O debate crescente sobre sustentabilidade e as urgências que apareceram na pandemia despertam a atenção de produtores rurais. São assuntos que estão mais distantes do cotidiano do agronegócio, mas que começam a bater à porteira.
O presidente da Associação dos Criadores de Gado de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Junior, diz que os produtores precisam aproximar o trabalho de dentro da fazenda à demanda que o mercado cobra.
“Os produtores produzem muito bem dentro da porteira, e eles precisam o que está acontecendo no mundo externo. O mercado consumidor está cada vez mais exigente, o mundo está cada vez mais exigente, e o produtor precisa estar alerta para isso, saber o que o consumidor do futuro está exigindo”, disse.
Um tema premente para os produtores é a relação do agronegócio com questões de sustentabilidade ambiental. Em Mato Grosso, a polêmica mais recente é a votação de um projeto de decreto legislativo que extingue o status de reserva ambiental na Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade.
O assunto envolve aspectos persistentes dos debates como o direito de produção no Brasil e o avanço de políticas para preservar cada vez áreas maiores de biomas originais. “O produtor vive muito do seu quadrado, ele precisa se informar para dar opinião, saber o que está acontecendo [para se posicionar sobre questões em debate]”, disse Oswaldo Pereira Ribeiro Junior.
Tecnologia pós-pandemia
A Acrimat realizou esta semana a segunda edição do Acricorte, evento que reúne produtores rurais, institutos técnico-agropecuários e empresas de tecnologia. A palestra magna expõe o mercado digital que ficou mais visível na pandemia.
O palestrante Arthur Igreja, mestre em negócios internacionais pela Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, diz que o agronegócio é exemplo de “performance” econômica na comparação outros setores produtivos do Brasil, mas carece de atualização sobre ferramentas digitais para otimizar os trabalhos.
“Quando os setores do país – indústrias, serviços, etc. – performar como o agronegócio, aí teremos uma economia de grande realização, ainda falta isso. Mas, é preciso que os produtores olhem para as ferramentas disponíveis. A pandemia despertou a atenção para serviços digitais que estão, no mínimo, há dez anos no mercado”, pontuou.
Segundo ele, a importância da atualização digital também pode ser retirada dos meses mais críticos da pandemia, quando a maior parte da economia brasileira reduziu os trabalhos por causa das medidas de biossegurança e o agronegócio manteve o ritmo da produção.
Ele ressaltou, por exemplo, o boom de mercado para ferramentas como o Zoom que uma semana antes da pandemia da pandemia tinha cerca de 3,5 milhões de usuários, e um mês depois cerca de 350 milhões.
“É preciso desmitificar o assunto da inovação. Inovação é encontrar novos caminhos, reduzir burocracia, melhorar os resultados. Nós precisamos ter um aprendizado coletivo, aprender com outros setores econômicos”, afirmou.