Cidades

Por falta de médicos, leitos de UTI estão bloqueados e SUS está à beira do colapso

Fracasso no seletivo da Prefeitura de Cuiabá agravou cenário de paralisação de serviços já apontado desde 2017

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Por falta de médicos, leitos de UTI estão bloqueados e SUS está à beira do colapso
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O Sistema Único de Saúde (SUS) em Cuiabá está à beira do colapso por falta de médicos para atender as demandas de Unidades de Pronto-atendimento (UPAs) e policlínicas. A escala de plantão nesses postos está abaixo da metade da necessária, com apenas um médico onde deveria ter no mínimo três. 

O problema apontado pelo Sindicado dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed) foi admitido pela secretária de Saúde do município, Suelen Danielen Alliand, e não há previsão de suprir a demanda em poucos dias.  

Os profissionais classificados no último concurso público que representam força de trabalho nova estão reduzidos a 25 pessoas, num contingente de 414 postos que precisariam ser preenchidos, de acordo com as vagas abertas pela Secretaria de Saúde. 

“Passaram no processo seletivo apenas 88 médicos, sendo 75 clínicos gerais e 13 médicos especialistas. Destes, assumiram os cargos apenas 50 clínicos gerais e 5 médicos especialistas. Contudo, dos 55 médicos que assumiram, 30 já faziam parte do quadro da Secretaria de Saúde como contratados, e somente mudaram o vínculo para celetistas [contratos via CLT]. Na prática, recebemos apenas 25 novos médicos na rede por meio do processo seletivo”, explica a secretária Suelen Alliend. 

Fracasso na seleção 

O processo seletivo simplificado foi realizado em janeiro deste ano, apenas para médicos. O edital anunciou 414 vagas para preenchimento imediato – 300 vagas para clínico geral e as demais distribuídas pelas diversas especialidades médicas. 

A secretaria ainda não comentou o número baixo de aprovados e nem a correspondência deles com profissionais que já estavam no quadro da funcionários temporários. 

A maior carência de médicos está nas redes primária e secundária, os pontos de entrada ao SUS. E a falta deles já causou bloqueio de serviços.  

“Por falta de equipe médica, houve a necessidade de bloquear 10 leitos de UTI no Hospital Pronto Socorro de Cuiabá, o antigo PS. Nosso medo é ter demanda de pacientes para UTI e que não podermos utilizar estes leitos porque não temos profissionais para trabalhar, o que pode levar os pacientes ao óbito”, comentou Suelen Alland. 

Problema antigo 

De acordo com a secretária, o edital de um novo processo seletivo simplificado já está pronto, e deverá ser publicado no Diário Oficial do município em breve. Mas, a espera não ficará abaixo de 60 dias, devido ao trâmite burocrático da seleção. 

 “Durante esse tempo teremos grandes dificuldades no atendimento médico. Decidimos fazer este alerta, para que possamos encontrar um meio junto à Justiça de evitar que o colapso por falta de profissionais aconteça na saúde pública municipal”, disse. 

O Sindimed diz que vinha alertando a Prefeitura de Cuiabá sobre o cenário de colapso desde 2017. Nessa época, já haveria problema grave nas escalas de plantão em UPA e policlínica, com médicos abaixo do necessário por plantão. Agora, a situação teria agravado com a nomeação de médicos exonerados. 

“Existem unidades com demandas altíssimas, onde deveriam ter três médicos para ser possível dar um atendimento de qualidade aos pacientes, mas normalmente tem apenas dois médicos, sendo que em muitos casos somente um médico está escalado”, pontua o presidente do sindicato, Adeildo Lucena. 

Transferência de problema 

Conforme a entidade, a prefeitura demitiu médicos nos últimos anos, mas não teve agilidade para preencher a vaga aberta, o que seria gerado os furos nas escalas. 

Outro problema seria dificuldades na transferência de pacientes para hospitais de retaguarda, que recebem pacientes com o quadro de saúde estabilizado. Conforme Adeildo Lucena, são problemas que existiam no antigo pronto-socorro e agora passaram para a rede primária do SUS. 

“Sem leitos de retaguardas suficientes (velho problema em Cuiabá) muitas unidades tem superlotação com pacientes nos corredores”, afirma. 

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