesso às escutas telefônicas, o secretário disse que não poderia se pronunciar, pois não teve acesso aos documentos que constam na denúncia levada até a Procuradoria Geral da República. “Eu te pergunto, se Mauro Zaque tinha essa denúncia, porque ele demorou um ano e meio para levar até a PGR?”. O secretário disse ainda que o governador representará Zaque junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), inclusive, por prevaricação.

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