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Dono de terreno confirma desvio para grupo de Silval

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Dono de terreno confirma desvio para grupo de Silval

O sócio da Santorini Empreendimentos, Antônio Rodrigues Carvalho, confirmou nesta tarde à Justiça que teve que devolver metade dos R$ 31,7 milhões que recebeu do governo do Estado pela desapropriação da área que possuía no Jardim Liberdade, durante o governo de Silval Barbosa.

Em depoimento à juíza Selma Arruda, da 7ª vara criminal de Cuiabá, Carvalho disse que a operação lhe causou um prejuízo que estima em R$ 134 milhões. “Se eu tivesse um loteamento, teria obtido uma uma receita de 150 milhões por esta área. Seriam cerca de 3000 lotes”, afirmou.

“Se eu tivesse um loteamento, teria obtido uma uma receita de 150 milhões por esta área. Seriam cerca de 3000 lotes”

Carvalho disse que tinha a posse de uma área que foi alvo de invasão em 1986. O primeiro pedido de reintegração de posse, afirmou, foi feito à prefeitura no ano seguinte.

“Eu consegui tirar 800 famílias, e depois eles invadiram a área novamente. Na segunda vez, eu pedi a reintegração novamente. Na terceira vez, não tive condições financeiras de pedir. Me foi falado então que iria ser feita a desapropriação, que era pra eu deixar essas pessoas lá”, contou.

A situação foi levada à Justiça e, por fim, Carvalho conta que teve o seu direito à área reconhecido.”Eu pedi que fosse feita a desapropriação, pois naquela altura já havia sido urbanizada a área (…) estava passando por um período de saúde difícil e precisava receber isso”, afirmou.

Chico Lima

Em dificuldades para obter a compensação, o proprietário contou que entrou em contato em 2013 com um amigo que havia se oferecido para auxiliá-lo em demandas relacionadas ao governo: o procurador do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima.

No ano seguinte, de acordo com o depoimento, Chico Lima o procurou para dizer o processo estava encaminhado e que “o Estado estava pronto para pagar”. Ele foi então orientado a marcar uma reunião com o então secretário de Fazenda, Marcel de Cursi.

Na reunião, segundo Carvalho, De Cursi propôs que a desapropriação fosse paga em 12 parcelas, sendo que metade do valor retornaria ao grupo. “[Marcel] Disse que seria assim ou por precatórios, que iriam demorar muito. Eu tinha pressa para receber pois estava ruim de saúde devido a uma trombose”, afirmou.

Carvalho disse que  saiu da reunião “chateado” pois tinha sido vitorioso no TJ, mas resolveu que precisava aceitar o acordo. “Pelo menos eu resolvo a minha vida”, contou.

Esquema

Na confissão que entregou à Justiça no mês de junho, Silval disse que a compra da área por parte do governo do Estado, no valor de R$ 31,7 milhões, foi superfaturada para desviar dinheiro. O ex-governador disse que a operação visava quitar uma dívida com Valdir Piran decorrente de empréstimos tomados na campanha. Com a negociata, conseguiu levantar R$ 10 milhões. Segundo a confissão, foram beneficiados com propina Pedro Nadaf, Chico Lima e Afonso Dalberto.

A fraude também foi confirmada pelo ex-secretário Pedro Nadaf, que inclusive relatou o episódio em que Valdir Piran foi até o Palácio Paiaguás cobrar o então governador. “Piran começou a falar que Silval era um pilantra, que não pagava. Ele então pegou uma cadeira e partiu pra cima de Silval que saiu correndo da sala, enquanto o Piran caiu no chão no meio da confusão”, contou Nadaf.

Na versão de Nadaf, o valor pago pelo terreno — R$ 31,7 milhões — foi assim dividido: R$ 15 milhões para a Santorini Empreendimentos, proprietária da área, R$ 10 milhões para quitar a dívida com Piran, R$ 600 mil para o empresário Filinto Muller (que também confessou o esquema) e R$ 4,4 milhões para o grupo de Silval.

 

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