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No dia em que foi morto, manobrista descobriu que sua mulher estava grávida

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No dia em que foi morto, manobrista descobriu que sua mulher estava grávida
Funeral José Antonio

José Antonio foi enterrado em um centro comunitário, no bairro Planalto

Quando o domingo amanheceu, o manobrista José Antônio da Silva Alves, de 23 anos, tinha motivos para comemorar. Sua esposa, cujo nome não foi fornecido à reportagem, revelou que estava grávida do terceiro filho do casal. Isadora e Isabela, gêmeas, completarão dois anos em novembro. José, segundo relatos dos parentes, estava contente.

Antes do fim do dia, porém, ele foi morto por um estudante alcoolizado que saia de uma casa noturna no centro de Cuiabá. Juliano da Costa Marques Santos, de 22 anos, arremessou o seu Honda Civic em cima do manobrista quando tentava acertar, na verdade, outra pessoa, o policial federal Guilherme Ávila.

O atropelamento ocorreu por volta das 3h30 da manhã, mas foi apenas às 5h50 que o primeiro parente de José Antônio soube do ocorrido. Seu irmão de apenas 19 anos, Ediones Everton da Silva Alves, começava sua jornada de trabalho como vendedor de salgados perto do centro de Cuiabá. Foi nessa hora que ele foi abordado por uma colega que vende miudezas na região.

“Ela me disse que eu tinha que ir até o hospital porque meu irmão tinha sido atropelado. Nunca pensei que era tão grave. Ele (Juliano) acabou com a nossa vida”, afirmou à reportagem Ediones.

O funeral de José Antônio foi realizado em um centro comunitário no bairro Planalto. Amigos e parentes se reuniram a partir das 19h e por lá ficaram madrugada adentro. Sua mãe, Eva Orfena da Silva, estava em estado de choque. Não conseguia falar ou andar sozinha.

Amigos e familiares conduziam ela para dentro e para fora do centro – onde estava o caixão – sempre que pedia. A esposa de José Antonio tampouco ficou no local. Segundo a prima do manobrista, Ketza Galdino, ela foi levada para a casa de um amigo nas redondezas.

Trabalho
José Antonio tinha três filhas. Além das gêmeas, ele também era pai de Maria Clara, hoje com três anos. A primogênita é fruto do primeiro relacionamento estável do manobrista.

Cuiabano de nascimento, José viveu parte do último ano em Lucas do Rio Verde, a 330 km da capital. Com a crise econômica que assola o país, sua prima Ketza contou que ele pediu auxílio para conseguir um trabalho na empresa que ela gerencia e foi prontamente atendido.

“Há uns seis meses ele se mudou comigo. Ele conseguiu uma vaga como auxiliar de mecânica. Mas como seu relacionamento com a esposa era meio complicado, decidiu voltar”, contou Ketza.

Foi aí que ele começou a trabalhar como manobrista. Ele morava com a esposa e com as filhas gêmeas em Cuiabá, mas constantemente ficava na casa de sua mãe. Segundo a prima, mãe e filho eram muito próximos.

“No domingo, a Eva perguntou se o José voltaria para a casa dela ou da esposa após o trabalho. Ele disse que ia passar a noite com a mulher, já que tinha um filho novo a caminho”, contou Ketza.

Esse retorno, porém, nunca ocorreu. Sua volta para a família foi no começo da noite de segunda-feira (7/8), em um carro funerário. “Justamente no horário que ele costumava sair para trabalhar”, destacou o irmão.

Advogados
A família de José Antônio diz querer justiça. Sua prima conta que a polícia teria informado à família que o estudante Juliano da Costa Marques Santos teria contratado três advogados para o caso. A família, que vive com menos de um salário mínimo por cabeça, conta apenas com amigos para essa busca.

“Mas somos três advogados também. Eu sou advogada, meu cunhado também e um amigo da família que passou no exame quer ajudar na defesa”, contou Ketza. Hoje, ela trabalha em uma firma de pavimentação asfáltica na área administrativa.

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