O Ministério Público Estadual pediu o afastamento imediato do cargo do secretário de Comunicação do Estado, o jornalista Kleber Lima. Em denúncia feita por servidores efetivos, Kleber está sendo acusado de abuso moral, sexual e improbidade administrativa.
A informação foi dada pelo jornal MTTV, 1ª edição da TVCA, nesta quinta-feira (07). Kleber ainda teria, segundo a TVCA, ameaçado grampear servidores. O MP confirmou ao LIVRE o pedido de afastamento.
Investigação
O secretário está sendo investigado pela Polícia Civil por ter supostamente utilizado a estrutura do governo para favorecer a imagem pessoal do governador Pedro Taques (PSDB). Kleber nega as acusações e afirma que somente irá se manifestar quando tiver acesso às denúncias.
Três servidores de carreira do Estado denunciaram o secretário. Eles afirmam que o Gabinete de Comunicação (Gcom) passou a utilizar o nome do governador em quase todos seus materiais. A prática feriria o princípio da impessoalidade na administração pública, já que o órgão deveria servir ao Estado e não a um grupo político.
Áudios gravados pelos servidores mostram discussões deles com Kleber nas quais são questionadas as estratégias de comunicação do governo do Estado.
A reportagem trouxe áudios de depoimentos dos servidores públicos concursados. Em um deles, uma servidora que não foi identificada relata uma suposta tentativa de Kleber Lima de beijá-la na copa do Gcom. Conforme a gravação, ele teria dito, segundo a servidora: “você nunca me deu um beijo” e em seguida teria passado o braço pela cintura da servidora.
Outro servidor endossou o depoimento da colega. “Ele tem um forma estranha de se relacionar com as mulheres, meio inadequada”, disse.
Um terceiro servidor relatou que estaria com medo e teria avisado a família e até a Defensoria Pública em relação às ameaças sofridas no trabalho.
Em outro trecho das gravações entregues pelos servidores, Kleber Lima ameaçaria pedir para a Polícia Militar grampear os telefones deles, depois que informações da secretaria teriam sido vazadas.
Segundo a assessoria do MP, não se trata de denúncia, mas de uma ação civil pública assinada pelo Núcleo do Patrimônio composto pelos promotores Mauro Zaque, André Luiz, Ednaldo Coelho e Aparecido Turin.
Ainda segundo a assessoria, quem conduziu as investigações foi o promotor Mauro Zaque, que denúnciou um esquema de grampos ilegais dentro da Polícia Militar no estado, que teria, de acordo com o promotor, sob comando do ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques.
Segundo conteúdo da ação, ao qual a TVCA teve acesso, minutos após ser informado de que existia um pedido de investigação, o secretário teria encaminhado em um grupo de whatsapp com mais de 100 jornalistas vinculados ao governo uma imagem do documento, com a seguinte frase: “Tô curioso para saber o conteúdo”. A exposição teria constrangido ainda mais os servidores que o denunciaram.
Além do afastamento imediato do cargo, o MP pediu multa e que parte do valor desta seja destinada ao Conselho do Estado de Direito das Mulheres.
Outro lado
O advogado do secretário Kleber Lima, Paulo Fabrini Medeiros, disse que as acusações são “absurdas e infundadas”. E que vai provar que nunca houve atos de improbidade, abuso moral ou sexual por parte do secretário.