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Ex-procurador diz que Nadaf comandou desapropriação

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Ex-procurador diz que Nadaf comandou desapropriação

Ednilson Aguiar/O Livre

O procurador Chico Lima presta depoimento na Operação Sodoma

Ex-procurador do Estado Chico Lima, que presta depoimento nesta tarde sobre a Operação Sodoma

Ex-procurador do Estado e um dos réus da ação penal oriunda da quarta fase da operação Sodoma, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, disse que não tinha autonomia junto ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e que quem comandou toda a operação da desapropriação de uma área no Jardim Liberdade, em Cuiabá, foi o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf.

As afirmações foram feitas no início da tarde desta sexta-feira (28), em depoimento à juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda. O esquema investigado é de um suposto desvio de aproximadamente R$ 15 milhões dos cerca de R$ 31 milhões pagos pelo Estado a título de indenização pelo terreno.

“O grupo do governador era o Pedro Nadaf”, afirmou, em referência as afirmações de que o dinheiro desviado seria destinado ao grupo político comandado por Silval Barbosa.

À magistrada, Chico Lima reconheceu ter recebido dinheiro de Filinto Müller – apontado pelo Ministério Público de ter lavado o dinheiro desviado da desapropriação. Afirmou, todavia, que o valor – aproximadamente R$ 680 mil – correspondia a uma dívida que o empresário tinha com ele.

“Se confundiu um pouco porque ele não queria me pagar. Ele vinha protelando e isso [a desapropriação] foi uma maneira de ele me pagar. (…) Meu interesse era receber o dinheiro que o Filinto tinha comigo. Eu sabia que ele estava quebrado, comprando cheque roubado na praça”, disse.

O ex-procurador reconheceu ainda que foi ele quem escolheu Filinto para participar do esquema. Negou, todavia, que tenha orientado ele a criar uma empresa de fachada para lavar o dinheiro.

“O Filinto era uma pessoa que tinha seis empresas. Você acha que para uma pessoa descolada do sistema financeiro como ele eu que ia sugerir a criação de uma empresa de fachada? Claro que não!”, pontuou.

O “retorno” e os envolvidos
Sobre seu envolvimento no caso, Chico Lima afirmou que conhecia Antônio Carvalho, proprietário do terreno, desde a década de 1980. Segundo ele, durante um encontro casual dos dois, Carvalho lhe contou do processo de desapropriação, conforme, parado há 17 anos na Procuradoria Geral do Estado.

“Era uma invasão e o Estado dizia que tinha o título, que tinha um deslocamento, era uma demanda judicial. Mas o Estado perdeu”, explicou, completando ter se comprometido com o empresário de verificar a situação do processo.

Tempos mais tarde, ainda conforme Chico Lima, em 2011, Carvalho voltou a lhe procurar, afirmando precisar receber o dinheiro. A partir daí, disse o ex-procurador, ele próprio passou a cuidar do caso. Foi, no entanto, abordado pelo ex-secretário Pedro Nadaf, que teria dito que assumiria a continuidade do processo, já que “tinha umas contas para pagar”.

De acordo com Chico Lima, foi o próprio Nadaf, em uma reunião com ele e com Antônio Carvalho, quem informou o proprietário do terreno que precisava haver “um retorno” para a desapropriação ocorrer.

Ainda segundo Chico Lima, o próximo passo foi a realização de uma reunião, da qual ele, Nadaf e o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, participaram. No encontro, o ex-secretário teria explicado como seria feita a “devolução” do recurso desviado: R$ 10 milhões ao empresário Valdir Piran, 3% à factoring de Filinto Muller e o restante para o próprio Nadaf.

Lima sustentou ainda que Afonso Dalberto recebeu parte do dinheiro, cerca de R$ 600 mil. Não confirmou, todavia, a suposto envolvimento dos ex-secretários Arnaldo Alves e marcel de Cursi no esquema.

(Mais informações em instantes)

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