Consumo

Número de inadimplentes em MT acumula alta de 6,65% nos últimos 12 meses

Os maiores credores por setor da economia são os bancos, seguidos de água e luz, diz levantamento da CDL Cuiabá

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Número de inadimplentes em MT acumula alta de 6,65% nos últimos 12 meses
(Foto: Shutterstock)

Conforme levantamento do Núcleo de Inteligência de Mercado da CDL Cuiabá, através do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), houve um crescimento de 0,23% no número de inadimplentes em Mato Grosso na passagem de setembro para outubro de 2023, o que representa cerca de 27.239 inadimplentes a mais no Estado.

Para a região Centro-oeste o índice ficou (-0,42%) e a média Nacional foi (-0,51%). A faixa etária com maior participação proporcional está entre 30 a 39 anos (26,15%) e a distribuição por sexo segue sendo (53,54%) homens e (46,46%) mulheres.

De acordo com o superintendente da CDL Cuiabá e responsável pelo Núcleo, Fábio Granja, nesse ano de 2023 a inadimplência teve oscilações entre aumentos e quedas. Contudo, é importante ficar em alerta, já que os últimos três meses representam juntos 61% do total de aumento obtido no ano.

“Do total aproximado de 96 mil pessoas que entraram para a lista de inadimplentes em Mato Grosso em 2023, em torno de 58,6 mil pessoas tornaram-se devedoras somente nos últimos 3 meses. Tendo aumentos mais significativos em agosto e setembro. Com isso, é importante analisar principalmente durante 2023 dois setores da economia, o primeiro é o setor dos bancos que apresentou um crescimento no número de dívidas a receber de janeiro a outubro de 36 mil e o setor de água e energia com mais de 34 mil novas dívidas a receber”, disse ele.

O SPC Brasil estima que o mês de outubro fechou com aproximadamente mais de 66,24 milhões de pessoas inadimplentes em todo o território nacional, o que representa cerca de 40,49% da população adulta brasileira. Para Mato Grosso, o número fica próximo a 1,211 milhão de pessoas, o que representa cerca de 46,45% da população adulta do Estado.

Em outubro de 2023, cada cidadão negativado devia, em média, R$ 4.490,83 na soma de todas as dívidas, cerca de 31,85% dos cidadãos tinham dívidas de até R$ 500,00, 13,68% tinham dívidas de R$ 500,01 a R$ 1.000,00, 19,21% tinham dívidas de R$ 1.000,01 a R$ 2.500,00, 19,47% tinham dívidas de R$ 2.500,01 a R$ 7.500,00 e 15,79% tinham dívidas acima de R$ 7.500,00. O valor total para o montante das dívidas no Estado é de cerca de 5,44 bilhões.

O tempo médio de atraso dos devedores negativados é de 24,5 meses, dentre o total de devedores, 35,54% estão inadimplentes entre 1 a 3 anos.

Quando se analisa as dívidas em atraso em Mato Grosso na passagem de setembro para outubro de 2023, cresceu 0,13%, ao contrário da região Centro-Oeste, que teve uma queda de -0,31%, e da média nacional, que também teve uma redução de -0,47%. Cada cidadão mato-grossense devia, em média, cerca de 2,122 dívidas em atraso, ficando abaixo da média da região Centro-Oeste e acima da média nacional de 2,095 por pessoa. Estima-se que a população economicamente adulta em Mato Grosso possui aproximadamente 2,57 milhões de dívidas pendentes.

Ao analisar os maiores credores por setor da economia, os bancos continuam com a maior fatia das dívidas a receber com 45,03%, seguido pelo comércio (27,21%), água e luz (16,08%), comunicação (4,15%) e outros (7,53%).

Comparativo

No comparativo com outubro de 2022, houve aumento de 6,65% no número de inadimplentes no estado, o que representa um aumento acima de 75 mil novos CPFs com restrições ao crédito. A região Centro-Oeste apresentou aumento de 2,59% e nacionalmente crescimento de 4,14% no número de inadimplentes.

Ao analisar apenas o acumulado do ano de 2023, de janeiro a outubro, o índice fica ainda maior, apresentando um aumento de 8,6%, o que resulta em quase 96 mil pessoas negativadas.

Análise

Ainda conforme o superintendente, apesar do programa Desenrola ter resultado em diversas negociações, não foi possível ainda estancar o crescimento das dívidas com os bancos e por outro lado demonstra que parte da população está cada vez mais com dificuldades em cumprir com os compromissos básicos do dia a dia como água e energia.

“Existem vários motivos que podem estar levando a esse aumento da inadimplência. Podemos citar a falta de planejamento financeiro pessoal e familiar, a cultura pelo consumo, a insegurança do cidadão perante o mercado econômico, a renda informal que não possui estabilidade provocando oscilações na capacidade de pagamento e a massa salarial afetada principalmente desde a pandemia que não conseguiu acompanhar os índices inflacionários”, disse Granja.

“Desta forma, é preciso criar cada vez mais políticas públicas e privadas capazes de reforçar junto a cada cidadão o tema educação financeira, o planejamento financeiro precisa fazer parte da vida das pessoas para poderem consumirem de forma mais consciente e organizada. Contudo, as pessoas que estão na informalidade precisam se reorganizarem, se preparem e entenderem as vantagens que o mercado formal pode proporcionar em suas vidas, principalmente no sentido de segurança de renda”, completou.

Segundo a análise do superintendente também, “quanto à massa salarial, essa só poderá ser recuperada a partir do momento que ocorrerem políticas públicas capazes de gerar um ambiente de negócios mais seguro para investimentos por parte dos setores produtivos, com menos burocracias, menos custos operacionais e mais acesso ao crédito, já que o nível de inadimplência das empresas está alto, chega a quase 6,6 milhões de empresas inadimplentes no país. Infelizmente boa parte delas ainda não conseguiram se recuperar da crise afetada pela pandemia, pois para manterem empregos e as portas abertas tiveram que se endividar. A partir do momento que existir um ambiente de negócios mais favorável, investimentos surgirão e naturalmente a massa salarial vai aumentar, assim como o aumento do consumo e o fortalecimento econômico”, conclui Granja.

(Com Assessoria)

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