O despreparo na condução de testes rápidos para o diagnóstico da covid-19 pode estar causando divergência sobre o número de óbitos em Mato Grosso. O problema foi apontado pelo secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, nesta terça-feira (26).
Esse conflito de avaliações seria o motivo entre as diferenças nos números compilados pelo governo e os municípios e, pontualmente, também de contestação de familiares sobre a causa da morte de algumas vítimas.
O secretário afirma que os testes rápidos não dispõem de garantia suficiente de identificação da infecção por coronavírus e que os resultados que chegam à Secretaria de Estado de Saúde (SES) são reexaminados pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso (Lacen-MT).
“Os testes rápidos têm uma variação de 10% a 44% de chances de erro no diagnóstico. Essa variação é muito grande para ser considerada como um resultado conclusivo. Por isso, os exames são passados pelo teste RT-PCR”, ele afirmou.
Conforme o secretário, “vários municípios” já adotaram os testes rápidos para a verificação do contágio. Essa frente estaria gerando contagens conflituosas, com os compilados das secretarias municipais mais elevados que o da secretaria estadual.
“A própria doença só é possível verificar cerca de 10 dias após o início dos sintomas. Qualquer teste que foi realizado antes desse período pode dar resultado negativo, ou seja, o paciente acha que não está infectado, mas o vírus já está instalado, e ele [o paciente] por aí, como se não tivesse nada”, explica.
Perdas mais doloridas
A divergência de resultados também tem gerado contestação por parte de familiares das pessoas que morrem em Mato Grosso com sintomas de síndrome respiratória aguda grave (SRGA).
A maioria reclama que os testes positivos para covid-19 endossados pela SES não corresponde à causa real da morte de seus parentes. Conforme Gilberto Figueiredo, a reclamação está relacionada à mudança de protocolado de funeral para as vítimas fatais do coronavírus.
“Se a pessoa morre com diagnóstico da covid-19, todo um protocolo [para o enterro] diferente do tradicional tem sido adotado, por medida sanitária. E isso causa desconforto dos familiares, que não têm tempo para se despedir e homenagear seu ente querido”, ele justifica.
Os funerais em Mato Grosso foram encurtados e tiveram o número de pessoas reduzido. As cerimônias podem ser realizadas por até quatro horas e com limite de 10 pessoas por vez.
“Além disso, os caixões são enterrados lacrados e os familiares acompanham de longe o enterro. Tudo isso é diferente da maneira mais tradicional de velar o corpo por 24 horas para se despedir”, disse o secretário.