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Gari veste farda para defender TCC sobre invisibilidade social da profissão

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Gari veste farda para defender TCC sobre invisibilidade social da profissão

A história de superação de Ednilson Silva certamente traz um ponto importantíssimo a ser discutido: a invisibilidade social.

Em 2013, trabalhando como gari concursado em Pirpirituba, município localizado no Brejo da Paraíba, Ednilson decidiu entrar no ensino superior. Foi aprovado no curso de História da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e seguiu trabalhando e estudando durante cinco anos.

Agora, neste mês de junho, o homem defendeu seu TCC cujo tema foi a “invisibilidade” de garis e outros trabalhadores silenciosos e ignorados. O rapaz vestiu a farda no momento da defesa da tese.

“É notório no campus: as pessoas que exercem a função de policial, vão fardadas; pessoas que fazem medicina ou enfermagem, vão de jaleco. Por que um gari não pode ir (fardado)? Eu digo ‘eu vou apresentar, vou ter coragem e eu vou. Para dar mais visibilidade também ao tema e aos garis’”, destacou.

Infelizmente, no começo do curso, Ednilson tinha vergonha da profissão e não mostrava a todos o seu ofício. Porém, como visto, sua ideia se reformulou.

“Depois eu percebi a importância social que tem a profissão. Hoje me identifico com ela e gosto do que faço. Eles [os colegas e professores] ficaram felizes. Ficaram ‘ah, que massa a sua história’. Até hoje eles se surpreendem, antes mesmo dessa repercussão eles já vibravam com meu TCC”, afirmou.

Em 2006, como o homem não havia conseguido a nota necessária para entrar em instituições de ensino superior, decidiu trilhar os caminhos do pai, também gari.

“Eu fiquei pensando: meu pai é gari, me sustenta até hoje, a gente vive do salário dele como gari. Um trabalho digno, honesto. Eu digo ‘vou fazer (o concurso) pra gari também, que eu tenho mais chances’. E depois [de aprovado] eu comecei a gostar da profissão. No começo eu tive vergonha, ficava meio acanhado”, afirmou.

Durante o curso, Ednilson precisou conciliar o emprego de manhã com os estudos à tarde, além da vida em família, já que é casado e tem uma filha de 2 anos e cinco meses. Embora se identificasse com a área de história, ele comentou, em meio a uma risada sincera, que essa tarefa não foi nada fácil.

“No começo não foi muito bom, não. Tinha essa carga de leitura, eu estava meio enferrujado. Comecei patinando, devagarinho, mas fui me acostumando, aí depois você desenrola, vai conseguindo, levando. E eu sempre gosto de ler, principalmente história. Eu acho que foi o curso perfeito”, conclui.

Com a data da colação de grau marcada para julho, Ednilson continuará trabalhando como gari, entretanto, afirmou que espera dar continuidade ao estudo, aprofundá-lo, em um mestrado e, futuramente, no doutorado, além de pensar em ser professor.

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