As movimentações para o novo governo federal começaram e os políticos já se mexem no tabuleiro de base ou oposição. A equipe de transição para o mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta atrair no Congresso os partidos do centro, como União Brasil, MDB, e o próprio PL, para o seu lado.
As negociações podem mexer com toda a bancada de Mato Grosso na Câmara Federal, pois os deputados federais eleitos são filiados aos três partidos. A avaliação de analistas é que os parlamentares terão uma representação mais à direita, mas sem resistência ao governo de Lula.
União Brasil
O presidente estadual do União, Fábio Garcia, diz que buscará a independência no seu mandato, mas não declarou oposição sistemática. Garcia diz ter alguns temas que considera “inegociáveis”, como a entrada do debate de gênero nas escolas e o aumento da máquina.
“Eu vou trabalhar para reduzir a carga pública para os mato-grossenses e para os brasileiros, em geral. Vou buscar a independência para fazer isso, com assuntos que para mim são inegociáveis. Não vou defender o aumento de impostos, nem dos gastos, também não vou votar a favor de que as escolas passem a discutir a questão de gêneros. Ademais, o que for bom para Mato Grosso, para o Brasil, nós vamos discutir”, afirmou.
Outros membros do União em Mato Grosso também disseram que não vão participar de “oposição pela oposição”. O governador Mauro Mendes afirmou que deve seguir a orientação nacional da sigla e evitar atrito persistente.
“Fazer oposição por oposição não funciona. Torcer contra governador, prefeito ou presidente é torcer contra o seu país, contra a sua nação, contra nós mesmos”, disse.
PL
O senador Wellington Fagundes, presidente do PL em Mato Grosso, também disse que irá seguir a orientação nacional do partido. Porém, os liberais estão divididos ainda sobre qual posição tomar.
O presidente nacional, Valdemar da Costa, disse que o partido fará oposição, mas deixará espaço para votar algumas pautas que devem ser propostas por Lula. O assunto, contudo, não é consenso.
Wellington Fagundes evitou comentar o resultado das eleições no segundo turno e também as manifestações que ocorrem no país desde no último dia 30. O senador tem histórico de apoio ao governo do PT nas gestões do próprio Lula e de Dilma Rousseff.
Agora, ele está à frente do diretório cuja bancada na Câmara Federal será a maior nos próximos anos. Em vídeo postado nas redes sociais esta semana ele disse que “está junto com Bolsonaro”.
MDB
No MDB, o deputado federal reeleito Emanuelzinho fez campanha para Lula e diz ver como válida a tentativa do novo governo de atrair novos aliados para a base.
“Lula precisa de governabilidade, claro que dentro dos princípios republicanos, para uma visão de estado, de governo. A maioria da bancada [nacional] do MDB deve apoiar o governo. Ele precisa disso para aprovar PEC (Proposta de Emenda à Constituição), fazer a reforma tributária”, disse.
O seu colega de partido, Juarez Costa, escolhido esta semana como o novo coordenador da bancada de Mato Grosso, fez campanha para Bolsonaro. No entanto, o MDB foi um dos primeiros a declarar apoio a Lula e a entrada na base de apoio, com a participação de Simone Tebet na equipe de transição.