Bem Estar

Pobreza menstrual: estudo revela o que falta a mulheres da América Latina

O termo pobreza menstrual engloba tanto a falta de acesso a produtos de higiene pessoal, quanto a informação sobre o tema

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Pobreza menstrual: estudo revela o que falta a mulheres da América Latina
(Foto: Cottonbro Studio / Pexels)

Mulheres e meninas adolescentes da América Latina e Caribe vivenciam grandes desafios quando o assunto é higiene menstrual. A menstruação ainda é um tabu e a falta de informações sobre o tema e de acesso a saneamento básico e produtos de higiene, como absorventes, são fatores que agravam o cenário de pobreza menstrual na região.

A compilação desses fatores está em pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicada na última segunda-feira (23), na “Revista Latino-Americana de Enfermagem” (RLAE).

As pesquisadoras sintetizaram o conhecimento científico disponível sobre acesso e práticas de higiene menstrual na América Latina e Caribe, a partir de revisão sistemática da literatura nas bases de dados de artigos científicos como Pubmed e Web of Science. Elas encontraram 15 estudos sobre o tema, publicados entre janeiro de 2011 a julho de 2022. A maioria dos trabalhos são de instituições brasileiras e são focados em adolescentes.

A produção científica analisada revela um cenário de pobreza menstrual com semelhanças em populações de diferentes países da América Latina. Em comum, há a falta de diálogo e a dificuldade de acesso a informações sobre menstruação, como práticas adequadas para absorver ou coletar o sangue menstrual.

O contexto acaba perpetuando vivências negativas de mulheres sobre menstruação — e ele não se restringe ao continente Latino-Americano. Estima-se que mais de 500 milhões de mulheres em fase de menstruação não têm acesso a higiene adequada no mundo todo.

“A escassez de estudos sobre o tema na América Latina traz, também, uma dificuldade ao acesso à informação e à criação de condições dignas para a higiene menstrual, como acesso a água, sabonetes e absorventes”, comenta Mariana Santos Felisbino-Mendes, co-autora do estudo e professora da Escola de Enfermagem da UFMG.

A pesquisadora destaca a urgência por soluções que permitam que as pessoas vivenciem o período menstrual com dignidade. A distribuição gratuita de absorventes garantida pela Lei Federal 14.214 de 2021 e colocada em prática por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2023, por meio do Programa de Proteção e Promoção da Dignidade Menstrual, é uma das iniciativas que vai nesta linha.

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O trabalho também enfatiza que o acesso à educação em saúde menstrual da população jovem também poderia contribuir para desconstruir o tabu sobre o assunto e ajudar mulheres a identificarem problemas como cólica menstrual e a endometriose.

Futuras pesquisas que investiguem práticas de higiene menstrual em grupos populacionais mais vulneráveis e avaliem as consequências da pobreza menstrual para a sociedade como um todo também são muito necessárias, segundo Felisbino-Mendes. “É importante que as pesquisas avancem para identificar intervenções e experiências positivas para promoção da saúde menstrual, a fim de que possamos melhorar a qualidade de vida das pessoas que menstruam”, conclui.

(Da Agência Bori)

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