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Em tempos de coronavírus, médico se divide entre hospitais e tira-dúvidas no Facebook

Ele orienta se é preciso ou não ir ao pronto-atendimento: "Não te cobrarei nada. Não saia de casa"

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Em tempos de coronavírus, médico se divide entre hospitais e tira-dúvidas no Facebook
Mesmo realizando atendimento em vários pontos da cidade, o médico abriu espaço na agenda para atuar voluntariamente

Em tempos de ansiedade e medo, o espírito colaborativo tem tomado vulto na capital mato-grossense e impulsionado ações afirmativas que fazem a diferença, inspiram novas iniciativas e merecem ser noticiadas.

Preocupado com as aglomerações, superlotação dos pronto-atendimentos e notícias falsas que têm recebido por mensagens de aplicativo, o médico Leanndro Mansur Bumlai está tirando dúvidas via mensagem no Facebook.

O especialista em infectologia pelo Hospital Júlio Müller, da UFMT, utilizou o seu perfil para divulgar o atendimento. Logo que seu post começou a ser compartilhado, pipocaram contatos. Era meia-noite quando ele já falava, ao mesmo tempo, com mais de dez pessoas.

“Atenção, sou médico infectologista. Se você tiver sintomas sugestivos do novo coronavírus, como febre e tosse seca, fique à vontade para falar comigo por aqui”.

E assim ele orienta sobre a necessidade de ir ou não ao pronto-atendimento. “Não te cobrarei nada. Não saia de casa. Mesmo doente. Só saia se tiver sintomas graves”, diz ele em seu alerta.

O médico de 29 anos, que fez residência no hospital totalmente voltado ao SUS, estava habituado a receber pessoas que eram orientadas mesmo sem ter consulta agendada.

Além disso, ele tem se preocupado com o volume de notícias falsas que têm recebido em aplicativos de mensagens.

Áudios trazem informações falsas

“Hoje, por exemplo, recebi um áudio sobre dois óbitos no Júlio Müller e 11 casos internados. Isso é mentira. Não tem nenhum caso lá e nenhuma confirmação ainda”.

Segundo ele, notícias como essa fazem alarde e impulsionam pessoas a ir ao pronto-atendimento para pedir exame de coronavírus.

“Mas muitas delas estão bem. No máximo com uma tosse seca e irritativa, sem sinais de alarme que é falta de ar, febre alta que não melhora com medicações”.

Segundo Bumlai, se o paciente tem sugestivos de coronavírus – mas está bem -, não precisa urgentemente procurar o pronto-atendimento para realizar o exame, e sim ficar em casa.

“Hidratar-se, tomar remédios para febre e realizar a higiene correta das mãos com água e sabão, álcool gel 70% ou hipoclorito de sódio (água sanitária). Uma solução com 1 porção de água sanitária para 9 porções de água limpa”.

Casos graves são priorizados

E ressalta: “um pedaço de papel com exame positivo não muda em nada a evolução da doença, para as pessoas que estão bem”.

Como não há tratamento especifico, ele recomenda apenas repouso e isolamento associado à higiene.

“Devido à falta de kit para realizar o exame em nosso Estado, devemos priorizar o exame para os pacientes que estão graves, que irão internar”.

Nada de se automedicar

E ele aproveita para alertar sobre a intenção de compra do remédio da malária (hidroxicloroquina associado ao antibiótico azitromicina).

“É promissor, mas faltam análises ainda. Esta combinação de remédios aumenta – e muito – o risco de arritmias cardíacas. Usaremos apenas em pacientes extremamente graves”.

Para quem não apresenta nenhum sintoma e estiver em contato com algum paciente que teve diagnóstico de coronavírus, deve isolar-se em casa por sete dias e observar se os sintomas surgirem.

“Se não tiver sintomas, não deverá realizar o exame para o coronavírus de modo algum, pois não há necessidade”.

Com uma rotina intensa, ele trabalha na enfermaria da Santa Casa, na Unidade Coronariana do Hospital Municipal, na UTI do Hospital Geral e Pronto-Atendimento do Hospital Santa Rosa e ainda arrumou tempo para o atendimento virtual.

Ele se adianta a uma semana que pode ser de muita apreensão, pois é possível que os casos confirmados sejam mais numerosos com as confirmações sendo realizadas no Lacen, em Cuiabá.

“Depois do post, já recebi centenas de notificações e neste momento que falo com você estou falando com mais dez pessoas. Uma pessoa, em especial, tem tuberculose e me pergunta sobre os riscos. Neste caso, é alto o risco. Estou orientando”.

Com poucas horas de campanha, a colega infectologista, a médica Janaína da Cruz Mendonça, compartilhou o mesmo post para fazer o mesmo: esclarecer dúvidas sobre os sintomas do coronavírus.

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