Um bebê de aproximadamente um mês de vida, que possivelmente seria negociado na Bolívia, foi resgatado pela Polícia Civil nessa quarta-feira (19), em Cuiabá, durante investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
O caso, popularmente conhecido como “Adoção à Brasileira”, pode ainda envolver crimes, como tortura, cárcere privado e associação criminosa.
Denúncia
As investigações iniciaram no dia 23 de abril, quando a equipe da GCCO recebeu denúncia de que a suspeita estava mantendo uma mulher grávida e deficiente auditiva em cárcere privado com o intuito de ficar com o bebê.
A denúncia apontava que, após o nascimento, o bebê seria encaminhado para a Bolívia, onde possivelmente seria negociado.
Diante da gravidade da denúncia, imediatamente os policiais da GCCO iniciaram investigações e conseguiram levantar diversas informações sobre o caso, como o fato de que o bebê havia nascido no Hospital Santa Helena.
Investigações
Segundo as investigações, no momento de ter o bebê, ao invés de entregar os seus documentos, a grávida entregou a identidade da suspeita para posteriormente facilitar o registro da criança. O bebê do sexo masculino nasceu no dia 20 de abril e depois foi entregue para a suspeita.
No período em que ficou no hospital, o que chamou a atenção dos médicos e enfermeiros, foi o fato de a mãe ser deficiente auditiva, o que dificultava a sua comunicação com os profissionais do hospital. A mãe utilizava aparelho de audição e os servidores do hospital tinham que tirar a máscara para que ela fizesse a leitura labial.
Esse foi um ponto fundamental para as investigações, pois quando os investigadores identificaram a pessoa que constava no documento entregue no hospital (RG da suspeita), descobriram que ela não possuía deficiência auditiva, se tratando claramente de outra pessoa.
Com a descoberta, desde a segunda-feira (17), os policiais tentavam localizar a suspeita, porém, ela entregou a criança para irmã e fugiu, não sendo mais localizada.
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Crime
O bebê foi encontrado com a irmã da investigada, que foi ouvida como testemunha na GCCO, e confirmou as informações apuradas pelos policiais.
A suspeita irá responder pelo crime de “Parto Suposto”, previsto no artigo 242, do Código Penal, popularmente conhecido como “Adoção à Brasileira”, que é quando o autor dá como seu o parto de outra pessoa.
Segundo o delegado da GCCO, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, as investigações continuam para a verificação de outras condutas penais, uma vez que há informações que a grávida sofreu tortura e cárcere privado enquanto estava gestante e também para descobrir qual era a real intenção em relação à criança.
“O que chamou atenção e levou a GCCO assumir a investigação foi a possibilidade de crimes mais graves, envolvendo um esquema criminoso instalado em Mato Grosso, para negociação de recém-nascidos. Há informações sobre um grupo em rede social que faz a negociação dessas crianças, em que há mulheres interessadas na entrega dos bebês logo após o nascimento para adoção, sem os devidos tramites legais”, disse o delegado.
O delegado representou pela prisão da suspeita e a cópia do procedimento foi encaminhada para a Delegacia Especializada de Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), que atuará junto à GCCO nas investigações.
Duas mulheres envolvidas no crime, a mãe biológica e a que ficou com a criança, já foram identificadas, mas ainda não foram localizadas pela polícia.
(Da Assessoria)