Aprosoja MT
Avião despeja defensivos em lavoura no interior de Mato Grosso
O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou um inquérito para apurar a possível relação entre o aumento de doenças na região do Vale do Arinos e a utilização de agrotóxicos por parte dos produtores rurais da região. De acordo com o MPE, a região apresenta números “alarmantes” de problemas no aparelho urinário e no sistema digestivo.
O inquérito foi instaurado pelo promotor Alexandre de Matos Guedes, da 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Cuiabá. Cinco cidades estão no escopo da investigação: Juara, Nova Maringá, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, São José do Rio Claro e Tabaporã.
O promotor tomou como base o Relatório Anual de Gestão (RAG) da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, feito em conjunto com o Departamento de Informática do SUS (DataSUS). Guedes afirma que o aumento no número de internações pode estar relacionado com contaminações diretas ou indiretas por agrotóxicos.
O MPE requereu informações, e ações, por parte da Secretaria Estadual de Saúde (SES), da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
Ednilson Aguiar/O Livre
Ministério Público investiga relação entre aumento das doenças e agrotóxicos
O crescimento mais expressivo ocorreu em Tabaporã (647 km de Cuiabá). As doenças relacionadas ao sistema digestivo tiveram crescimento de mais de 1.000% entre 2013 e 2016. Ao todo, 6 casos foram registrados em 2013, passando para 63 no ano passado. As internações por problemas urinários tiveram apenas 11 registros em 2013. Já no ano de 2016, foram registradas 57, contabilizando 518% de aumento no número de casos.
Em Juara (696 km de Cuiabá), munícipio mais populoso dos seis investigados, os problemas urinários cresceram 60% nos últimos quatro anos pesquisados pelo Ministério da Saúde, saindo de 79 em 2013 para 127 registrados em 2016. Os problemas no sistema digestivo dos juarenses praticamente dobraram: em 2013 foram 111 internações contra 203 em 2016.
Na cidade também chama a atenção o número de mortes. Em 2013 quatro pessoas vieram a óbito por problemas urinários e sete mortes ocorreram por doenças no sistema digestivo. Já em 2015, houve outras três mortes por problemas urinários e mais sete óbitos por doenças no sistema digestivo.
Em Porto dos Gaúchos (654 km de Cuiabá) as doenças urinárias cresceram 167% no mesmo período, enquanto os problemas do sistema digestivo cresceram 150%.
O Livre
Negligência do Poder Público
O promotor afirma que podem existir “prováveis situações de negligência dos órgãos de fiscalização ambiental quanto ao uso de fertilizantes e agrotóxicos” e também dos “órgãos de controle de vigilância sanitária e de saúde” na região. A falta de acompanhamento dos entes públicos poderia ocasionar lesão ao direito à saúde, garantido por lei à população.
Cenipa/Divulgação
Pulverização em plantação
Em Nova Maringá (373 km de Cuiabá), 15 internações foram registradas em 2013 por doenças no sistema urinário, frente a 17 em 2016. Os problemas no sistema digestivo aumentaram 56%, com um crescimento de 16 para 25 casos.
No município de Novo Horizonte do Norte (673 km de Cuiabá), os problemas urinários foram de 17, em 2013, para 19, em 2016. As doenças do sistema digestivo aumentaram de 20 para 35 no período.
Enquanto isso, em São José do Rio Claro (319 km de Cuiabá) 74 casos de problemas no sistema urinário foram registrados em 2013 contra 80 em 2016. Os problemas no sistema digestivo da população do município registraram a única queda: 150 internações foram registradas em 2013, enquanto no último ano o número caiu para 111.
