Ednilson Aguiar/O Livre
O cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior afirmou, durante interrogatório na tarde desta terça-feira (17), que o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, teria repassado R$ 50 mil ao coronel Evandro Lesco para que ele montasse o esquema de grampos ilegais.
O valor seria para bancar as despesas das interceptações telefônicas iniciadas durante a campanha ao governo do Estado de Mato Grosso, em setembro de 2014.
Segundo o cabo, ele teria ouvido ainda de Paulo Taques que os interesses do ex-secretário em realizar os grampos ilegais seriam estritamente políticos, sendo os alvos adversários do então candidato ao governo, Pedro Taques (PSDB).
O cabo disse ainda que os nomes dos “alvos” a serem interceptados eram repassados a ele pelo coronel da PM Zaqueu Barbosa, que comandaria toda a operação desde o seu início.
Gerson adotou uma nova postura no caso dos grampos telefônicos realizados por militares ligados à cúpula do governo do Estado. Até então, ele se negava a colaborar com as investigações, mas passou a admitir os crimes imputados a ele até agora pela Justiça.
Itens como CPUs, hack e módulo, entre outros materiais de informática, foram adquiridos com o dinheiro que teria sido repassado por Paulo Taques. À época, o grupo montou um escritório no edifício Master Center, no centro de Cuiabá, para operacionalizar os grampos.
O HD que guardava o conteúdo das conversas gravadas também foi comprado com este dinheiro, mas não existe mais – ele foi destruído por Gerson depois que o escritório foi desmontado.
Gerson trabalhou por cerca de 10 anos no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MPE, onde teve contato com o Guardião, sistema utilizado para escutas em investigações criminais com autorização da Justiça. Por esta razão, o cabo foi o responsável por operar o sistema Sentinela e a plataforma Wytron, utilizados para as escutas clandestinas.