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MT já registrou quase 5 mil casos de estelionato neste ano; veja como não cair

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MT já registrou quase 5 mil casos de estelionato neste ano; veja como não cair

Ednilson Aguiar/O Livre

Delegado Douglas Turíbio

Segundo delegado Douglas Turíbio, ele chega a receber de 10 a 20 casos de estelionato por dia

O crime de estelionato acontece quando alguém obtém para si, ou para outro, alguma vantagem ilícita. E, segundo o delegado Douglas Turibio Schutze, as vítimas caem em golpes por agir sem pensar e ainda acreditar muito na inocência do outro.

“Nós temos aqui na delegacia um número infindável de casos. Pessoas que são lesadas e que na realidade só precisavam ter um pouquinho de paciência ao fechar um determinado negócio”, disse o delegado.

Somente neste ano, Mato Grosso já teve 4.663 casos de estelionato registrados; destes, 1.473 foram em Cuiabá e 438 em Várzea Grande.

Douglas Turíbio, que é titular da 2ª Delegacia de Polícia, no bairro Carumbé, citou alguns casos clássicos e conhecidos, como a pessoa que anuncia um carro, alguém telefona, diz que gostou e que depositou o dinheiro. A vítima vê que realmente teve uma transferência em sua conta, mas não espera o dinheiro realmente cair para transferir o carro.

“Ele vem e mostra para você um recibo de depósito feito na sua conta. Na segunda-feira, você já vai no cartório, reconhece a firma, faz a transferência. Logo depois o banco te liga e comunica que aquele envelope estava vazio”, exemplificou o delegado.

Outro caso bastante comum é o da ligação, em que alguém diz que estava indo para sua casa, o carro quebrou e você precisa depositar determinado valor na conta da pessoa. Nesse caso, segundo o delegado, as vítimas que caem são geralmente idosas.

“Eles nem precisam saber o nome do sobrinho, contam uma história que estava indo de carro para visitá-la e o carro quebrou. Aí ela deposita o que for para a conta dessa pessoa, sem ter antes a oportunidade de ligar para esse sobrinho”, disse.

O delegado frisou que a maior dificuldade da Polícia Civil nesses casos é para identificar essas pessoas, visto que normalmente o suspeito fornece a conta de terceiros e não utiliza seu próprio nome.

Ednilson Aguiar/O Livre

Delegado Douglas Turíbio

“Pessoas que são lesadas na realidade só precisavam ter um pouquinho de paciência ao fechar um determinado negócio”

A pessoa que empresta a conta também é indiciada, mas o delegado afirma que este não é o principal foco das investigações, visto que quem pediu emprestado é, geralmente, quem planeja o crime. A pena para o estelionato é de um a cinco anos de reclusão, mais multa.

Na noite desta terça-feira (17), mais um caso foi registrado na Central de Flagrantes de Cuiabá e três homens foram presos.

A vítima, de 22 anos, havia comprado uma televisão no começo do mês, dentro de uma loja na Capital e, quando foi pegá-la no setor de pacote, não tinha nada sobre o suposto vendedor, ou a venda.

A vítima ainda tentou ir atrás do suspeito, que já tinha ido embora com seu dinheiro, R$ 600. Ela então armou uma forma de pegar o estelionatário.

Nesta terça-feira, a vítima simulou, através de uma amiga, que iria comprar outra televisão do estelionatário, de 40 anos. A amiga fez toda negociação e eles marcaram um local de encontro, no Bairro Jardim Florianópolis.

Alguns minutos depois, ele ligou e pediu que o encontro fosse no terminal do Bairro CPA I. O suspeito foi ao local com outras duas pessoas.

Ao chegar ao terminal, eles notaram que a vítima não estava sozinha, entraram no carro e tentaram fugir. O pai da mulher perseguiu os suspeitos até a Avenida do CPA, viu a equipe da Rotam e relatou o acontecido.

Os três suspeitos foram presos, sendo que um tentou fugir entrando no Hospital de Câncer de Mato Grosso. Dentro do veículo foi encontrada uma caixa de televisão, com tijolos e isopor.

Casos como esse, em que a pessoa recebe um tijolo no lugar do equipamento comprado são bem comuns, segundo o delegado Douglas Turíbio, principalmente em compras de celular pela internet, em sites não confiáveis.

Ele alertou que as pessoas precisam tomar mais cuidado e ser mais desconfiadas, “senão você vai entrar mesmo. Porque o estelionatário tem conversa muito boa, ele aprende a com muita facilidade levar você no papo”, disse.

“A pressa é altamente beneficiária para o elemento que quer praticar o estelionato e muito ruim para quem é a vítima”

“É preciso um pouco de atenção, temeridade, paciência para poder enxergar lá na frente. Não precisa ter pressa para fechar o negócio. Essa pressa é altamente beneficiária para o elemento que quer praticar o estelionato e muito ruim para quem é a vítima”, completou.

Ele contou um exemplo de uma senhora de mais de 70 anos de idade, que não pôde citar o nome, que já aplicou mais de R$ 200 mil em golpes em Cuiabá e Várzea Grande. Diversas vítimas da idosa foram até a delegacia e ela já está indiciada por estelionato.

Casos em 2017

Alguns casos em Cuiabá ganharam notoriedade após vir a público. Um deles foi o de uma organizadora de eventos. Cerca de 20 casais se juntaram e a denunciaram, em julho deste ano, afirmando que ela não respondia o contato deles, não entregou o que foi pago e em um dos casos até tentou cobrar duas vezes pela festa de casamento.

“Teve inclusive uma associação aqui de Cuiabá, que foi vítima dessa moça. A associação pagou a ela para fazer uma festa, que foi realizada, mas ela não pagou algumas partes. Ela pegou o dinheiro e embolsou para ela. Isso é estelionato, porque ela obteve para si vantagem ilícita”, disse o delegado.

À época, a cerimonialista disse que iria processar os noivos por postarem mentiras nas redes sociais.

Ednilson Aguiar/O Livre

Delegado Douglas Turíbio

O delegado frisou a importância de denunciar estes crimes

Outro caso lembrado pelo delegado foi o do falso médico que deu um golpe de R$ 70 mil em uma proprietária de uma casa de câmbio. O caso aconteceu em agosto deste ano.

O suspeito ligou para a vítima dizendo que ele e alguns médicos precisavam trocar U$$ 20 mil para uma viagem. Ele convenceu a vítima de que, por ser um valor elevado, deveriam fazer a troca em um local mais seguro e marcaram em um consultório no edifício Santa Rosa Tower, ao lado do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.

Após pegar os dólares, o homem disse que iria guardá-los e já retornava com o real. Porém, saiu do prédio e desapareceu.

Segundo o delegado Douglas Turibio, ele chega a receber de 10 a 20 casos de estelionato por dia. E frisou a importância de que todos esses casos sejam denunciados, visto que só com isso o estelionatário pode vir a ser encontrado e preso.

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