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Mutirão de registro de paternidade ajuda casal a reatar romance

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Mutirão de registro de paternidade ajuda casal a reatar romance

Ednilson Aguiar/O Livre

Pai Presente

Casal registrou filho no Pai Presente do Tribunal de Justiça e depois se casou em Casamento Comunitário do governo

Há cerca de 30 anos, José Ricardo da Silva Grillaud e Fátima Aparecida Maranholi Grillaud se conheceram e tiveram um romance curto, de cerca de uma semana. A história, contudo, ajudaria a definir as vidas dos dois mais à frente.

Fátima, que à época havia desistido de um tratamento para fertilidade, acabou engravidando. Ela chegou a dar a notícia para José Ricardo. Ele não deu muita importância e ela acabou não querendo que ele acompanhasse o crescimento de Henrique. O afastamento permaneceu até cerca de um ano atrás.

“Eu estava realizando um sonho meu, que era o de ser mãe. Eu lá queria saber de pai?”, diz Fátima. Ela havia adotado uma menina três meses antes e queria criar as crianças por conta própria.

“É claro que ele [Henrique] deveria sentir falta do pai, mas nunca reclamou disso para mim”, afirma. “Também sempre tratei isso de uma forma muito natural, sempre explicando as coisas de acordo com a idade dele”.

Arquivo pessoal

Pai Presente

Ela conta que, em uma festa da escola, quando Henrique estudava na quarta série do primeiro grau, o rapaz fez uma homenagem à mãe no Dia dos Pais. “Achei o máximo”, diz. Hoje adulto, o rapaz completou o mestrado em geografia na última semana e passou a conviver com o pai somente no ano passado.

A família participou da edição de 2016 do programa Pai Presente, um mutirão realizado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso para que sejam registrados os nomes dos pais na certidão de nascimento dos filhos.

O registro foi uma iniciativa de Ricardo. Ele havia ficado viúvo e resolveu buscar a família que tinha deixado para trás – na última vez em que havia visto Henrique, o garoto tinha apenas quatro meses de vida.

“Passei tanto tempo longe… Achei que tinha que assumir, corrigir isso e tocar a bola para frente a partir daí”, conta o pai.

Arquivo pessoal

Pai Presente

O contato

“Eu estava no trabalho e meu filho ligou dizendo que tinha recebido uma ligação estranha de um homem perguntando por mim. Ele achou bom me avisar, por medo de ser esses trotes de sequestro que presidiários aplicam”, lembra Fátima.

Do outro lado da linha, Ricardo procurava uma maneira de se reaproximar. Pelo Facebook, ele acabou encontrando Fátima e entrou em contato também por ali.

“No começo, eu não queria nem ver a cara dele”, diz Fátima. “Perguntei logo se ele estava com alguma doença terminal e queria me pedir perdão. Disse que estava perdoado se fosse o caso”.

Algumas ligações depois, ela deixou escapar — “como quem não quer nada”, frisa Ricardo — que naquele dia iria ao supermercado Atacadão e também à casa de shows Lua Morena. Ele viu uma oportunidade e foi atrás para conversar com o antigo romance e mãe de seu filho.

Os dois se adicionaram no Whatsapp e mantiveram contato até que começaram a sair juntos. Assim, a história esquecida por três décadas foi retomada.

Em junho do ano passado, os dois ficaram noivos. Foi o filho quem colocou as alianças nos dedos dos pais.

“A relação com ele é tranquila. Recentemente, ele fez questão de que eu fosse ver o carro novo que ele tinha comprado. Nós sempre saímos juntos aqui também”, conta Ricardo.

Arquivo pessoal

Pai Presente

Em novembro de 2016, Fátima e Ricardo participaram do Casamento Comunitário, organizado pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas). Em fevereiro deste ano, fizeram uma cerimônia religiosa “com tudo que tenho direito, vestido branco e tudo o mais”, conta Fátima.

Pai Presente
A edição de 2017 do mutirão Pai Presente acontece no próximo dia 19, com audiências no Fórum de Cuiabá. Pais que queiram espontaneamente se registrar nos documentos de seus filhos não precisam fazer qualquer agendamento, bastando se deslocar ao Fórum munidos de identidade e cópia da certidão de nascimento. O registro é oferecido gratuitamente.

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