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A fraude dos cliques: entenda como bots estão “invadindo” e “saqueando” a internet

Bom, não os bots né?! Mas as pessoas por trás deles

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A fraude dos cliques: entenda como bots estão “invadindo” e “saqueando” a internet
(Foto: Kindel Media / Pexels)

Cerca de 50% de todo o tráfego da internet é feito por bots. É como se, para cada pessoa que você visse  caminhando na rua, houvesse também um robô – e eles podem ser de vários tipos – solto por aí, executando alguma tarefa.

Esses bots são responsáveis por quase 20% de todos os cliques registrados ao longo de um dia na rede mundial de computadores. E a presença desses robôs só cresce. Para cada 10 que existiam em 2022, surgiram mais 3 no ano seguinte.

E daí você pode estar se perguntando: por que a internet está cheia desses bots?

A resposta óbvia é: porque isso dá dinheiro. E, sim, muitas vezes, se trata de uma fraude!

A fraude dos cliques

Uma parte dos prejudicados por essa fraude dos cliques são empresários que fazem anúncios na internet. Uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia Cheq descobriu que 4% da renda de quem anuncia um produto na internet pode estar sendo desperdiçada com cliques falsos desses bots.

Estima-se, inclusive, que 20% dos sites que veiculam anúncios na internet sejam acessados exclusivamente por  robôs.

Caso você não saiba, o modelo de negócio de anúncios na internet funciona assim:

  • quem quer anunciar contrata um serviço que distribui esses anúncios em vários sites
  • esse serviço “contrata” vários sites para mostrar esses anúncios
  • quem anunciou paga ao serviço de distribuição, que repassa 68% do valor para o site que mostrou o anúncio

E a fraude ocorre porque o valor a ser pago é calculado de duas formas:

  • a cada clique no anúncio
  • a cada 1 mil exibições desse anúncio

Ou seja, se quem anunciou “combinou” com o serviço de distribuição de pagar R$ 1 por cada clique no anúncio; quem teve o site “contratado” para mostrar esse anúncio está recebendo R$ 0,68 cada vez que um visitante clicar nesse anúncio.

E daí começa o problema: nem sempre o clique é de um ser humano, possível comprador do produto anunciado.

Como os bots funcionam?

Então, só pra deixar claro: um bot é um programa de computador projetado para realizar uma determinada tarefa de forma autônoma. No caso dos bots de cliques, eles são criados para acessar sites e clicar em determinados elementos que podem ser: anúncios, botões de download ou links.

Como já era de se esperar, esses bots podem fazer isso várias e várias vezes no dia, em intervalos de tempo determinados.

Parece bobo à primeira vista, mas uma pesquisa da empresa britânica Juniper Research estimou que, só em 2022, esse tipo de fraude poderia resultar num prejuízo de US$ 68 bilhões no mundo todo.

Algumas empresas que distribuem anúncios na internet, como a Google, têm mecanismos para identificar esses bots e seus cliques falsos. Mas, claro que, quem projeta os bots também busca aperfeiçoá-los.

Alguns são programados para parecerem humanos, simulando atividades que uma pessoa real faria no site, como movimentos do mouse, pausas aleatórias e variar o tempo entre um clique e outro.

Quanto mais sofisticado for esse sistema, mais difícil de ser descoberto.

Bots de compras

E se você acha que um usuário “comum” da internet está livre de prejuízo, se enganou. Outro tipo comum de robôs online são os bots de compras.

Eles são programados para vasculhar e-commerces em busca dos menores preços e efetuar a compra de produtos.

Sabe aquele produto em promoção que se esgota em minutos na Black Friday, por exemplo? Provavelmente, os robôs compraram todas as unidades antes de humanos.

De acordo com um reportagem da BBC, em 2020, o estoque de uma placa de vídeo usada para jogos em computadores se esgotou em menos de um segundo após o lançamento. Sim, um segundo! Eu não escrevi errado.

E um “fenômeno” semelhante ocorreu no lançamento de videogames como o PlayStation 5 e o Xbox Series X. Naquele ano, era quase impossível encontrá-los em lojas online “comuns”, mas havia vários à venda, por um preço inflacionado (claro!) em sites de revenda de produtos.

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